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Modern: 5 Decks capazes de sobreviver a um novo Modern Horizons

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O Modern foi alterado para sempre com os Horizon sets. Desde então, jogadores temem verem seus decks invalidados com uma nova expansão dedicada ao formato. Neste artigo, apresentamos cinco arquétipos que podem sobreviver a um novo "efeito Modern Horizons".

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rivisto da Tabata Marques

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Durante a pandemia, o Modern mudou para sempre. Jogadores reclamam até hoje que o impacto de Modern Horizons II foi tão marcante para o Metagame que invalidou uma dúzia de arquétipos, transformou outros por completo e passou a criar medo nos jogadores de que um próximo set dedicado ao formato possa fazer com que o investimento deles seja em vão.

No artigo de hoje, vamos apresentar alguns decks que, em teoria, conseguem passar quase ilesos do que chamamos de "efeito Horizons", tornando-os investimentos relativamente seguros para quem queira adentrar no Modern sem o risco de sua lista tornar-se completamente inútil sem aquisições de uma dezena de cards de outro set com um power level muito alto.

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O Fator da Flexibilidade

Mas como exatamente definiremos quais decks tem mais ou menos chances de sofrer com os impactos que outro futuro Horizons set tenha no Modern? Afinal, o formato parecia completamente sólido até que Ragavan, Nimble Pilferer, Solitude, Murktide Regent e Shardless Agent mudassem a face do cenário competitivo.

Apesar de que, sim, todo deck está passivo a sofrer grandes mudanças com novos lançamentos, alguns deles são mais resilientes a alterações do que outros. Normalmente, isso envolve muito a relação da estratégia que ele propõe com os cards que ele utiliza: quanto mais focado em um plano, menores são as chances dele precisar de muitas peças novas.

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Vamos usar como exemplo um dos meus decks favoritos, Death's Shadow. Esse arquétipo é um dos mais flexíveis da história do jogo desde a sua ascensão, em 2017, com variantes de Jund, Grixis, Mardu e Rakdos, cada uma propondo uma estratégia distinta, mas todas utilizando basicamente o mesmo core de Fetch Lands + Shock Lands + Thoughtseize.

O que torna de Death's Shadow passivo demais a mudanças é que o restante do deck é altamente substituível conforme o Metagame: você não quer Fatal Push quando há poucas criaturas de custo baixo no formato, e você não quer Lightning Bolt quando tudo sobrevive a ele, então seu dono o altera conforme as demandas do Modern e, por consequência, precisa se adaptar melhor ao que chega de novo - Death's Shadow ainda funciona sem Ragavan, Nimble Pilferer, ele só fica pior sem ele e o macaco albino fará falta numa mirror de Midranges.

Portanto, quanto mais flexível for o plano de jogo e as cartas que estão no deck, mais provável é de que um "Modern Horizons III" lhe obrigue a adaptá-lo com novas inclusões que podem, sim, ser bem caras e praticamente rotacionar o seu Maindeck e/ou Sideboard.

Portanto, para preservar sua lista por mais tempo, adentrar no Modern com estratégias lineares são uma ótima opção, pois a resiliência deles quanto a coisas novas é bem alta, e o card precisa ser muito bom para merecer seu espaço. Claro que há exceções, como o caso do Living End, que adotou a maioria dos elementais com Evoke e Force of Negation porque eles se encaixam perfeitamente em seu plano de jogo, mas a exceção a regra teve de encontrar um ciclo muito específico de cards que, por acaso, vieram dos dois últimos Horizon sets.

No entanto, segue abaixo cinco decks que teoricamente são mais resilientes ao "efeito Horizons".

Cinco Decks Modern capazes de sobreviver ao Efeito Modern Horizons

Burn

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Burn essencialmente quer apenas duas coisas: criaturas baratas que atacam rápido e mágicas de dano eficientes. Seu plano de jogo é voltado para causar a maior quantia de dano na menor sequência de turnos possível, e já conta com diversas staples históricas, como Lightning Bolt e Boros Charm para alcançar esse objetivo.

Na categoria de mágicas, seria necessário algo muito absurdo ou um reprint muito específico para que o Burn quisesse incluí-lo em sua lista. Por exemplo, Chain Lightning e Fireblast seriam reprints possíveis em um Horizon set que se tornaria um staple para o deck, mas esse é o mais longe que o arquétipo conseguiria ir em termos de power level hoje, pois Lightning Bolt já é a mágica exemplar e mais eficiente do formato na sua categoria, e não imagino a Wizards lançando uma versão aprimorada deste card sem um drawback.

