Magic: the Gathering

Deck Guide

A um Pacto da vitória - o futuro pós-banimento no Historic

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Na terceira parte desta série de artigos, analiso o impacto do banimento de Thassa's Oracle para o Pact e o que podemos esperar para o futuro do arquétipo.

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revisado por Tabata Marques

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Magic é também composto das mais diversas ironias.

Enquanto passei uma semana inteira escrevendo um guia completo para um deck ao qual me dediquei e que, inicialmente, as pessoas consideravam um meme deck (“tão inconsistente quanto o Tibalt’s Trickery”, cheguei a ler no Reddit) que, por acaso, estava crescendo nos resultados com listas cada vez mais otimizadas, o mundo estava descobrindo que o Oracle Pact era simplesmente o melhor deck do formato e isso ficou explícito quando, na League Weekend, onde os melhores jogadores do mundo disputaram um evento ao vivo, o deck teve uma representação de mais de 50% do Metagame.

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A partir daquele momento, já estava claro que haveria uma intervenção direta. Ainda assim, optei por publicar o guia. Afinal, seria um absoluto desperdício de uma semana inteira jogar fora tudo o que havia produzido, analisado e desejado compartilhar com os jogadores sobre o que então se tornou o melhor deck do formato.

Na semana seguinte, eu tinha tanta certeza que Tainted Pact seria banido (tal como foi com Inverter of Truths) que simplesmente parei de jogar com o deck. Voltei a jogar de Death’s Shadow que é meu outro deck favorito e considerei montar o Izzet Phoenix pelo sentimento de nostalgia com um deck que joguei durante toda a sua validade no Modern. Mas para a surpresa de muitos, a decisão da Wizards foi de banir Thassa’s Oracle.

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A decisão foi amplamente criticada por alguns jogadores. “Vão voltar atrás e banir o Pacto em poucas semanas”, li em alguns comentários do Twitter.

Isso porque, apesar de ser uma pancada significativa para a estratégia do deck, não estavam necessariamente matando-o por completo, já que Tainted Pact ainda poderia ser utilizado com Jace, Wielder of Mysteries a fim de se obter a mesma wincondition que antes era utilizada com Thassa’s Oracle.

Eu mesmo fiquei um tanto cético. Mesmo com a quantidade de janelas de oportunidade que ganhar o jogo com Jace cria para o oponente, a base do deck poderia se manter e Jace, Wielder of Mysteries é, de maneira isolada, um card melhor do que Thassa’s Oracle, já que ele pode ser colocado na mesa para obter card advantage todo turno ao invés de servir apenas no momento em que se deseja ganhar o jogo.

O meu objetivo neste artigo é analisar o futuro do Pact (não podemos mais chamá-lo de Oracle Pact e Jace Pact parece um nome feio), e a viabilidade do deck no atual metagame do Historic.

O Futuro do Pacto

Vamos começar deixando claro que os resultados desta semana foram bem ruins para os Pact Decks.

Primeiro, porque diversos jogadores se afastaram do deck após o banimento e optaram por jogar com decks melhor estabelecidos no formato como o Jeskai Control, Jeskai Turns, Izzet Phoenix, entre outros.

Por conta disso, nesta última semana, contando eventos do MTGMelee desde o banimento e que tiveram ao menos 50 jogadores, houveram 2 cópias de Pact Combo nos torneios. E ambos terminaram com um resultado mediano (2-2) ou ruim (1-2).

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Podemos ver que as listas seguem padrões diferentes: enquanto a lista de Grixis, pilotada pelo jogador Carter Steichen procura manter essencialmente a mesma base do deck anterior ao banimento de Thassa’s Oracle, a lista Dimir pilotada pelo jogador Tulio Jaudy procura mesclar mais elementos e winconditions do Dimir Control para criar um híbrido entre a versão já conhecida do arquétipo junto à versão do Pact Combo, que agora não pode mais recorrer a Lurrus of the Dream-Den, o que permite ao deck subir sua curva de mana.

Dois decks diferentes, duas propostas diferentes e o mesmo resultado. O que deu errado?

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O Jace.

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Quando Splinter Twin foi banido, os jogadores de Twin não tentaram simplesmente colocar Kiki-Jiki, Mirror Breaker e fazer o deck funcionar da mesma maneira. O deck deixou de existir porque Kiki-Jiki não era Splinter Twin. O fato do card custar uma mana a mais, seu custo ser mais restritivo e ser uma criatura ao invés de um encantamento fizeram uma enorme diferença para o combo, que antes estava entre os melhores decks do formato.

O mesmo pode ser dito sobre o Jace.

