Magic: the Gathering

Opinion

Legacy: Especulações sobre banimentos

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Novamente, nos vemos em um formato estrangulado pelo poder do UR Delver. Será que chegou a hora da Wizards tomar uma atitude? E quem pagará pelos crimes do deck?

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revised by Tabata Marques

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Saudações, meus amigos! Nesse meu último artigo antes de sair de férias para uma longa viagem até o fim do mundo, resolvi falar daquele assunto que todo mundo ama falar: especulação de banimentos no Legacy!

Por que banir?

Existem diversos motivos que podem levar ao banimento de uma carta, mas fundamentalmente eles se encaixam em duas categorias: interações problemáticas e distorção de metagame.

Na primeira categoria temos cartas que geram picos de poder que são muito difíceis de serem respondidos, levando ao surgimento de decks degenerados. Temos como exemplos recentes Underworld Breach, Oko, Thief of Crowns e Wrenn and Six. Já no segundo tipo, temos cartas que habilitam decks a se tornarem tiranos do formato de uma maneira que o metagame não consegue se autocorrigir de maneira saudável, levando a situações como “tech cards” (cartas que respondem a uma situação específica, como, por exemplo, Pyroblast) migrando dos sideboards para o main.

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Muitos dos banimentos dessa categoria nem são da carta-chave de seus decks, mas apenas uma maneira de trazê-los a níveis mortais. Temos aqui cartas como Arcum’s Astrolabe, Dreadhorde Arcanist e Deathrite Shaman.

Mas o que seria essa autocorreção do Meta?

Existem 2 métricas para se analisar a influência de um deck em um determinado formato: Popularidade e Efetividade.

Geralmente, quando um deck é muito popular, seus índices de efetividade tendem a sofrer, já que ter um alvo maior nas suas costas faz com que os demais jogadores se prepararem melhor contra ele. E de maneira similar, quando algo novo surge com um índice alto de efetividade, mais jogadores embarcam nesse trem e acabam por afetar negativamente a sua efetividade por alguns fatores: não estarem bem adaptados ao novo deck, demais jogadores se adequando à nova ameaça do formato, um entendimento melhor de como funciona e como jogar contra ele.

O problema acontece quando mesmo sobre fogo cerrado do meta, um deck desponte ao mesmo tempo como o mais popular E o mais efetivo. Isso é um indício que o meta não conseguiu se adaptar a ele e medidas externas serão necessárias para balancear o formato.

Nesse momento, há um deck assim no Legacy. E o formato não está se autocorrigindo.

Sobre Initiative

Antes de entrar na discussão sobre o que fazer com o Delver, uma palavrinha sobre o novo hype do Legacy: os decks brancos de Initiative (Tomar a Dianteira) tomaram de assalto o formato com bastante efetividade e muito jogadores tem questionado se também seria o caso de alguma peça desse deck ser contemplada com o Martelo da Banição também.

Na minha opinião, esse não é o caso, ainda. A habilidade de se aventurar na masmorra de Undercity é bastante forte e um pesadelo para os decks mais lentos, mas o arquétipo é ainda muito recente e não-refinado, sofre contra os combos mais desleais e ainda não fi assimilado pelo Meta.

Lembra muito a situação de quando o 8-cast surgiu e teve um pico de popularidade e muitas pessoas queriam o fim do mundo. Mas dado o tempo certo, foi um exemplo do meta se autocorrigindo e o hoje o deck é mais uma das várias opções viáveis no Legacy. Acredito que esse deva ser o mesmo caminho que o White Initiative irá tomar.

O Tirano do Formato

Como eu disse no meio artigo sobre o UR Shredderlink outside website, o núcleo de Brainstorm, Ponder, Daze, Force of Will e Wasteland vem carregando o estandarte de líder do formato por muito tempo e por muitas iterações: Temur, Sultai, Grixis, Jeskai e atualmente Izzet, sobrevivendo vários e vários banimentos e ainda assim prevalecendo como o deck mais popular e, quase sempre, o mais efetivo do Legacy.

E estamos novamente nessa situação, um Meta onde Pyroblast e Carpet of Flowers se tornaram opções válidas no main deck para tentar combater a ameaça.

Embora não tão opressor nas versões físicas, onde a disponibilidade de cartas e o apego dos jogadores aos seus decks de estimação tem maior influência, no Magic Online, onde esses fatores são menos fortes, o seu domínio é indisputado.

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Nas ligas, onde se vê decks um pouco mais casuais, ele dá uma folga, mas nos grandes torneios, a quantidade de UR Delver nos top 8s chega a ser obscena. A Wizards desconversou, demonstrou números que despertaram a dúvida na comunidade, mas a pressão está aumentando. Mais cedo ou mais tarde, algo vai ter que dizer adeus.