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O quesito de criaturas é onde as coisas ficam um pouco cinzentas: as três principais ameaças do Burn hoje são as mesmas desde Khans of Tarkir, e nada chegou perto de colaborar para o seu plano de jogo, nem mesmo Ragavan. Portanto, seria necessário um one-drop mais agressivo e menos punitivo que Goblin Guide, ou uma criatura que ofereça mais colaboração com seu plano de jogo do que Eidolon of the Great Revel ou Monastery Swiftspear, e nenhuma dessas mudanças tornaria do Burn algo totalmente diferente do que ele é hoje.

Outro ponto importante sobre o Burn é que reprints são fáceis de se adquirir, e criaturas novas que pudessem adentrar ao deck provavelmente só se encaixariam na categoria de Burn/Prowess no Modern, evitando que ele se torne uma obrigatoriedade para todo arquétipo com vermelho do Metagame.

Tron

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Tron é um arquétipo muito específico, cujo plano de jogo envolve juntar um set específico de lands e conjurar bomba atrás de outra até soterrar o oponente em valor. Sua lista é essencialmente composta de Lands, Tutores e Payoffs.

No quesito de Lands, a menos que a Wizards decida lançar um novo ciclo incolor que seja tão eficiente ou mais rápido do que o Urzatron, o deck está seguro, e considerando que Cloudpost é banida do Modern, creio que a Wizards esteja contente em manter a matemática de 1+1+1 = 7. Logo, para uma land chegar ao Tron em múltiplas cópias, ela teria de colaborar ativamente com o que o deck se propõe a fazer: buscar as demais peças. Do contrário, elas no máximo se tornariam one-ofs, como foi o caso com Boseiju, Who Endures.

A parte dos Tutores e Payoffs são mais passíveis a mudanças: Karn, The Great Creator é uma grande ameaça a estabilidade do Tron porque ele permite um toolbox do Sideboard, e qualquer artefato que chegue pode fazer parte, mas também como one-ofs. De resto, para termos grandes mudanças nessa categoria, precisaríamos de coisas mais fortes do que Eldrazis ou Karn Liberated, e em um custo razoável para ser conjurado.

Os Tutores sofrem do mesmo problema, mas precisariam ser mais eficientes do que Expedition Map e Sylvan Scrying para fazer diferença, enquanto o mais frágil dentre eles hoje é Ancient Stirrings, que serve basicamente como uma cantrip que lhe permite olhar cinco cards nesse deck. Ou seja, a base do Tron é eficiente demais para torná-lo sensível a mudança.

O que pode acontecer, no entanto, é a chegada de um ou dois cards pontuais que melhorem o arquétipo, mas esse risco é o mesmo que ocorre para qualquer set lançado dentro ou fora do Standard, como vimos com Karn, the Great Creator.

Amulet Titan

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Amulet Titan está numa posição estranha nessa lista, porque apesar da sua estratégia ser bem linear e seguir um plano de jogo objetivo, seus slots são absurdamente flexíveis e já sofreram mudanças bruscas com Dryad of the Ilysian Grove e Urza's Saga - ambos os cards lhe ofereceram maior consistência e meios mais abrangentes de ganhar o jogo.

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Porém, apesar dessas inclusões mais recentes, a base do Amulet Titan permaneceu a mesma durante os últimos anos, com apenas algumas mudanças pontuais em números de one-ofs e a inclusão de cards e lands utilitários vindos de um set ou outro e, assim como o Tron, seriam necessários cards muito específicos para que ele mudasse totalmente ao ponto da sua versão atual se tornar obsoleta.

Mill

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Mill foi um arquétipo que ninguém levou a sério por décadas, mas que foi lentamente ganhando adições uma edição após a outra até se tornar um dos competidores do Modern atual. Ele é outro caso estranho porque sua estratégia não era viável e não existia até meados de 2021. Esse arquétipo é muito parecido com o Burn em relação ao que necessita, mas suas categorias são Mill e Interação.

A parte do Mill sempre pode receber uma adição nova ou um suporte interessante. Um novo Hedron Crab se tornaria obrigatório, um Archive Trap com outra condição comum no Modern seria uma staple, um card que permite millar muitas peças por um custo baixo se encaixaria fácil na lista se for superior às opções atuais, mas no geral, o que se encaixa nessa categoria só funciona com esse deck, e seria muito difícil mudar a estrutura dele sem que fosse com um combo, mas daí é mais prático dedicar um arquétipo inteiro a ele.

