Com pouco mais de uma semana para o seu lançamento oficial, Final Fantasy XVI recebeu sua primeira demo pública para o PlayStation 5, com cerca de duas horas de duração, além de um modo "bônus" - o Desafio Eikônico -, onde o jogador pode experimentar outro capítulo da trama, com habilidades mais avançadas.
A demo apresenta o primeiro capítulo da trama, onde conta o começo da história de Clive Rosfield, o filho mais velho do Arquiduque de Rosaria, e escudeiro da Fênix e seu irmão mais novo, Joshua Rosfield, e os eventos trágicos que antecedem os primeiros minutos do jogo.
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Confira, neste artigo, nossas primeiras impressões do novo título da Square Enix!
Um jogo sem medo de mostrar para o que veio
Os primeiros dez minutos da demo apresentam um excelente panorama de como são as relações sociais e políticas de Valisthea, com uma batalha entre dois reinos ocorrendo enquanto um pequeno grupo de assassinos esgueira-se entre as montanhas para encontrar seu alvo: a dominante de Shiva.
De longe, esses assassinos, com Clive entre eles, observa o embate, e a partir desse momento, Final Fantasy XVI demonstra como seus desenvolvedores não têm nenhum medo - ou vergonha - de abordar temas de maneira mais violenta, pesada ou explícita neste título: soldados matam uns aos outros, o sangue de seus inimigos espalham-se por suas armaduras, enquanto nos bastidores, a República de Dhalmekia e o Rei de Waloed discutem sobre a recusa do seu reino de ajudar nesta batalha.
Quando Hugo Kupka, dominante do Titan, decide que é a hora dele agir, presenciamos o que pode ser um dos principais temas da trama: a baixa significância da vida em tempos de guerra.
Enquanto Titan e Shiva desferem ataques uns contra os outros, inúmeros soldados são pisoteados, caem em precipícios, ou são atingidos por enormes pedaços de gelo - e o grupo de assassinos não é exceção, quando um dos companheiros de Clive é esmagado por uma rocha diante de seus olhos.
A tela escurece e voltamos 13 verões: o ar sombrio dá espaço a um clima mais leve, com um jovem Clive em um treinamento com seu mentor, enquanto Joshua, Jill e Torgal o acompanham.
O clima exala tranquilidade, mas não por muito tempo, já que em uma hora, entendemos um pouco mais sobre os conflitos geopolíticos de Rosaria, e um ataque surpresa do Império de Sanbreque leva à queda do arquiduque e ao eventual despertar e morte da Fênix, no que podemos considerar uma das cenas de violência mais brutal e atormentadora de toda a franquia.
Essas primeiras duas horas servem como prova do quanto a equipe de Final Fantasy XVI está confiante no próprio trabalho, e também no amadurecimento de seus fãs para lidar com temas mais pesados em uma época onde os gráficos são mais realistas, e a atuação de diálogo dos personagens traz uma proximidade mais tangível entre o jogador e a história contada.
Game of Thrones encontra Attack on Titan
Duas influências admitidas pela própria produção do jogo são as séries de TV Game of Thrones e o anime Attack on Titan, e elas estão claras desde o começo: Final Fantasy XVI é um jogo muito apegado ao seu tom medieval, onde reinos lutam pela conquista de territórios diante de uma praga, aumentando a intriga entre suas figuras centrais.
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Os diálogos são um dos pontos mais fortes dessa demo. Apesar da trama parecer direcionada por cutscenes nessas horas iniciais, em momento algum elas parecem cansativas ou tediosas de acompanhar, pois os assuntos abordados pelos personagens é instigante, de fácil compreensão, mas sem entregar todos os pontos de mão-beijada para o interlocutor - o Active Time Lore, menu que você pode acessar apertando o botão de pausa durante qualquer cutscene, fica responsável por contextualizar tudo para nós.
A atuação de voz e a escrita dos diálogos são elementos cruciais que tornam da história tão interessante quanto as quatro primeiras temporadas da série inspirada nos livros de George R. R. Martin, e garante não só uma experiência visual e interpretativa fascinante, como proporciona também uma experiência literária excelente para o jogador.
Por outro lado, os Eikons e seus Dominantes são as forças que parecem mover a história principal, e da qual toda a cultura de Valisthea parece se engessar. Como peças centrais, eles assumem um papel muito parecido com o dos Nove Titãs de Attack on Titan, inclusive, no que concerne ao potencial bélico de cada nação, e na consequência que a sua presença no campo de batalha traz aos humanos comuns.
Ambos os títulos são também conhecidos pela sua violência e senso de niilismo sobre a natureza humana, sendo este outro elemento herdado por FFXVI, e fica claro pela maneira como a cultura de Valisthea trata, durante séculos, aqueles conhecidos como Portadores - pessoas que podem usar magia desde sua nascença, tratados como escravos por todos os reinos com tamanha naturalidade ao ponto de nem mesmo o protagonista parece se incomodar muito com tratarem portadores como sub-humanos nesse começo de jogo, apesar de demonstrar certa empatia por um deles.
Combate rápido e orientado em ação
Final Fantasy XVI é o primeiro título principal da franquia a abdicar completamente do uso de menus para utilizar habilidades ou itens durante o combate, e tudo é feito por meio de comandos direto dos botões pelo jogador.
Na verdade, podemos afirmar que a influência de Ryota Suzuki, designer de batalha de Devil May Cry 5, é perceptível na maneira como as lutas se desenvolvem no título: apesar de não parecer muito claro nas primeiras duas horas, o 'episódio extra' desbloqueado após encerrar o primeiro capítulo mostra que FFXVI possui um sistema de combate baseado combinações de efeitos, onde o jogador deve mesclar ataques normais, magias e habilidades especiais dos seus poderes de Eikon para manter o ritmo da luta, enquanto aprende o timing exato para bloquear e/ou desviar dos ataques dos inimigos.
