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Especial de 2 anos da Blue Monday Pauper

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Lembra como era o Pauper antes da Blue Monday? Vamos relembrar um pouco com dois ilustres convidados: Heli Mateus e Modern Monkey!

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revu par Tabata Marques

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O ano era 2019, o meta era quase um quarto formado por UB e os outros três quartos com hate de cemitério no main deck. A vida do jogador que escolhia não jogar com UB (na época, chamado de UB Two Drops) era um tanto dificil, amedrontado, sempre temendo jogar a próxima mágica e levar um Daze ou até mesmo um Foil, que era geralmente precedido de um belo Gush, isso quando o oponente não fazia um Gitaxian Probe pra dar um draw e alimentar o cemitério para o Gurmagão.

Todos sabemos o quão eram tensas as partidas. Mas jogar com o deck tinha os seus benefícios. Era impor pressão desde o turno zero ao oponente, comprar muitas cartas, se manter no jogo por muito tempo. Isso era demais, tão demais que os pedidos de banimento começaram. Eram em coro por grande parte da comunidade, que se dividia entre se aproveitar do deck e sofrer contra ele.

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Claro, obviamente, não era apenas o UB Two Drops que brilhava sozinho, existia o Mono Blue que usava as mesmas mágicas azuis, e o UR Skred que usava o Gitaxian, mas o UB era o mais implacável com essa combinação. Quem jogou na época tem a lembrança.

Alguns números do Challenge:

Nos últimos meses, entre março e maio, até o banimento, decks que usavam ao menos uma das três banidas fizeram 43 top 8, e desses 43 decks, 23 eram UB. Os outros se distribuíam entre Mono Blue, UR e Tireless Tribe. Nesse intervalo, foram realizados dez Challenges no MTGO, ou seja, 80 decks poderiam compor o top 8, e o UB estava em mais de um quarto. Um Challenge se destacou, do top 32, além de todo o top 8 ser formado por apenas UB e UR, tinham 19 decks UX. Ou seja, desses melhores 32 decks, apenas 12 não jogavam com nenhuma cópia das três azuis que estamos falando. E sim, a conta está certa, pois um dos Burns desse top 32 usava 4 cópias de Gitaxian Probe!

Os Challenges são importantes para termos os parâmetros do metagame, mas dois eventos que podemos citar nessa era, que podemos destacar o UB, é a final do CLM 12, no qual um UB foi campeão, em Fevereiro e o outro foi em Abril, o primeiro evento IRL da história a dar uma vaga para o Pro Tour no formato Pauper, e o UB chegou em quarto.

Falando em "época" parece ser muito distante, mas se passaram dois anos apenas, mesmo que com essa pandemia pareça que estamos há uma década sem jogar em loja.Tempo demais. Mas ainda antes desse caos todo, aquela segunda-feira, a famosa Blue Monday, chegou, e trouxe com ela não só uma segunda azul, mas uma segunda Blues (ritmo musical que se traduz 'triste').

Muitos pediram, e então, como uma neve gelada ou um remédio amargo, o martelo do ban chegou.

As especulações estavam a mil, semanas após semanas, pedidos de ban, grupos com mais de 2 mil mensagens por dia, todos tentando descobrir quem seria a carta premiada, quem iria desfalcar o tão forte azul, mas a grande maioria não imaginava que esse martelo bateria três vezes. Sim, três cartas azuis banidas de uma só vez no Pauper, e já faziam quase três anos desde o banimento de Peregrine Drake. Muitos jogadores do formato até então não sabiam o que era um banimento de carta comum.

Deixou muita gente alucinada e à flor da pele, alguns satisfeitos, outros indignados, mas aos poucos todos perceberam que um deck com cinco free spells era um grande absurdo.

Vamos dar uma boa relembrada nelas:

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Para dinamizar um pouco, trouxemos experientes jogadores de Pauper que jogavam com o deck nessa época para responder à três simples perguntas:

Qual impressão você tinha do deck? Qual banimento esperava até então? Qual a sua sensação após o banimento?

Primeiro trouxemos Heli Mateus, do Rakdos Cast, um dos fundadores do time Next Level e sem dúvida, uma das referências da comunidade Pauper brasileira, que nos disse:

Heli Mateus

O deck começou devagar, mas logo se mostrou eficiente. A vinda de Foil elevou o nível do deck a patamares que os decks banidos do passado tinham. A versão One Drops era bem voltada para ter um Gurmag cedo na mesa, mas a Two drops se focou no equilíbrio entre a agressividade inicial do Delver, o late game do Gurmag, card selection, boas remoções e anulações. Isso mostra o quão completo o deck era, respondendo a quase tudo que o metagame apresentava, ainda mais depois que o splash começaram a aparecer. Eu mesmo usei bastante a versão Esper, com Aura Fracture e Lone Missionary no sideboard.