O pacote de interações é onde mora o verdadeiro problema: uma versão melhorada de Fatal Push se tornará uma staple em múltiplas listas, um counterspell mais eficiente poderia substituir Drown in the Loch, e requerimentos menos obrigatórios poderiam fazer Visions of Beyond se tornar obsoleto. Elementais com Evoke novos poderiam se encaixar fácil nesses padrões, tornando das listas atuais piores do que as versões com novas free spells.

Dredge

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Há uma piada entre jogadores que o Dredge não joga Magic, ao invés, ele joga seu próprio jogo com o que, por acaso, são cards de Magic: The Gathering. A natureza da sua estratégia é estranha, e isso o deixa tão resiliente à mudanças que praticamente nada - nem mesmo Hogaak, Arisen Necropolis - conseguiu alterar a sua estrutura.

O Dredge joga inteiramente em torno das suas próprias mecânicas ao ponto de que até a maneira como jogadores distribuem as cartas do cemitério difere do habitual, e para o deck sofrer um efeito Horizons, seriam necessários novos habilitadores da mecânica com um power level acima dos que estão presentes hoje, ou cards que possam ser utilizados do cemitério sem muito esforço, como Ichorid.

Outra possível mudança no Dredge viria no caso de recriarem o efeito de Bazaar of Baghdad em uma mágica fora das cores do deck hoje, mas isso só faria com que ele talvez puxasse um pouco mais para o azul, dado que Dredge é o único arquétipo que recorre a ambos Mana Confluence e City of Brass.

Porém, o contra de montar este deck atualmente é que ele sempre é excelente ou péssimo no Metagame, conforme as peças de sideboard se alinham para combatê-lo. Atualmente, ele está em um período de baixa, com apenas 1% de representação no formato, mas, por outro lado, o Dredge sempre esteve na vanguarda do Modern e recompensa demais os jogadores que dedicam tempo e esforço a estudar suas jogadas e aprimorar sua experiência com a lista.

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Menção Honrosa - Hammer Time

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Hammer Time é o deck do qual estou menos confiante de adicionar nessa lista e, portanto, o deixo como uma menção honrosa, porque ele teve algumas grandes mudanças com Modern Horizons II graças à Esper Sentinel e Urza's Saga. Porém, foram esses cards que o colocaram no topo do radar do Metagame desde o lançamento da edição, e a essa altura, não parecem haver adições o suficiente para tornar dele algo inteiramente diferente do que ele é hoje.

A essa altura, o Hammer Time já chegou no mesmo patamar de outras estratégias citadas aqui, onde qualquer nova possível adição ao deck será uma escolha pontual ao invés de uma mudança completa na estrutura do arquétipo: exceto por Colossus Hammer, os demais artefatos da lista são one-ofs, e seria necessário um tutor mais eficiente do que a já bem poderosa Stoneforge Mystic para mudar essa estrutura. O mesmo vale para Puresteel Paladin e Sigarda's Aid.

Porém, o problema com esse deck se encontra na facilidade de splashes e no uso de criaturas de qualidade. Por exemplo, há versões Orzhov que recorrem a Dark Confidant, o Sideboard do Mono-White conta com Sanctifier en-Vec, um splash para o azul ou vermelho poderia encontrar novas criaturas interessantes, e assim por diante até o ponto onde a "versão atual" é sub-otimizada quando comparada à "nova versão", que talvez inclua um investimento maior em lands além dos novos cards.

Ainda assim, não só o Hammer Time possui uma base sólida e difícil de alterar, como é também um dos melhores decks do Modern hoje, tornando-o um excelente investimento hoje e do qual, com tempo e dedicação, um jogador poderia trabalhar na construção de uma pool com staples para as demais variantes, preparando-se assim para a eventual necessidade de alterar o splash conforme novas adições surgem.

Conclusão

Isso é tudo por hoje.

O Modern passou por grandes mudanças nos últimos anos, e o fato de jogadores se preocuparem com um formato eterno 'rotacionar' demonstra o quão alto o power creep de Modern Horizons II foi, e que a possibilidade de um terceiro Horizons Set, ou até de que Tales of Middle Earth altere demais o formato novamente existe.

Nenhum deck está inteiramente a salvo, mas podemos mitigar os danos ao escolhermos arquétipos mais lineares que não contam com a flexibilidade de realizar grandes alterações no seu maindeck ao ponto de mudarem completamente. Esses cinco decks são aqueles que considero como os mais seguros para se investir hoje sem correr o risco de uma possível invalidez no futuro.

Em caso de dúvidas, deixe seu comentário.

Obrigado pela leitura!