Magic: the Gathering

Deck Guide

Analisando o Metagame do Campeonato Mundial

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No artigo de hoje, faço uma análise dos deck que serão utilizados no Campeonato Mundial, comentando escolhas do maindeck e do sideboard, além de me aprofundar nos novos arquétipos que surgiram.

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revisado por Tabata Marques

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Os dezesseis competidores do Campeonato Mundial de Magic de 2021 escolheram suas armas: após um vazamento das listas por conta de um erro técnico da MTGMelee, a Wizards of the Coast postou as listas de cada jogador em seu site oficial, tornando-as públicas para toda a Internet, o que nos dá a possibilidade de, antes do torneio, analisarmos como o Metagame do evento se formou e o que podemos esperar dos jogadores além de, é claro, podermos analisar as listas que cada um utilizará e suas escolhas particulares.

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Neste artigo, pretendo passar minhas impressões e análise sobre os decks e comentar as escolhas particulares de cada jogador com base em listas de referência, além de também dar um guia para que os espectadores possam acompanhar, nos dias 8 a 10 de outubro, os jogos tendo em mente como cada lista funciona.

O Metagame do Mundial

Sem mais delongas, o Metagame do Mundial é composto pelos seguintes decks:

4 Izzet Epiphany

4 Grixis Epiphany

3 Mono-Green Aggro

2 Mono-White Aggro

1 Azorius Tempo

1 Izzet Dragons

1 Temur Treasures

A primeira coisa que podemos concluir ao olhar as escolhas dos jogadores é que decks de Alrund’s Epiphany são considerados os melhores decks do formato: quando oito dos dezesseis melhores jogadores de Magic do mundo decidem jogar com o mesmo arquétipo (mesmo com o Grixis sendo uma nova lista, falaremos mais sobre isso daqui a pouco), o que torna de 50% do Metagame baseado numa única estratégia, não há como dizer que o deck não está no topo do Standard atualmente.

O segundo arquétipo mais jogado é o outro arquétipo predominante do Standard atualmente: Mono-Green Aggro, que muitos consideram estar no topo do formato atualmente por ser o melhor predador dos decks de Epiphany, e particularmente me surpreende que apenas três jogadores tenham optado por este arquétipo, dado que, se analisarmos o Metagame do Standard dos últimos quatorze dias, veremos que o formato é essencialmente Epiphany vs. Mono-Green vs. O Resto, onde os decks Izzet possuem uma média de 30% do Metagame, enquanto o Mono-Green compõe cerca de 23%, e o terceiro deck mais jogado, Mono-White Aggro, possui apenas 5%.

Falando em Mono-White Aggro, dois competidores apostaram no plano de jogar mais rápido e de maneira mais evasiva do que o Mono-Green ao apostar neste arquétipo. O Mono-White Aggro pode não ter o poder individual alto que as cartas do Mono-Green possuem, o que essencialmente o torna mais vulnerável para as remoções vermelhas dos decks de Epiphany, mas possuem a vantagem de conseguir jogar rápido e com ameaças que tem um forte efeito disruptivo, como Reidane, God of the Worthy e Elite Spellbinder.

Já dentre os jogadores que utilizaram listas distintas, temos o Izzet Dragons, o Temur e o Azorius Tempo, dois desses decks já são bem conhecidos e possuem alguns resultados habituais, mas podem inicialmente parecer versões piores dos outros decks (o que pode dizer muita coisa sobre o estado do atual Standard), porém, as escolhas dessas listas também simbolizam por quais ângulos os competidores pretendem atacar.

Já o Azorius Tempo é um arquétipo inteiramente novo, com uma seleção de cards que foi nitidamente pensada em jogar bem contra os decks de Epiphany, e a grande questão é se este deck conseguirá desviar ou se portar bem contra os decks Mono-Green e outros arquétipos presentes no campeonato.

Tendo dito isso, vamos a uma análise dos arquétipos e comentários de listas em particular!

Izzet Epiphany

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Vamos começar com o principal deck do formato atualmente, o Izzet Epiphany, que essencialmente é um Combo-Control que procura realizar uma combinação de Alrund’s Epiphany com Galvanic Iteration para jogar dois turnos extras, e em seguida utilizar Burn Down the House copiado com Flashback de Galvanic Iteration para criar seis tokens 1/1 com Haste, ou também pode ganhar o jogo com Smoldering Egg (sendo flipado sozinho com o custo de Epiphany), ou ativações de Hall of the Storm Giants.

