Magic: the Gathering

Deck Guide

Chama o Juiz! Vamos falar de TEMPO?

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Neste artigo, o juiz Antonio Faillace fala de uma das maiores diferenças entre o Magic Presencial e o Digital - o uso do TEMPO nas partidas! Como cada forma de Magic é afetada pelo "relógio" do jogo?

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revised by Tabata Marques

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Olá, pessoal!

Nos dois primeiros artigos aqui para a CardsRealm eu falei sobre os documentos de regras e qual contribuição cada um deles traz para a compreensão do jogo e dos eventos.

Na próxima sequência de artigos, pensei em desenvolver um pouco mais sobre as diferenças “técnicas” do jogo presencial (ou “tabletop magic”) do jogo online (ou “digital magic”). Mas já adianto: a ideia dos artigos NÃO É criar controvérsias, debater se algum é melhor/pior que o outro, etc. A ideia é apenas expor algumas diferenças importantes, especialmente se você é alguém que só tem contato em um aspecto do jogo e pretende aventurar-se no outro futuramente (seja do digital para o tabletop, ou vice-versa).

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Vamos ao nosso assunto de hoje: gerenciamento do TEMPO, ou do “relógio” do jogo, se você preferir.

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Nos eventos de Magic, a menos que exista alguma regra/determinação específica do organizador, normalmente vai se usar o pareamento “Suíço” (ou seja, participantes com pontuação igual irão se enfrentar, prioritariamente). O número de rodadas será determinado pelo número de participantes, e se necessário pode existir um “corte” para um eliminatório final (normalmente as 4 ou 8 melhores pontuações do torneio). Até aqui, funciona igual tanto para eventos presenciais como para eventos digitais.

Na questão do tempo da rodada é que vemos uma grande diferença, talvez a maior de todas em termos de logística dos torneios de Magic: nos eventos presenciais, o relógio da rodada é compartilhado entre os jogadores de uma partida (ou seja, o tempo “corre” ao mesmo tempo para os dois, não importa quem está com a prioridade), enquanto no online cada jogador tem um relógio separado (ou seja, apenas o jogador que está com a prioridade tem seu cronômetro reduzido até que “passe” a prioridade).

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Vamos entender porque essa diferença tão marcante existe: imagina que você e seu oponente se sentam à mesa para jogar, rolam um dado pra ver quem começa (você ganha e escolhe começar). Vocês compram a mão inicial, nenhum mulligan. É o seu primeiro turno, você desce um terreno e passa. Até aqui, digamos que transcorreram 15 segundos do tempo da rodada (que normalmente é de 50 minutos, ou seja, o relógio agora marca 49:45).

Parece que nada de mais aconteceu, mas nesse singelo procedimento pré-jogo e nesse primeiro turno sem qualquer “grande” jogada, você e seu oponente passaram a prioridade pelo menos OITO vezes! Duvida? Vamos contar: você anunciou ficar com a mão inicial (1), seu oponente também (2), você iniciou seu turno e não fez nada na manutenção (3), nem seu oponente (4), você desceu o terreno na fase principal e passou (5), seu oponente também passou (6), você entrou na fase final e passou (7), seu oponente também (8), e só aí começou o turno do seu oponente!

Então, desses 15 segundinhos que já passaram, é bastante difícil mensurar num evento presencial quanto tempo cada jogador “usou”. Por isso, o tempo é compartilhado - é uma forma simples de manter os 2 jogadores responsáveis pelo uso cadenciado e justo do tempo, mas sem criar ônus “extras” como, por exemplo, o uso de um “relógio de xadrez”. No digital, como a própria máquina consegue registrar quem está com a prioridade, ela mesma gerencia cada jogador e deduz o tempo de acordo.

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Claro, isso gera uma diferença enorme em como o jogo é jogado. Na forma digital, existe uma “pressão” para que você faça logo suas jogadas justamente para ter um uso eficiente do relógio. A lógica é, se você fizer suas jogadas rapidamente, poderá usar o tempo “do oponente” para pensar - ou seja, você acaba “ganhando” mais tempo, pois além do seu cronômetro você está se valendo também do cronômetro do oponente. Já no presencial, um ritmo de jogo lento é prejudicial para ambos jogadores - até por isso existem penalidades/punições, juízes para acompanhar as partidas, etc. Aliás, importante lembrar: num evento presencial, os juízes são um recurso à disposição dos participantes - tanto quanto um papel para fazer anotações, marcadores, etc. Não tenha vergonha de usar esse recurso! Chame um juiz sempre que achar relevante ou quando tiver alguma dúvida na sua partida.

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Para finalizar, agora que entendemos o motivo logístico para o tratamento diferente do “tempo” no presencial e no digital, cabe lembrar que essa diferença também se verifica nas condições de encerramento de uma partida.

No digital, como cada jogador tem um controle separado de tempo, entende-se que ao extrapolar aquele tempo determinado o jogador concedeu a partida ao oponente. Como falei antes, a “pressão” do relógio sobre quem está com a prioridade é bem real - inclusive, sempre bom tomar cuidado para não ficar paranoico com isso e sair fazendo qualquer jogada “no desespero”. O objetivo não é ser a pessoa com mais tempo no relógio - vencer faltando 1 segundo ou 20 minutos valem a mesma coisa. O importante é você fazer um gerenciamento do seu tempo, saber a hora de parar, pensar e fazer as jogadas corretamente.

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No presencial, o tempo compartilhado implica também a possibilidade de uma partida terminar sem um vencedor. Transcorrido o tempo estabelecido para a rodada (normalmente de 50 minutos), se a partida não estiver concluída os jogadores têm 5 turnos adicionais de jogo. Caso ninguém atinja uma condição de vitória nesses turnos adicionais, o jogo em curso termina e o resultado da partida levará em conta o número de vitórias nos jogos já encerrados (por exemplo, caso estivesse no segundo jogo da partida, o jogador que venceu o primeiro jogo seria considerado o vencedor da partida).

Se ainda estivermos nas rodadas em formato suíço, existe inclusive a possibilidade de um empate, coisa que nem existe no formato digital (já que, por tempo, toda partida sempre acaba com algum vencedor). A exceção para esta regra é quando estamos numa partida eliminatória - nesse caso, o nosso querido MTR (lembra dele, do meu primeiro artigo?) diz que o vencedor será o jogador que estiver com mais pontos de vida após o encerramento do tempo e dos turnos adicionais. Se os pontos de vida estiverem empatados, o jogo continua até que haja qualquer alteração nos pontos de vida, e então o jogador que estiver com mais pontos de vida será o vencedor.

Ufa! Esses eram os pontos que eu tinha para apresentar a vocês hoje. Espero que tenham curtido e entendido um pouco mais sobre as diferenças de gerenciamento de tempo nos formatos presenciais e digitais!

Até a próxima!