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Cartas azuis sempre se mostraram muito fortes no pauper, mas Gush e Gitaxian Probe sempre foram acima do normal. Daze acabou levando fama de muito forte também, mas ainda acho que ela seja justa o suficiente para o formato. Mesmo com esses banimentos, ainda não concordo que podar power level seja a saída e sim oferecer mais opções. Vide atualmente que não adiantou banir Mapa da Expedição para nerfar o Tron e sim ter algo que atacasse sua fraqueza, como os deck de LD e Cascade fazem.

Após o ban, foi uma sensação de perda e vazio interior. Brincadeiras a parte, ficou um gosto amargo por ver um deck forte sair do formato, sabendo que respostas poderiam existir para evitar situações desse tipo. Para mim, a Blue Monday é o maior exemplo de fracasso num banimento, pois ainda vemos as versões de UB sendo muito relevantes no metagame, ou seja, perdemos cartas fortes e emblemáticas devido à falta de análise e desenvolvimento que infelizmente atinge o Pauper.

-Heli no Twitterlink outside website

-Heli no Rakdos Castlink outside website

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Falamos também com um jogador italiano, para termos a opinião de alguém de uma comunidade diferente, mas que também tinha muita intimidade com o deck: Modern Monkey, membro do Golden Pigs, que é bem conhecido pela comunidade pauper. Ele nos contou como era jogar com o deck.

Modern Monkey

Eu acho que quando o UB "Two Drops" foi lançado, o Pauper estava no seu melhor momento. Na minha opinião, o formato era de jogadores muito habilidosos e suas decisões importavam muito em todos os jogos. O baralho era definitivamente muito forte, mas não imbatível. Era muito bom em colocar um "clock" no oponente. O meu amigo e confiável construtor de decks @CrilaPeoty (também do Golden Pigs) sugeriu adicionar o quarto Gush e cortar Gitaxian Probe, e nunca olhamos para trás.

De qualquer forma, ainda era possível vencer, mas você tinha que jogar MUITO conservador, especialmente em volta de Daze quando necessário. O UB também tinha partidas ruins: se bem me lembro, Tron, Pestilence, Stompy e nos últimos dias o crescente "Tethmos UW Tribe" do Entropy e Birbman foram todas partidas bem equilibradas. Eu teria jogado esse formato para sempre e, embora possa ver o banimento do Probe, provavelmente teria mantido o Gush e definitivamente o Daze. O banimento correto provavelmente seria de Foil, que foi o que empurrou o baralho um pouco demais. O ban de Gush matou todos os bons decks de combo do Pauper, o que ajudavam a manter o Tron sob controle (estou falando de Tribe e UR Blitz), e Mono Blue Tempo, um deck icônico de Pauper na minha opinião.

Além disso, o banimento de Daze levou a um formato de "apenas o Monarca importa": você não é mais punido por bater cegamente no turno 4. Agora simplesmente não existe um motor de vantagem de cartas tão bom quanto o Monarca. E, ironicamente, uma carta que é chave do monarca tradicional, Kor Skyfisher é quase impossível de jogar. Não gosto do formato atual. O Daze proibia o aumento da aleatoriedade, a sorte dos pareamentos agora é mais importante do que nunca, os subjogos Monarch são burros e as pilhas de Cascade são embaraçosas. Você pode desencadear cascatas em outras cascatas ou apenas revelar Pyroblast em um campo vazio. Onde está controle do jogador nessa jogada?

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Para ser honesto, até gostei dos decks com Arcum's Astrolabe e também com Mystic Sanctuary mais do que os que temos agora. No momento, estou jogando bem menos e, quando o faço, só jogo com o Tron se quiser ganhar, ou UB Faeries para jogar com o segundo melhor deck e ainda me divertir. Claro, essa é só minha opinião!

Gostaria de acrescentar: Não gosto do Tron como o melhor deck porque é realmente indulgente. Você pode jogar mal, e o deck muitas vezes o carrega. UB One Drops vencia por margens estreitas em muitos jogos.

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E este foi o nosso segundo participante, de uma comunidade mais distante.

Como vimos, a icônica Blue Monday certamente foi polêmica e trouxe alguns desagrados, mas tivemos que seguir adiante com isso.

Hoje, dois anos depois, ainda vemos um UB, principalmente a versão com fadas, fazendo resultados impressionantes, ainda mais com a adição do Cast Down; além de hoje Snuff Out ser muito mais valorizada do que antes, pois é a única free spell que ainda vale muito apenas usar, pois Foil hoje não é nem mais cogitada em algum deck.

Essa foi a história de como chegamos à Blue Monday, de como reagimos e como estamos sobrevivendo até hoje. Claro que já é uma página virada, muitos jogadores hoje não passaram por esse dia como muitos outros, mas que fique registrado, talvez nem todas as três devessem ser banidas.

Mas e você, caro leitor, o que achou desses banimentos? Todos foram realmente necessários?

Por favor, deixe sua opinião nos comentários.

Muito obrigado a todos pela leitura e até o próximo.