Na última semana, entre 11 e 15 de outubro, a equipe da Cards Realm esteve presente na edição deste ano da Brasil Game Show, considerado o maior evento de games da América Latina. Nele, experimentamos demos, fizemos reviews de quais jogos se destacaram, e acompanhamos as principais atrações de cada dia!
Neste artigo, avaliamos esta edição da BGS, com seus prós, contras e destaques!
Análise BGS 2023 - Quase tudo conforme o esperado
A melhor forma de resumir nossa experiência na Brasil Game Show 2023 é a frase "foi conforme esperávamos". É natural que eventos de grande porte tenham críticas e pontos que demandam aprimoramentos para a próxima edição, mas para o bem, ou para o mal, a BGS 2023 foi exatamente o que vemos em outros eventos de mesmo tamanho e referência.
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Prós: Atrações internacionais, Organização dos eventos principais, Diversidade de opções
Dentre os pontos positivos, destacou-se a presença e qualidade das atrações internacionais. Do diretor de Final Fantasy XVI, Naoki Yoshida, até Charles Martinett e Kenny James, dubladores de Mario/Luigi e Bowser, além dos atores e dubladores de Grand Theft Auto V, Shawn Fonteno e Ned Luke, a BGS trouxe diversas figuras icônicas do universo dos games para participarem, dando aos fãs a oportunidade de conhecer eles.
Outro destaque nesse sentido foi a organização do BGS Talks e do Meet & Greet. A equipe do evento foi excelente em direcionar o público durante eles, e a organização das cadeiras no BGS Talks garantia que ninguém ficasse de fora. Acredito que houve, sim, um problema em colocar o palco das palestras ao lado do estande de uma emissora de TV da qual usava o microfone ostensivamente, sendo esse um ponto a reconsiderarem para edições futuras.
Por fim, não faltou diversidade de coisas para fazer nos estandes. Todos eles traziam alguma atividade interativa para o público, incluso algumas de simulação de realidade virtual, além da possibilidade de experimentar demos de futuros lançamentos nacionais e internacionais, um Escape Room era oferecido por uma das empresas, e até mesmo shows. Mesmo em cinco dias de evento, se consideramos filas e outros contratempos, havia tantas opções disponíveis que era impossível aproveitar tudo o que a BGS tinha para oferecer.
Contras: Superlotação, Problemas com a agenda do app, ausência de marcas importantes
Quanto aos pontos negativos, alguns são muito inerentes de quase todo evento que ocorre no Expo Center Norte: superlotação é um dos principais problemas que prejudicam bastante o aproveitamento do público. Em alguns estandes, como o da Hoyoverse, era impossível se locomover porque uma aglomeração de pessoas parava ali para acompanhar as atrações, e fechava a passagem para o trânsito de gente.
Para evitar tamanho desgaste, é necessário um planejamento mais apropriado de posicionamento de estandes mais famosos. As atrações do Hoyoverse foram algumas das principais da BGS este ano, e, talvez, demandassem um espaço maior e melhor posicionado para o seu público.
Outro problema, talvez mais grave para os fãs de certas atrações, foi o desencontro entre a agenda oficial do aplicativo da Brasil Game Show e o horário em que determinados eventos ocorriam lá dentro. O exemplo notório aqui foi a entrega do prêmio Lifetime Award Achievement para o produtor de Final Fantasy XIV, Naoki Yoshida, que estava programado para as 19 horas de sexta-feira, e ocorreu uma hora antes, às 18, o que levou diversos fãs a perderem o horário e chegarem no final da entrevista, e/ou nem sequer assistirem à atração.
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O mesmo ocorreu com a primeira apresentação do Video Game Orchestra, que iniciou um pouco antes do horário mencionado no app. Esses desencontro de informações é uma dor de cabeça para os que planejam quais atrações querem assistir e onde elas ocorrem, enquanto quebram a confiança do público sobre o uso eficiente do aplicativo.