Mas o quê? Eu vejo 3 caminhos:

A opção nuclear

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Essa aqui, acredito que é a opção menos provável, pois mexe com um dos pilares do formato. A resposta sobre como lidar com o problema do Delver depende do que a Wizards quer que o deck seja no pós-banimento. E, pelo o que ela tem demonstrado em banimentos anteriores, a Wizards quer que o deck permaneça como um dos principais arquétipos do formato.

Pois se o objetivo fosse obliterar o deck da existência, a carta a qual ele não tem substituto é Daze. O resto do núcleo pode ser considerado como intocável, pois joga em uma infinidade de outras variantes, além do fato de que Force of Will é a cola que evita que o formato descambe para uma miríade de decks degenerados como Oops! All Spells e Belcher.

Daze, por outro lado vê jogo em poucos outros decks além do Delver. Há um argumento que seu banimento levaria a um aumento descontrolado de combos, mas com Force of Will e Force of Negation, além das opções de descarte de 1 mana como Thoughtseize e Inquisition of Kozilek, o formato poderia se adaptar.

As opções balanceadoras

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Por outro lado, se seguir a sua tendência, a Wizards deve apenas remover algum dos novos brinquedos do Delver, o deck perde um pouco da sua consistência, mas o núcleo de cartas o mantém forte e logo estamos de volta ao mesmo problema. Já vimos essa história com Dreadhorde Arcanist, com Ragavan, Nimble Pilferer, com Lurrus of the Dream-Den. Costumo dizer que mesmo que a Wizards acordasse encapetada e decidisse banir todas as criaturas presentes nas listas atuais do deck, amanhã uma nova versão com outros 1-drop ressurgiria das cinzas e o deck seguiria forte, embora debilitado.

Mas voltando às opções na mesa, os dois alvos mais claros são Expressive Iteration e Murktide Regent. Ambos conferem um ângulo diferente ao deck e podem temporariamente abalar o seu domínio sobre o formato.

Antes do lançamento de Strixhaven, o Delver era fundamentalmente um deck de Tempo, com praticamente nenhum mecanismo de Card Advantage, buscando sufocar o oponente sob Dazes e Wastelands apenas o suficiente para que dos seus bichos terminasse o jogo, com um ou dois Lightning Bolt na fuça por segurança.

Veio então Expressive Iteration que, a um custo embora pesado — 2 manas inteiros, oferece uma opção de recarga para uma segunda onda de ataques. Um aumento efetivo no número de cartas a qual o deck tem a sua disposição, muitas vezes aliado a um Mystic Sanctuary maroto. Se Iteration for a bola da vez, o deck pode se adaptar com Predict e mais Mishra’s Bauble se quiser seguir com a rota de Card advantage, ou simplesmente voltar a ser o deck 100% tempo de antes.

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O outro camarada no banco dos réus é Murktide Regent, mais uma das infindáveis bombas de MH2. Antes dele, o mais comum era ver listas de Delver focadas em bichos de custo baixo além do Mago Mosca que dá o nome ao deck, justamente para ganhar valor com suas cartas de disrupção. Entra em cena o 7/7 ou 8/8 por 2 manas e agora a estratégia pode de repente se metamorfosear em um porrete que acaba com o jogo em 1 ou 2 turnos, nada mais de ter que ficar pinicando com Delver of Secrets por vários turnos.

Sua saída abriria alguns caminhos para o deck: voltar para 3 cores e ressuscitar o Gurmag Angler, desenterrar a baleia Ethereal Forager — opção muito menos beatdown do que o atual; procurar o caminho em um 2-drop que aparece de vez em quando como Ledger Shredder ou Third Path Iconoclast.

De qualquer maneira, o deck sobrevive, mas perde um dos seus caminhos mais tranquilos para a vitória.

Conclusão

A meu ver, essas são as principais opções na mesa para reduzir o domínio do deck no formato. Alguns jogadores gostam de incluir Dragon’s Rage Channeler como uma opção, mas considero essa opção bastante improvável.

Eu, pessoalmente, gostaria de ver a sacudida no formato que a saída de Daze causaria, mas se tivesse que apostar o meu escasso dinheirinho em alguma das alternativas acima, acredito que a bola da vez vai ser a Expressive Iteration, visto que a Wizards tem procurado segurar os mecanismos de Card Advantage, como vimos nos banimentos de Dreadhorde Arcanist ou Ragavan, Nimble Pilferer. Ou pode ser que nada aconteça e o Delver tenha mais meses de passe livre para domínio irrestrito!

Com isso termino minha participação em 2022. Um abraço, feliz Natal, feliz Ano Novo e nos vemos em 2023!