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Enquanto você não consegue realizar o combo e/ou prepara o setup para utilizá-lo, o deck conta com uma infinidade de interações de todo gênero para segurar o jogo, como removals, counterspells e outros meios de interação que permitem prolongar o jogo.

Alguns jogadores podem discordar da definição de que o deck é um Combo-Control porque seu combo não ganha o jogo de imediato, mas, particularmente, jogar dois turnos extras e colocar quatro tokens de Pássaro na mesa, se não ganhar o jogo, te colocará numa posição tão vantajosa que será muito difícil você perder porque suas jogadas durante estes turnos extras serão um acúmulo gigantesco de recursos e valor, é uma situação parecida com a combinação de Time Warp com Mizzix’s Mastery ou Velomachus Lorehold que levou ao banimento de Time Warp no Historic: Se você não ganhar o jogo, você estará tão à frente que já terá virtualmente ganho.

E para reforçar ainda mais essa natureza combo do deck, três das quatro listas do evento conta com o uso de um card específico que não havia sido visto nas listas anteriormente:

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Unexpected Windfall possui a vantagem de que os tokens de Tesouro criados pela mágica são essenciais em partidas de mirror, onde essa vantagem em mana permite jogar o combo mais rápido ou possuir mais mana para interações, e também para acelerar o plano de jogo contra os decks que procuram jogar por baixo, como o Mono-Green Aggro.

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Outro card importante das listas é Divide By Zero por não apenas servir para atrasar os planos do oponente, mas também para dar acesso a um “Lessonboard” que oferece alguma flexibilidade durante a partida.

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Três das listas são bem parecidas umas com as outras, apenas com algumas diferenças pontuais entre números de cartas no maindeck e/ou no sideboard, exceto pela lista do jogador Keisuke Sato, que parece apostar menos na velocidade e mais em jogar um plano de atrito, utilizando cards específicos como one-ofs, além de incluir Smoldering Egg para segurar o early-game dos decks Aggro enquanto serve como wincondition no late-game, enquanto as outras listas optaram por manter o pacote de Dragões no Sideboard.

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Os três destaques do maindeck destas listas para mim em relação ao atual Metagame são Test of Talents, como uma maneira de tentar resolver a mirror rapidamente ainda no Game 1, Burning Hands, para resolver Esika’s Chariot e Wrenn and Seven e Fading Hope que, no atual contexto do formato onde as maiores ameaças são tokens grandes, este card funciona como um Fatal Push azul com Scry 1.

O sideboard de todas as listas é um tanto parecido e com escolhas similares, mas a lista de Keisuke se destaca novamente pelo 1-of de Rowan, Scholar of Sparks, uma escolha interessante que reduz o custo de suas mágicas enquanto acumula algum valor com ambos os lados, incluindo a capacidade de servir como outro meio de copiar suas próprias mágicas.

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Grixis Epiphany

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A grande novidade deste torneio é o Grixis Epiphany, uma variante dos decks de Epiphany, projetada pelo jogador Gabriel Nassif, que particularmente considero um dos melhores deckbuilders do mundo da atualidade.

Um fato curioso a mencionar é que as quatro listas utilizadas pelos competidores são exatamente iguais, com as exatas mesmas 75 cartas, o que comprova o quão confiantes os competidores que a utilizaram se sentem sobre as escolhas de cada uma das cartas.

O Grixis Epiphany parece uma versão mais grindy do Izzet Epiphany, focado em ganhar jogos contra a mirror match e contra o principal predador do Izzet, Mono-Green Aggro, e a adição de preto dá espaço para a inclusão de ótimos cards no contexto atual do formato, como Power Word Kill e Duress, além de abrir espaço para outros cards importantes como Go Blank no Sideboard.

Um ponto interessante que enxergo neste arquétipo é a quantidade significativa de one-ofs que a lista usa: Cathartic Pyre, Cinderclasm, Demon Bolt, Power Word Kill, Prismari Command, Burn Down the House, e Bloodchief’s Thirst são todos cards utilizados em apenas uma cópia, o que pode pecar um pouco na consistência com qual o arquétipo tem acesso a elas no momento certo, mas também abre um espaçamento maior entre a flexibilidade das suas escolhas durante a partida e tira a previsibilidade das suas respostas para o oponente, algo que contaria muito mais se as decklists não tivessem sido divulgadas antecipadamente.