Pode parecer estranho dizer que a wincondition do deck é justamente o problema dos seus resultados agora, mas basta analisar o que utilizá-lo como seu principal meio de ganhar o jogo significa para o deck:

• Fechar o combo com Jace é algo que só se é possível fazer a partir do turno 5, com você jogando Jace num turno, comprar um card e jogar Tainted Pact no turno seguinte, exilar seu deck e, então, ativar a habilidade do Jace para comprar uma carta num deck vazio para ganhar o jogo. O que significa que o Planeswalker precisa sobreviver e não ser anulado ou respondido por um turno inteiro. Com Thassa’s Oracle, era possível fechar o combo a partir do turno 4.

• Essa diferença de um turno pode parecer pequena, mas ela se acumula até mesmo quando o jogo se estende porque o combo completo sempre custará 6 manas ao invés de 4. O que significa que sobra menos recursos para interagir com as respostas do oponente. Essas duas manas a mais são relevantes em muitas ocasiões quando você está construindo um setup com seus tutores.

• Por conta de como Tainted Pact funciona no Magic Arena (e sem previsão de corrigir este problema), você precisa acumular uma boa quantidade ampulhetas, já que, caso você dê timeout, todo o seu deck será exilado e você não poderá jogar mais nenhuma mágica ou ativar habilidades naquele turno, fazendo com que o turno seja passado automaticamente pro oponente, que então terá como único objetivo remover o Jace da mesa para que você perca no turno seguinte.

• A habilidade do Jace é estática e isso tem mais contras do que prós: apesar de significar que a habilidade não pode ser anulada com Stifle ou Nimble Obstructionist e nem respondida com Prismari Command, os meios de responder ao Planeswalker são muito mais amplos e acessíveis do que responder ao trigger de Thassa’s Oracle. Isso significa que você precisa jogar em volta de muito mais coisa: removals de Planeswalkers, bounces, dano, etc já que, caso o Jace saia da mesa com sua habilidade de Mill/Draw na pilha, você comprará cartas num deck vazio e sem ele na mesa você perderá o jogo.

• Praticamente todo deck possui uma resposta para o Jace hoje: Jeskai pode anular ou removê-lo com Teferi ou Lightning Helix. Phoenix pode atacar com suas criaturas e utilizar Shock. Selesnya Company e Orzhov Shadow possuem Skyclave Apparition além de Elite Spellbinder que atrasa bem mais o plano de jogo com Jace do que com Oracle. Rakdos possui Bloodchief’s Thirst e Bedevil. Mono-Black possui Murderous Rider, Jund possui Binding the Old Gods, Gruul possui uma enorme pressão na mesa, e por aí vai. Por conta disso, na maioria das vezes, você precisa jogar ambas as peças do combo juntas e comumente acompanhadas de um descarte.

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• O fato de Jace custar duas manas a mais e ser mais fácil de interagir na mesa, forçando seu controlador a acumular mais recursos torna o deck muito mais vulnerável a descartes, que já costumam ser um problema para o arquétipo quando utilizados em grandes números.

• Por fim, Jace custa 3 manas azuis, o que é extremamente relevante para um arquétipo que já possui uma manabase frágil, especialmente quando você sabe que vai precisar de counters para protegê-lo.

Juntando todos esses fatores, Jace, Wielder of Mysteries acaba se tornando uma wincondition muito mais problemática de se utilizar.

Por conta disso, o banimento de Thassa’s Oracle, apesar de não ter matado o deck de vez, tornou do seu plano de jogo significativamente mais complicado de se realizar, pois, abre muitas outras oportunidades para os oponentes interagirem.

Neste fim de semana, procurei jogar partidas ranqueadas utilizando uma lista de Dimir Pact fortemente baseada na lista que Martin Juza postou na Channel Fireball:

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Devido à subida na curva, a minha lista procura utilizar Shark Typhoon como uma wincondition alternativa que também serve como uma “cantrip”. Além disso, o deck agora pode utilizar de Narset, Parter of Veils para procurar ambas as peças do combo e Murderous Rider como um removal flexível que também serve como uma maneira de segurar o jogo contra decks agressivos.

Um card que adicionei a lista para testar e seus resultados não foram tão promissores foi The Scarab God, e, portanto ele eventualmente saiu da lista final.

Dentre as partidas que joguei com a lista, os resultados não foram bem medianos, e estas foram minhas considerações finais quanto ao que enfrentei:

• A matchup contra Rakdos Arcanist já não era boa, e ela ficou ainda pior. O oponente não só possui descartes para interagir com a sua mão como também possui Bedevil e Bloodchief’s Thirst para lidar com o Jace.

• Izzet Phoenix, que antes era uma partida equilibrada, tornou-se uma partida negativa porque seu clock é mais lento e, pós-sideboard, seu deck se tornou ainda mais suscetível a Mystical Dispute.

