Magic: the Gathering

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Modern: Um Anel Para Todos Governar

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The One Ring foi o card mais jogado do Pro Tour Modern Horizons 3, com 46% de presença no Metagame, levantando a dúvida de se a peça mais emblemática de Lord of the Rings chegou ao ponto de ser problemático para o formato.

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revisado por Tabata Marques

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Índice

  1. > Afinal, o que torna de The One Ring tão bom?
  2. > E o que mudou para The One Ring pós-Modern Horizons 3?
  3. > Nadu é banido, e depois?
  4. > O Problema de Acessibilidade e Reprint
  5. > E afinal, The One Ring deve ser banido?
  6. > Finalizando

“Um Anel para todos governar, Um Anel para encontrá-los, Um Anel para Todos Trazer e na Escuridão aprisioná-los”

- O Senhor dos Anéis

Quando originalmente revelada em uma das primeiras prévias do set Lord of the Rings: Tales of Middle-Earth, The One Ring foi o card mais debatido e comentado da expansão por muito tempo até Orcish Bowmasters tomar os holofotes como melhor staple da edição.

Sua mistura de pseudo-turno extra com fonte recorrente de card advantage lhe rendeu espaço em diversas estratégias do Modern ainda na primeira semana do seu lançamento, tornando-o, com o tempo, uma staple de decks como Amulet Titan, Tron, Four-Color Goodstuff, entre outros capazes de usar o artefato em prol do seu plano de jogo - muitas vezes, planos que requeriam apenas mais um turno e alguns draws para dominar a partida.

Com Modern Horizons 3link outside website, The One Ring ganhou mais notoriedade: 46% dos decks do Pro Tour usavam pelo menos uma cópia do artefato em suas listas, e a razão é que o Metagame mudou, estratégias mais injustas estão em alta novamente e o formato entrou em um estado onde esse “turno extra” proporcionado pelo artefato é precisamente o que algumas estratégias precisam para funcionar.

Ao colocar cinco cópias do seu deck no Top 8, Nadu, Winged Wisdom já se transformou no principal alvo de potenciais banimentos no radar da comunidade, se tornando muito mais uma questão de quando a criatura será banida do que se ela vai tomar o martelo - e com a presença dominante de The One Ring no principal evento competitivo de Modern do ano, seria oportuno a peça mais icônica da trilogia de J. R. R. Tolkien também deixar o Modern por um banimento?

Afinal, o que torna de The One Ring tão bom?

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Quando escrevi meu destaque sobre The One Ring, meses antes do set de Lord of the Rings sair, fiz a seguinte analogia: “Este artefato é Ancestral Recall e Time Walk em um só slot, por quatro manas, para qualquer deck”. Pode parecer uma hipérbole, mas em um vácuo, é exatamente isso que o card oferece para a maioria das estratégias onde está presente.

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Para início, a habilidade de oferecer Proteção contra Tudo no momento do cast é o equivalente a um Time Walk contra diversas estratégias do Modern: os Aggros não podem te atacar, certos combos como o Ruby Storm não podem finalizar a partida, você não pode ser alvo de Grief ou qualquer outro card visando quebrar seu plano de jogo, e se torna imune a uma quantidade imensurável de mágicas. É claro que você não desvira seus terrenos e nem ganha novas fases de combate, mas para fins práticos, The One Ring lhe dá tempo para estabilizar o jogo ou ganhar mais um turno para fechar seu combo.

É onde entra a segunda parte: o artefato lhe permite comprar card igual ao número de marcadores nele. Com duas ativações entre o turno em que entrou em jogo e o turno que você ganhou com a proteção, The One Ring oferece três draws extras - três novas chances de achar uma resposta, fechar um combo ou encontrar um card-chave sem qualquer custo adicional.