Dois cards dessa lista se destacam a meu ver:

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The Celestus definitivamente não era o card que eu esperava ver num deck do Mundial, especialmente porque ninguém deu muito valor a ele ao decorrer da spoiler season e do começo da temporada competitiva, mas sempre existem aqueles cards que nos surpreendem quando aparecem num torneio de alto nível, e The Celestus pode se tornar o Mazemind Tome desta temporada.

O artefato, em conjunção com as Slow Lands, tornam de uma manabase de três cores muito mais acessível do que essencialmente acreditávamos no começo da season, dando ao deck acesso consistente às cores que necessita conforme a situação.

Além disso, o card também produz um meio significante de filtragem de mão com um efeito de looting e um jeito de ganhar algum tempo (mesmo que pequeno e, em algumas ocasiões, pouco relevante) contra as estratégias agressivas, sendo, portanto, um card que dificilmente será inútil durante o jogo.

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Uma criatura de cinco manas que, essencialmente, não faz nada por conta própria não é um card muito empolgante de se utilizar, mas com tantas mágicas úteis na lista e tantos meios de grindar jogos, Lier, Disciple of the Drowned torna-se uma máquina de card advantage se ficar em jogo e, com acesso a cards como Duress e Fading Hope em seu cemitério, não é muito difícil protegê-lo de remoções ou outros meios de interação dos oponentes e, se você desvirar com ele em jogo, você pode extrair tanto valor dele que será tão impactante quanto se você tivesse conjurado um Alrund’s Epiphany.

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A propósito, Lier, Disciple of the Drowned permite que você conjure qualquer cópia de Alrund’s Epiphany que tenha sido anulada ou descartada pelo oponente.

O sideboard do deck também conta com algumas opções interessantes:

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Fora as cópias extras de descartes e removals, o deck conta com alguns cards que não viram tanto jogo no formato ainda:

Cyclone Summoner é uma escolha bem peculiar e pode dar muito certo ou muito errado, a depender do andamento da partida, conseguindo segurar ou até mesmo virar o jogo por conta própria contra decks agressivos enquanto mantém um corpo 7/7 na mesa, e este deck não parece ter dificuldades em chegar até sete manas.

Mind Flayer é a versão de 2021 de cards que viram bastante jogo em listas que ganharam campeonatos mundiais anteriores, como Sower of Temptation e Confiscation Coup.

Por fim, um card que tem crescido no formato e, no meu ver, será o grande destaque do torneio é Malevolent Hermit como uma criatura que segura as principais cartas do formato atualmente, enquanto seu outro lado permite que você conjure seu combo sem ser interrompido pelas interações do oponente.

Este parece, para mim, ser o deck com o maior potencial do evento, e todos os jogadores que optaram por utilizar a lista são muito conhecidos pelos seus bons resultados e listas inovadoras e, se o deck foi de fato construído pelo Gabriel Nassif, eu diria que esse deck é um passaporte quase certeiro para o último dia do campeonato.

Mono-Green Aggro

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O Mono-Green Aggro possui uma estratégia bem direta: Bater e bater forte.

E o arquétipo consegue executar este plano de jogo muito bem porque mistura uma manabase muito estável com criaturas possuem uma efetividade de custo devastadora, com Werewolf Pack Leader sendo uma criatura 3/3 por duas manas, enquanto Old-Growth Troll e Kazandu Mammoth comumente serão 4/4 e 5/5 respectivamente por três manas.

O deck também conta com um pacote de grind poderosíssimo que passa por duas das principais Staples do formato atualmente: Esika’s Chariot, que costuma dominar o jogo se ficar na mesa, cria dois tokens 2/2 quando entra em jogo e ainda interage muito bem com os outros cards deste pacote: Wrenn and Seven e Ranger Class.

Wrenn and Seven é, provavelmente, o card mais poderoso de Innistrad: Midnight Hunt, já que oferece ramp, ameaça e wincondition no mesmo card por cinco manas, mas, comumente, sua principal habilidade será a de criar um token de Treefolk gigantesco, que poderá tripular Esika’s Chariot, que copiará o token e esta combinação costuma ganhar o jogo.

Por fim, temos Ranger Class, que cria um token quando entra em jogo, pumpa suas criaturas e serve como card advantage no Late-Game, onde você pode abusar de sua habilidade para jogar múltiplas ameaças repetidas vezes, dificultando para o oponente manter as trocas de 1-por-1.