• Antes, a tática de tentar dar race contra o deck era pouco efetiva, pois o clock do 2-card combo era muito melhor. Agora, decks como o Gruul podem sim vencer na race mesmo que você consiga segurar o jogo por alguns turnos porque a diferença de 2 manas é crucial e fica pior ainda caso você não tenha acumulado 3 manas azuis.

• A matchup contra decks Control continua favorável. Você consegue manusear seus recursos bem e Jace é, de fato, uma carta melhor nessa partida do que Thassa’s Oracle sonharia em ser. Por outro lado, ter uma wincondition que pode tomar dois Lightning Helix no turno do combo pode ser um problema.

• A matchup contra o Selesnya Company ou decks aggro mais lentos continua sendo favorável. Apenas se lembre que esses decks costumam possuir Skyclave Apparition, portanto, não é ideal tentar fazer Jace num turno anterior ao combo porque ele pode ser removido.

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Dado meus resultados (que honestamente foram bem medianos) e as partidas jogadas, concluo que:

• O deck obviamente não obteve melhora em nenhuma partida

• Matchups de race, que antes eram favoráveis, agora são um pouco desfavoráveis.

• Matchups contra decks disruptivos, que já eram ruins, se tornaram bem piores.

• Matchups contra decks Control continuam favoráveis, mas você precisa se atentar a um número maior de possibilidades de interação por parte do oponente.

• Matchups contra Midranges que não estabelecem um bom clock continuam favoráveis.

A minha conclusão é que o Pact ainda existe como deck, mas na sua configuração atual não pode mais ser considerado o melhor deck do formato, provavelmente nem mesmo possa ser considerado um Tier 1.

Quanto ao que pode ser feito com o deck a partir de agora, as opções são:

Construir o deck de maneiras diferentes

Temos visto jogadores tentando elaborar maneiras diferentes de montar o deck, apostando ainda mais na ideia de ser um deck control com uma wincondition de combo, ou até mesmo optando por tentar variantes Sultai que adotam o plano de Ramp para agilizar o combo.

Essas são opções válidas e eu consigo imaginar outras variantes optando por promover um jogo mais longo a fim de mitigar o estrago causado pelo banimento.

Anterior ao ban, os Pact decks com melhores resultados eram aqueles que apostavam na eficiência de mana já que suas winconditions tinham um custo baixo e havia a possibilidade de também utilizar Lurrus of the Dream-Den.

Agora, sem Lurrus e com uma wincondition de custo maior, é possível que a melhor opção para o deck seja jogar o jogo mais longo, optando por interações mais impactantes e até mesmo outras winconditions como Shark Typhoon.

Aguardar pelo lançamento de edições futuras

Um fato a ser considerado sobre o Pact é que, por conta da sua natureza Singleton, o deck tende a sempre receber uma adição nova para cada novo set que sair para o Historic.

Um novo descarte bom? Entrará no Pact

Um novo counter flexível? Entrará no Pact

Um novo tutor? Entrará no Pact

Uma cantrip que lhe permita olhar três ou mais cartas do topo? Poderá entrar no Pact

Uma wincondition absurda ou um planeswalker que gera muito valor? Poderá entrar no Pact

Por conta disso, o Pact é o tipo de deck que sempre poderá receber algo com oportunidades mais significativas de fazer alguma diferença nele do que nos demais decks que possuem uma base mais robusta.

Portanto, é possível que em algum momento do futuro o arquétipo volte a estar entre os principais decks do formato.

Conclusão

Esta foi a terceira (e até que haja uma mudança brusca, a última) parte da minha série de artigos sobre os Pact decks do Historic.

Minha conclusão é que, apesar de o deck ter sobrevivido ao banimento da semana passada, ele se tornou muito mais vulnerável, e isso o tirou não só do status de melhor deck do formato como também do status de Tier 1 do Metagame.

Apesar de ser inicialmente cético quanto ao banimento de Thassa’s Oracle, a decisão da Wizards de bani-la foi extremamente cirúrgica (apesar de atender a um padrão que já conhecemos da empresa) e, até o momento, surtiu o efeito que eles esperavam.

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É óbvio que não me surpreenderia se, em algum momento do futuro próximo, encontrarem uma build mais robusta e o arquétipo crescesse no formato novamente, mas não posso dizer que possuo no momento a paciência e dedicação para tentar fazer isso eu mesmo.

Prefiro deixar para os Pro Players.

Continuarei acompanhando a trajetória do arquétipo nos eventos competitivos, a espera do momento em que o deck torne-se uma força a ser reconhecida no Metagame novamente.

Até lá, o deixarei para as partidas mais casuais e estarei atacando as ranqueadas com Fênixes e Sombras.

Obrigado pela leitura!