É bastante valor para um único slot, que ainda conta com algumas micro-interações dentro do próprio jogo: sacrificar o primeiro The One Ring para a Regra de Lendárias ao conjurar o segundo basicamente “reseta” suas habilidades e dá mais fôlego ao seu controlador sem contar a possibilidade de devolvê-lo para a mão de seu dono com Teferi, Time Raveler para repetir suas habilidades, ou poder conjurá-lo mais cedo e desimpedido com Delighted Halfling.

E o que mudou para The One Ring pós-Modern Horizons 3?

Em resumo, o Metagame mudou e estratégias que tiram mais proveito do artefato ficaram mais populares.

De acordo com nossa base de dados na Cards Realm (que tal qual todas as outras bases de dados, está defasada pela ausência de resultados do Magic Online nas últimas semanas), os decks que mais jogam com The One Ring no Modern hoje são: Amulet Titan, Eldrazi Tron, Tron, Gruul Eldrazi, Jeskai/Azorius Control, Bant Nadu, Mono Black Necropotence e Four-Color Goodstuff, além de aparecer ocasionalmente em algumas variantes de outros decks Control ou de combos como o Golgari Yawgmoth.

Exceto pelas listas de Control e o Four-Color Goodstuff, os arquétipos acima se encaixam na categoria de estratégia que visa fazer alguma jogada absurda onde, normalmente, o jogador vai agregar uma quantidade absurda de valor e/ou vencer o jogo instantaneamente.

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A ascensão do card se deve às mudanças no Metagame que favoreceram Eldrazi como um deck a ser testado e colocou Control de volta no radar, mas o risco em potencial está posto porque nem um banimento de Nadu, Winged Wisdom vai mudar sua posição no Metagame, especialmente se considerarmos como o formato pode se adaptar após essa intervenção.

Nadu é banido, e depois?

O banimento de Nadu após seus resultados notórios no Pro Tour é inevitável. Se o próprio card não for banido, Shuko e Outrider en-kor pagarão o preço pelos seus pecados e jogadores provavelmente encontrarão outros meios de tirar proveito da nova criatura, mas como o Metagame se adaptaria em um universo pós-banimentos?

O próximo Creators Cup do Magic Online no formato Modern, em 13 de julho, será jogado com Nadu, Winged Wisdom fora do formato e nos dará as primeiras impressões de como as coisas poderão ser após agosto - inclusive com a possibilidade de outras intervenções preventivas.

Imagem: Frank Karsten
Imagem: Frank Karsten

Ao considerarmos a tabela de taxa de vitórias do Pro Tour MH3 feita por Frank Karsten, o arquétipo que mais parece se beneficiar de um formato sem o card-problema do momento é outro que possui mais um problema recém-lançado: Mono Black Necrodominance.

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A mesma tabela apontaria, portanto, para a ascensão das seguintes estratégias para se apresar do “novo melhor deck” do formato: Golgari Yawgmoth, Izzet Murktide e Mono Black Evoke, com Jeskai Wizards sendo uma opção que, no entanto, possui uma partida ruim contra diversos outros arquétipos.

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A combinação de Necrodominance com The One Ring tem sido um debate recorrente pelos entusiastas do deck após Noah Ma chegar ao Top 8 do Pro Tour usando a versão com Sorin of House Markov e um plano de jogo mais proativo e potencialmente menos dependente do encantamento, enquanto Seth Manfield fez uso de um playset de ambas as permanentes, onde o “Lock” de draws do encantamento é mitigado enquanto a proteção do Anel permite jogadas um pouco mais ousada.

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Os Big Mana do formato também têm uma partida ruim contra Nadu, mas o resultado deles contra Necrodominance também não foram muito animadores. O Eldrazi Tron é, provavelmente, o melhor entre eles no Metagame atual, especialmente dada a alta variedade de builds e propostas que jogadores tem experimentado.

Em resumo, a possibilidade é que o Modern se adaptaria da seguinte maneira com o Metagame sem Nadu:

  • Necrodominance seria a principal aposta inicial de novo melhor deck do formato.
  • Estratégias que tem uma partida decente ou boa contra Necrodominance, como Izzet Murktide, Golgari Yawgmoth e Jeskai Wizards cresceriam como resposta a sua popularidade
  • Os Big Mana e Control continuariam aproveitando The One Ring da sua maneira, e dada as circunstâncias, é provável que decks Aggro seriam deixados de lado por algum tempo devido à hostilidade em torno deles.