Creio que nenhum outro título grande da Square Enix tenha chegado ao nível de velocidade que o sistema de batalhas de Final Fantasy XVI possibilita, nem mesmo outras obras aclamadas pelo seu combate em tempo real, como NieR: Automata e Kingdom Hearts III, o que dificulta um pouco a experiência do jogador padrão da franquia, mesmo daqueles que jogaram os outros títulos de combate em tempo real, Final Fantasy XV e Final Fantasy VII Remake.
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Por conta das inúmeras possibilidades que essa combinação permite, leva um tempo até o interlocutor se acostumar e entender como se habituar à interface. Felizmente, para os menos experientes com esse tipo de ação, o jogo habilita uma série de acessórios que permitem automatizar determinados comandos, ou até desacelerar o tempo no momento em que você precisa desviar de um ataque.
A menos que você tenha muita dificuldade em acompanhar o ritmo da luta, ou de acompanhar todos os mapas de botões - e jogadores de Final Fantasy terão de se acostumar um pouco mais com o termo controle de multidão - não recomendo utilizar a maioria dos acessórios porque eles padronizam a jogabilidade e/ou tiram a imersão da experiência de estar, de fato, lutando contra seus inimigos.
Gráficos de tirar o fôlego, mas com queda de frames
No aspecto visual, Final Fantasy XVI demonstra muito do poder e potencial que o PlayStation 5 traz em relação a gráficos: os cenários estão esplêndidos e, até agora, ricos em detalhes. Os personagens estão também ricos em detalhes, e até mesmo os NPCs apresentam expressões faciais mais realistas e menos genéricas em comparação aos títulos anteriores.
No entanto, pelo menos na versão da demo (que é a 1.01, enquanto alguns afirmam que as demos utilizadas no evento de pré-lançamento do jogo estavam na versão 1.03), houveram algumas quedas de frame nas duas vezes em que jogamos a demo no modo gráficos, em especial nos momentos em que há elementos demais na tela, ou onde os gráficos são puxados por conta de alguma cutscene, como durante a luta entre Phoenix e Ifrit.
Caso esses problemas persistam na versão de lançamento, é recomendável aos jogadores que optem pelo modo performance durante sua jornada, a fim de evitar que sua experiência seja, de alguma maneira, arruinada por uma queda de imersão.
Trilha sonora impecável, mas falta atenção aos Headsets
Masoyashi Soken, conhecido pelo seu trabalho como compositor e diretor de som em Final Fantasy XIV, fez um trabalho impecável com a trilha sonora do novo título. O prelúdio da tela de início, com um tom de desolação, encaixa-se bem com a premissa do jogo, enquanto o tema de introdução, que toca durante a primeira parte do jogo, é outra reinterpretação do clássico prelúdio da franquia à se encaixar perfeitamente.
Outras faixas possuem as notórias marcas registradas de Soken, como os temas da primeira dungeon do jogo, e o tema dos dois bosses que enfrentamos na demo. Porém, um dos problemas que encontramos foi a relação do volume da trilha sonora com a voz dos personagens em headsets, como o Pulse 3D, próprio para o PlayStation 5.
Nele, o volume da voz dos personagens parece baixo se comparado ao da música na introdução, e em alguns pontos dessa demo, e demanda que o jogador diminua o volume da música nas configurações para adaptar o som dos diálogos (que já estão no volume máximo nas configurações padrão) ao da trilha sonora.
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Uma atualização que permita uma mixagem apropriada para headsets é algo que melhoraria bastante a experiência dos jogadores que preferem ouvir cada detalhe do áudio, em especial para aqueles que optam pelo produto oficial da Sony para o console.
No final, ainda é um Final Fantasy
Apesar de todas as mudanças e da enorme repercussão que ter um combate focado em ação em tempo real gera, Final Fantasy XVI conta com todos os elementos que tornam da franquia um marco histórico na indústria dos videogames.
Diversos elementos clássicos da obra estão presentes em FFXVI: Eidolons, Chocobos, magias, cristais e, claro, uma história envolvente com mecanismos inovadores que trabalham em torno dos componentes clássicos da franquia, e de um RPG.
Os equipamentos? Continuam lá! O teor estratégico de se preparar para uma batalha em específico tem verdadeiro potencial para aparecer em FFXVI, como feito em seus antecessores. O sistema de níveis com pontos de experiência? Continua lá. E a aquisição de pontos de habilidades para desbloquear novos recursos? Também está lá!
O que diferencia Final Fantasy XVI de outros títulos não está no seu sistema de batalhas, mas sim na sua escrita: as duas primeiras horas que essa demo apresenta são, de longe, a melhor demonstração que já experimentei de um videogame desde que essa prática se tornou comum no mercado - e isso se deve ao excelente trabalho de storytelling que a equipe de produção fez.
Essa demo foi muito bem pensada, e sabe onde começar e onde terminar. Sabe como fazer o interlocutor se envolver com os personagens, enquanto também não dá informação o suficiente para que ele se desinteresse no jogo, além de buscar manter a experiência inicial simples, para depois adicionar camadas de complexidade no capítulo extra.
Final Fantasy XVI sai na próxima quinta-feira, 22 de junho, para o PlayStation 5. Assim como diversos outros jogadores e criadores de conteúdo, estamos ansiosos para saber como a história de Clive Rosfield e o destino de Valisthea se desenvolverão no próximo capítulo, e vocês podem esperar por um review completo do jogo nas próximas semanas!
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