Por fim, não há como deixar de mencionar a ausência de certos estandes, como a da Twitch e da Epic Games, além da PlayStation e do Xbox. Elas foram sentidas pelos fãs desses consoles, e deixaram a sensação de desapontamento, ou até insegurança, sobre a presença dessas empresas em edições futuras.
Nesse quesito, apesar dos problemas da empresa no país, a Nintendo se destaca por marcar presença na BGS, com um dos estandes mais interativos para os que gostariam de experimentar demos e jogar com os amigos - do Mario Kart ao Smash Bros, as atrações dele garantiu a melhor experiência para os que queriam jogar em grupo. Além disso, nem mesmo sua gigantesca fila para o Detective Pikachu Returns atrapalhou o fluxo do público geral.
Destaques da Brasil Game Show 2023
Confira abaixo alguns pontos que mais se destacaram nessa edição!
Melhor Atração - Naoki Yoshida e Koji Fox
Para os fãs de Final Fantasy, essa edição da BGS foi memorável: Naoki Yoshida, também conhecido como Yoshi-P, é uma das figuras públicas da Square Enix mais amadas pelos fãs. Final Fantasy XIV é o título de maior sucesso da franquia hoje, e um dos MMORPGs mais famosos do mundo, e nada disso seria possível se não fosse o ostensivo trabalho de uma equipe chefiada pelo próprio Yoshi-P para 'retrabalhar' o mundo do jogo, e dar nova vida a ele com a expansão A Realm Reborn.
Hoje, FFXIV é uma referência, e Naoki Yoshida é reconhecido pelo seu trabalho, simpatia e comunicação exemplar com a sua comunidade, tanto que foi homenageado e recebeu o prêmio Lifetime Achievement Award pela sua contribuição para a indústria de games e, principalmente, para os RPGs.
Koji Fox é o diretor de localização de Final Fantasy XVI e responsável pela diretoria de tradução de Final Fantasy XIV. Estando na Square desde 2003, ele já trabalhou em vários outros títulos da série, como Final Fantasy Tactics: The War of the Lions, Dirge of Cerberus: Final Fantasy VII e Final Fantasy XI.
Ambos demonstraram simpatia exemplar com o público brasileiro, e souberam aproveitar a interação com eles. Um exemplo disso foi durante o BGS Talks, onde ambos decidiram realizar um Meet & Greet extra, ao invés de passar uma hora conversando com o entrevistador. Isso deu mais uma oportunidade do público poder conversar e tirar fotos com eles, no último dia do evento.
Melhor Estande - Hoyoverse
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Sim, o estande da Hoyoverse causou um enorme problema de fluxo nos dias mais cheios do evento, mas isso não acontece por conta própria - trata-se de uma demonstração prática de como um público fidelizado, e focar em atrações interessantes para esse mesmo público. A empresa soube aproveitar da cultura que seus jogos promovem para cativar sua comunidade, além de apresentar oportunidades para que novos jogadores conhecessem seus produtos.
Com uma apresentação visual imersiva, brindes e muitas atrações no seu palco, a Hoyoverse era um dos estandes mais cobiçados da BGS, e merece o título de melhor estande dessa edição!
Melhor Demo Internacional - Sonic Superstars
O que define uma boa demo? Apresentação? Gameplay? Rejogabilidade?
A resposta para essa pergunta é muito pessoal. Por exemplo, minha demo internacional favorita foi a de Granblue Fantasy Relink, porque ela atende a demanda de apresentar os elementos fundamentais do jogo, é divertido sem ser excessivamente complexo, e garante diversas runs com sua seleção de personagens. No entanto, ele se encaixa em um nicho específico que não atrairá toda categoria de jogador, e muito menos alguém que só conhece certos títulos na superfície.