Falando em trocas de 1-por-1, este deck possui uma vantagem natural contra os decks Izzets por conta da dificuldade que o arquétipo oferece em fazer o oponente manter suas trocas favoráveis: Cards como Old-Growth Troll se substituem se morrerem, enquanto Esika’s Chariot comumente forçará um 3-por-1, e cards como Faceless Haven e Primal Adversary dão bastante alcance no late-game e forçam o oponente a respeitar e considerar bem cada troca que ele fizer.

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Paulo Vitor e Sam Pardee estão utilizando essencialmente a mesma lista para o torneio, enquanto a lista de Seth Manfield possui algumas diferenças, e acredito que algumas podem ser mencionadas aqui:

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A principal diferença entre as listas é a escolha do “mana dork”, onde o PV e Sam Pardee optam por Sculptor of Winter enquanto Seth opta por Lotus Cobra.

Ambas possuem vantagens e desvantagens, e acredito que o ponto crucial entre ambos é a consistência com qual você consegue rampar com o card e, se possível, realizar a sequência de Esika’s Chariot no turno 3 e Wrenn and Seven no turno 4, ou até mesmo manter a paridade de recursos na draw durante a mirror, caso seu oponente não venha com um mana dork enquanto você sim.

Nesse quesito de consistência, Sculptor of Winter é uma opção melhor, pois não depende da utilização de outro card para rampar, enquanto Lotus Cobra, apesar de ser uma criatura atacante melhor e isso ser relevante em partidas contra decks Control, depende de um recurso extra da sua mão para rampar que, por algumas vezes, pode falhar e esta falha pode lhe custar o jogo.

Outra escolha interessante é a de Unnatural Growth como um one-of no maindeck da lista de Seth Manfield, enquanto as demais listas optam por uma cópia de Snakeskin Veil, e isso também depende bastante da partida que você espera enfrentar: Unnatural Growth é particularmente muito bom na mirror match ou contra decks de criatura enquanto também cria um clock que não é ruim contra Fading Hope, como é o caso dos tokens de Wrenn and Seven, enquanto Snakeskin Veil é melhor para lidar com removals dos oponentes e oferece trocas favoráveis como uma combat trick entre os jogadores.

A inclusão de Unnatural Growth torna da mana do arquétipo mais gananciosa, o que pode justificar o uso de duas cópias de Lair of the Hydra na lista de Seth Manfield.

Existem também opções interessantes no sideboard dos três jogadores, como Devouring Tendrils e Choose Your Weapon, ou Ashaya, Soul of the Wild na lista de Seth, mas a parte mais interessante com certeza é a inclusão de Tajuru Blightblade, aquela carta dispensável do draft que está agora no sideboard dos três Mono-Green do campeonato mundial porque é bom em servir como “removal” nas partidas de criaturas.

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Dito isso, acredito que o clock do torneio será definido pelo Mono Green, e os três jogadores que optaram pelo arquétipo são ótimos competidores, incluindo dois que já foram campeões mundiais em edições passadas, e com certeza saberão jogar muito bem e tomar as melhores decisões de acordo com cada ocasião.

Mono-White Aggro

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O último deck com mais de uma cópia que veremos hoje é o Mono-White Aggro, e na realidade, ambos os jogadores estão jogando com exatamente a mesma lista.

O arquétipo era o melhor deck da temporada de Standard 2022 antes do lançamento de Innistrad: Midnight Hunt e, aparentemente, continuou mostrando-se um competir à par do formato, mesmo diante das duas powerhouses que são o Izzet Epiphany e o Mono-Green Aggro.

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O plano de jogo deste deck é bem simples: jogar ameaças de custo baixo e cards que interagem bem entre si para jogar “por baixo” dos decks Control, enquanto a evasão de algumas ameaças e as interações com a mesa que alguns cards oferecem permitem ao deck ir bem contra o Mono-Green Aggro, tornando-o uma opção relativamente boa para estar “no meio” destes dois decks.

Atualmente, considero que os cards mais importantes do deck estão no custo 3.

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Reidane, God of the Worthy é um taxing effect especialmente devastador contra ambos os principais decks do formato, além de também atrasar significativamente a mirror match ao forçar que lands nevadas entrem no campo de batalha viradas, enquanto sua habilidade de aumentar o custo das mágicas do oponente é relevante contra sweepers e Alrund’s Epiphany

Elite Spellbinder é uma poderosa staple do formato, e oferece uma ameaça evasiva, o que é importante contra o Mono-Green, enquanto atrasa o jogo do oponente e lhe oferece informações para saber como planejar suas próximas jogadas e tentar jogar em volta do plano de jogo do oponente.