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  • Nesse caso, banir The One Ring poderia ajudar os Aggros a se manterem no Metagame, especialmente para lidar com os Big Mana através do combate rápido, mas a partida deles contra Jeskai Control ainda pareceria ruim.

    O Problema de Acessibilidade e Reprint

    No momento da escrita deste artigo, The One Ring já bate a média de 100 dólares, com cópias MP sendo do Bundle sendo encontradas em marketplaces por até 70 dólares.

    Spikes de staples do Modern estão longe de ser novidade no jogo. De Nourishing Shoal até Soul Spike, cards disparam de preços com frequência por qualquer presença que tenham no Metagame, e The One Ring, sendo a staple mais importante do Pro Tour, alavancou junto.

    Mas tal qual muitos outros cards de Universes Beyond, relançar The One Ring requer um print específico com uma temática in-universe, tal qual ocorreram com os cards de Secret Lair: Stranger Things ou muitos outros nos slots de The List dos boosters - e um de difícil aquisição que dificilmente irá diminuir o preço do card de forma relevante.

    Fatores financeiros, entretanto, não são considerados pela Wizards of the Coast na hora de decidir o banimento de um card (do contrário, o Legacy não existiria como um formato), mas a quantidade limitada de cópias deste artefato disponível pode, no futuro, causar problemas na aquisição dela por novos jogadores e criar uma “bolha” em torno dos produtos de Universes Beyond - algo que, em teoria, a empresa gostaria de evitar fora do segmento de Secret Lair.

    E afinal, The One Ring deve ser banido?

    Em tese, os números altos do artefato no Pro Tour deveriam colocá-lo em uma posição crítica do Metagame, mas, ao mesmo tempo, jogadores já identificaram Nadu, Winged Wisdom como o card-chave problemático para o formato hoje.

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    Na sua ausência, é provável que Necrodominance tome o espaço de melhor deck durante algumas semanas e caberá ao Metagame se adaptar ao arquétipo da melhor maneira possível - e se este também quebrar o formato, é provável que o problema esteja no próprio encantamento do que na maneira como The One Ring complementa seu plano de jogo.

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    Nas estratégias de Big Mana, o artefato viu jogo desde o lançamento de Lord of the Rings e nunca se mostrou problemático demais. Talvez, a exceção esteja Gruul Eldrazi com seu combo em torno de Through the Breach, mas o Metagame parece ter as peças para se adaptar ao combo sem dificuldades, inclusive com outra estratégia que fez bom uso do artefato: Jeskai Control.

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    Portanto, as circunstâncias, apesar do excesso de cópias, não parecem apontar para a necessidade de um banimento deste card. Nós não pedimos banimentos de Lightning Bolt ou Tarmogoyf quando eles eram os cards mais jogados do Modern, e apesar do nível de poder do The One Ring estar muito acima da média, ele não se apresenta - no momento - como a peça problemática de decks problemáticos.

    Com o Creators Cup onde Nadu, Winged Wisdom estará banido, teremos uma ideia mais fixa de como o formato deve se adaptar após o fim de agosto, quando sai a próxima lista de banidas e restritas. Dependendo dos resultados de outros decks e da presença de The One Ring no Metagame, é possível que essa percepção mude e fique muito claro que o artefato precisa deixar o Modern pelo bem coletivo do jogo e a viabilização de outras estratégias, especialmente se o ambiente permanecer voltado para “quem faz sua estratégia mais injusta primeiro” e como o artefato interage com a proposta dessas partidas.

    Finalizando

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    Isso é tudo por hoje!

    Em caso de dúvidas, ou sugestões, fique a vontade para deixar um comentário!

    Obrigado pela leitura!