Nesse sentido, a melhor demo na BGS era a principal atração do estande da SEGA: Sonic Superstars. Há muita familiaridade para quase todo mundo sobre como um jogo do Sonic funciona, logo, qualquer pessoa podia só colocar o headset, pegar o controle e começar a jogar. O fato do título respeitar as regras dos jogos clássicos da série garante que as pessoas mais nostálgicas não estranhem sua gameplay, enquanto os gráficos garantem uma experiência visualmente agradável, que evita que suas mecânicas pareçam datadas.
Ao mesclar a familiaridade e memória muscular com aspectos visuais bonitos, com um tempo de jogabilidade decente que permite ao jogador, de fato, avaliar se o produto vale o investimento, a demo de Sonic Superstars se destacou nessa edição da Brasil Game Show.
Melhor Demo Nacional - Enigma do Medo
Enigma do Medo é um jogo de suspense e sobrevivência produzido pela Dumativa, distribuída pela Nuuvem e criado pelo youtuber Rafael Lange, mais conhecido como Cellbit. Sua demo estava disponível no estande da Nuuvem, e se destacou pelos seus elementos de storytelling, gameplay e, principalmente, pela sua dublagem impecável.
Nele, o jogador assume o papel de Mia, uma detetive que busca seu pai desaparecido em uma investigação paranormal. Durante a jornada, Mia terá que desvendar mistérios, resolver quebra-cabeças, e enfrentar criaturas medonhas em gráficos de píxel art.
Sua dublagem é feita por alguns dos nomes mais importantes do segmento no Brasil, como Guilherme Briggs, Wendel Bezerra, Pamella Rodrigues e Karen Padrão. Os diálogos na demo eram muito bem fluídos e orgânicos, e dispensaram exposição demais.
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O gameplay do jogo parece apostar no 'descubra você mesmo', ao invés de pavimentar o caminho que devemos seguir. Algumas pistas buscam nos dar dicas, enquanto o jogador precisa quebrar um pouco a cabeça para encontrar o seu objetivo. A proposta é interessante, e deve funcionar no jogo completo, mas prejudicou o aproveitamento do produto na BGS.
Os outros títulos nacionais disponíveis no evento não apresentaram o mesmo potencial de crescimento que Enigma do Medo, e seus aspectos de storytelling e dublagem foram pontos altos demais para ignorar. Logo, ele se destaca como a melhor demo nacional dessa edição.
Melhor Evento - Video Game Orchestra
O Video Game Orchestra é figurinha carimbada da Brasil Game Show. Liderado pelo compositor e produtor musical Shota Nakama, o grupo marcou presença durante quatro dias do evento, onde trouxe suas versões 'roquestradas' de músicas de jogos como Chrono Cross, Metal Gear Solid, Persona e Castlevania. Nos últimos dois dias, a banda se juntou à Sonic Symphony para tocar canções da franquia junto do compositor Jun Senoue, responsável pelas canções da série Sonic: The Hedgehog.
Sua passagem recorrente na BGS é um comprovante do sucesso que a banda faz com o público do evento com suas apresentações enérgicas, sendo um jeito excelente de encerrar cada dia e manter o público animado para o dia seguinte. O ponto alto deste ano foi a apresentação com a Sonic Symphony, que lotou o espaço dedicado ao show de fãs apaixonados pela franquia
Conclusão
No fim, a edição de 2023 da Brasil Game Show ofereceu o que propôs. Ela não se destaca como a melhor edição do evento, mas também não deixa a desejar ao ponto de qualquer um poder considerá-la um fracasso. Tal qual outros eventos desse porte, há contratempos sentidos pelo público, e demandam avaliação e mais cuidado dos organizadores para evitar que elas estraguem a experiência do público no futuro, ou se tornem uma 'marca registrada' da BGS.
Suas atrações e diversidade de opções, além do encontro entre as variadas culturas, tornaram dessa edição memorável, mas a ausência de algumas empresas de renome dentre os estandes e nas atrações levantam dúvidas sobre o que devemos esperar de edições futuras.
Obrigado pela leitura!
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