Adeline, Resplendent Cathar é uma nova adição ao arquétipo e lembra, de muitas maneiras, Brimaz, King of Oreskos que foi, durante um certo período, uma staple de um Standard passado, e estabelece muita pressão ao entrar em jogo com um corpo que precisa de removals específicos para ser respondido pelo oponente, e sua habilidade de criar tokens pode aumentar significativamente o clock durante uma partida, e torna-se praticamente imbatível equipada a um Maul of the Skyclaves.

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As duas inclusões da lista que não são comuns de se verem nas versões tradicionais do deck são Stonebinder’s Familiar e Sungold Sentinel.

Stonebinder’s Familiar possui uma utilidade relevante num formato onde a lista faz uso recorrente de efeitos de exílio com Brutal Cathar, Skyclave Apparition, Elite Spellbinder, Portable Hole e Fateful Absence, além do também adicionado Sungold Sentinel, tornando desta criatura uma ameaça que pode crescer mais rápido do que as outras criaturas comumente vistas nesse slot, podendo chegar á 3/3 ou até mesmo 4/4 com as sequências certas.

Sungold Sentinel é uma escolha interessante: além de interagir bem com Stonebinder’s Familiar e lidar com cards com Flashback ou Disturb dos oponentes, sua habilidade ativada com Coven (sendo relativamente possível e fácil de ser utilizada nesta lista) permite que ele se torne uma criatura não-bloqueável contra os decks agressivos, enquanto a protege de removals pontuais dos decks de controle, além de oferecer um corpo 3/2 por duas manas, o que é relevante nas partidas com poucas criaturas como o Izzet Epiphany.

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No Sideboard, o destaque fica para Curse of Silence para atrasar os sweepers ou Epiphanys dos oponentes sem se tornar uma carta inútil com o decorrer da partida, além de criar um delay maior do que o de Paladin Class.

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O outro destaque é You’re Ambushed on the Road, que pode servir como uma forma barata de proteger suas criaturas mais importantes de removals e sweepers, além de servir como um combat trick útil na mirror match, e interage muito bem com cards com efeitos de ETB como Elite Spellbinder, Luminarch Aspirant ou Sungold Sentinel.

Azorius Tempo

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Agora que chegamos às listas que tiveram apenas uma cópia de cada, começaremos pela lista exclusiva criada pelo jogador japonês Noriyuki Mori, o Azorius Tempo.

Um ponto que gostaria de ressaltar sobre esse deck é que sua existência dentre os decks que competirão no formato me deixa um pouco deprimido pelo vazamento precoce das listas durante esta semana, porque esse deck é um verdadeiro suco de Metacall que funcionaria com certeza muito melhor se seus oponentes não entendessem exatamente como ela funciona.

Mas, agora que as listas estão disponíveis, com certeza os mais diversos jogadores já testaram a lista de Noriuky e compreendem suas vantagens e desvantagens, o que pode decorrer em uma terrível falha estratégica causada por um erro técnico que não era de responsabilidade do jogador, prejudicando-o significativamente na parcela de Standard do maior evento competitivo de Magic da temporada.

Não estou dizendo que a lista é ruim, pelo contrário, ela possui um enorme potencial para ser um dos destaques do torneio, mas ela definitivamente seria muito melhor contra oponentes despreparados.

Dito isso, o que o Azorius Tempo procura fazer é o clássico plano de jogo dos Tempo decks, nas devidas proporções do Standard: Recorrer a ameaças eficientes, muitas delas com valor agregado, e soma-las a interações de custo baixo que permitem atrasar o plano de jogo do oponente por tempo o suficiente para estabelecer uma vantagem significativa.

Este deck, que tem sua base retirada do Mono-White Aggro, troca os one-drops e velocidade da versão monocolor por um jogo mais interativo que funciona muito bem quando você estabelece a pressão nos primeiros turnos, já que você pressionará o oponente a jogar suas bombas e, se analisarmos os dois principais decks do formato, vemos que eles se tratam de tentar jogar as bombas o quanto antes, e atrasá-las com Concerted Defense, que interage bem com um pequeno subtema de Party que a lista possui, ou remover criaturas com Fading Hope são de grande vantagem para esta lista.

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Tal como o Mono-White, esta lista aposta em atacar pelo ar para lidar com decks como o Mono-Green Aggro, e faz isso de maneira muito mais eficiente já que conta com mais ameaças voadoras.

Em especial, dentre elas, destaco Spectral Adversary como um card que joga muito bem contra os decks agressivos ao lidar com bloqueadores, atrapalhar a matemática de combate do oponente e ainda entrar em jogo com Flash, enquanto também serve para proteger outras das suas ameaças ao tirá-las de fase diante de um removal ou sweeper, e tudo isso enquanto oferece um corpo relevante e evasivo.

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Também há Legion Angel, que oferece um bom clock no ar que se “multiplica” ao decorrer dos turnos, buscando cópias adicionais dele do Sideboard.

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As cópias de Malevolent Hermit no maindeck são especialmente relevantes para um arquétipo cujo alvo é definitivamente os decks voltados para mágicas, já que ele oferece um corpo bom para atacar, um counterspell e uma ameaça evasiva do cemitério num único card.

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O Sideboard deste deck pode ser dividido nas três categorias vistas acima:

— Cartas para lidar com partidas mais agressivas, com removals e trocas de 1-por-1;

— Cartas para lidar com partidas voltadas para mágicas, como cópias adicionais de Malevolent Hermit e Concerted Defense;

— E cartas para estender o jogo e obter mais fôlego em partidas de atrito, com Loyal Warhound como um clock + um meio de rampar ou manter uma equidade de land drops e Alrund’s Epiphany como uma bomba de late-game.

Particularmente, esta é a lista mais interessante do campeonato para mim, e espero de verdade que Noriyuki Mori possa nos mostrar o quanto de potencial esta lista possui no atual metagame do Standard!

Izzet Dragons

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O Izzet Dragons não possui o pacote de “turnos infinitos” do Izzet Epiphany, mas sua escolha para este campeonato pode ser muito bem recompensada por conta do número de decks e cards utilizados voltados para lidar com a versão sem criaturas do arquétipo, tornando-o um deck que se apresa dos decks que procuram se apresar dos decks de Epiphany, enquanto ainda é um arquétipo um tanto frágil contra removals pontuais e Wrenn and Seven.

O Izzet Dragons funciona essencialmente como um Midrange, procurando realizar trocas de 1-por-1 com seus removals até que possa utilizar Goldspan Dragon para começar a agredir o oponente pelo ar, enquanto a mana oferecida pelo dragão pode ser utilizada para conjurar mais respostas ou iniciar a sequência de Alrund’s Epiphany, que essencialmente ganhará o jogo com um Dragão no campo de batalha.

É importante ressaltar que os Midranges estão em baixa justamente pela combinação de race do Mono-Green vs. Inevitabilidade do Izzet Epiphany, o que o coloca numa situação desconfortável neste evento, mas ele funciona muito bem contra decks agressivos menores como o Mono-White, e sua mistura de clock eficiente com trocas favoráveis pode render bons jogos para Yuta Takahashi.

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A lista de Yuta também conta com um número interessante de one-ofs, incluindo uma cópia de Dissipate, o que é particularmente um pouco inesperado, mas é uma adição interessante contra Memory Deluge, Galvanic Iteration ou criaturas com Disturb.

Outro ponto que me chama a atenção na lista é a ausência de Burning Hands no maindeck, onde Yuta preferiu utilizar Thundering Rebuke como uma resposta mais abrangente e lida melhor contra outros Goldspan Dragon e Smoldering Eggs, deixando o outro card como três cópias no Sideboard, que também inclui um “lessonboard” para ser buscado com Divide By Zero, além de outras respostas pontuais e um playset de Malevolent Hermit.

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Temur Treasures

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Por fim, nós temos o Temur Treasures, que será pilotado por Jean-Emmanuel Depraz.

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De muitas maneiras, o Temur Treasures essencialmente funciona como o Gruul Magda da season passada, onde você utiliza da interação de Jaspera Sentinel com Magda, Brazen Outlaw para acelerar a mana rapidamente e utilizar de bombas como Goldspan Dragon e Esika’s Chariot

A escolha de Goldspan Dragon ao invés de Wrenn and Seven é bem interessante e me soa uma escolha consciente para aumentar a pressão que o deck consegue estabelecer e se tornar menos suscetível ao principal “removal” do formato atualmente, Fading Hope, já que o card, apesar de “comprar” um turno para o oponente ao ser utilizado no Dragão, não apenas lhe dará um token, como ele terá de resolver o problema novamente no turno seguinte.

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Outros cards poderosos desta lista incluem Moonveil Regent como uma ameaça evasiva que atava forte e te permite repor sua mão, essencialmente funcionando como um Experimental Frenzy com corpo, e Reckless Stormseeker como um drop 3 agressivo que essencialmente torna de todas as suas criaturas uma ameaça com impacto imediato, sendo muito importante com Esika’s Chariot ou Moonveil Regent.

Mas, onde entra o azul?

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Essencialmente, este deck perderia muito fácil para qualquer deck de Epiphany porque não estabelece pressão o suficiente para ganhar o jogo rapidamente e interage muito mal com mágicas, especialmente quando seu oponente pode direcionar os removals às melhores criaturas.

Logo, o deck necessita de meios de interagir com as bombas que os oponentes utilizam, e cards como Negate e Disdainful Stroke são as melhores opções para isso e dificilmente o arquétipo será punido por utilizar este splash ao ter acesso às Pathways, além do manafixing de Jaspera Sentinel e dos tokens de Tesouro.

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Este deck possui algumas opções estranhas no Sideboard, onde não tenho certeza de por qual motivo Reckless Stormseeker no side é mais importante do que quatro cópias no Maindeck, mas posso supor que algumas cartas precisavam sair para entrar algum nível de interação na lista, em especial com Negate.

Mas e quanto ao Kessig Naturalist? Ele está ali para ajudar a rampar em partidas onde se faz necessário jogar rápido enquanto estabelece um clock? Não tenho certeza de onde este card se encaixa na estratégia do deck para merecer um slot no sideboard no lugar de outro card mais útil, mas quem sou eu para questionar alguém que trabalhou duro durante a temporada para chegar ao Mundial?

Tenho certeza que Jean-Emmanuel Depraz sabe o que está fazendo e veremos a utilidade de Kessig Naturalist ao decorrer das partidas!

E quanto aos banimentos?

Ocorreram muitos debates sobre banimentos no Standard nas últimas semanas, em especial dos cards Alrund’s Epiphany e Esika’s Chariot por serem os cards que parecem estar acima da média do formato nos dois arquétipos predominantes.

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Acredito que este assunto merece um artigo próprio, portanto, não vou me prolongar muito aqui, mas vimos nas últimas semanas como ambos os cards podem levar jogos para estados onde não há como o oponente voltar, pois oferecem uma quantidade significativa de vantagens na mesa (e afinal, como o token de Wrenn and Seven não é lendário e não se chama Seven?).

Particularmente, acredito ser uma questão de tempo até que Alrund’s Epiphany seja banido porque ficou evidente que seu deck é considerado o melhor deck do formato, e é um arquétipo que leva a padrões pouco divertidos de jogo, algo que a Wizards tem procurado evitar manter no Standard faz alguns anos.

O caso de Esika’s Chariot é um pouco mais complicado, pois precisaríamos avaliar como o formato ficaria sem Epiphany, o que possibilitaria a existência de midranges que poderiam, possivelmente, lidar com o artefato sem necessariamente precisar bani-lo, mas existem hipóteses reais de Esika’s Chariot se tornar o tipo de card obrigatório de se utilizar no formato, e onde os decks verdes prevalecem no Metagame em diversas variantes pela sua existência, e logo devemos questionar se queremos outro Standard onde os decks predominantes são green-based, dessa vez, construídos em volta da interação de Wrenn and Seven com Esika’s Chariot.

De qualquer maneira, o destino de ambos os cards está diretamente vinculado aos seus resultados no torneio deste fim de semana, e não me surpreenderá se, caso estes decks dominem o último dia, na semana que vem ou nos próximos quinze dias, tivermos uma atualização de Banidas e Restritas.

Conclusão

Esta foi minha análise do metagame do Campeonato Mundial de 2021, que ocorre neste fim de semana, nos dias 8 a 10 de Outubro, e você pode conferir a cobertura completa do evento ao vivo no canal oficial de Magic.

Na semana que vem, poderemos analisar os resultados dos participantes e o que isso pode significar para o futuro do Standard.

Encerro este artigo desejando boa sorte aos competidores, em especial para o nosso conterrâneo, Paulo Vitor Damo da Rosa, e torcendo pelo seu bicampeonato mundial!

Obrigado pela leitura!