Magic: the Gathering

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Pauper: Sobre os (novos) banimentos e o Metagame

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No artigo de hoje, faço uma análise sobre os recentes banimentos do Pauper, o que podemos aprender sobre o formato e o que esperar do futuro a partir de agora.

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revisado por Tabata Marques

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Num anúncio de banidas e restritas completamente inesperado e sem qualquer aviso, a Wizards anunciou ontem mudanças para o Modern, Pioneer e principalmente para o Pauper, com o banimento dos seguintes cards:

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E também com o desbanimento de uma das peças que costumava constituir o “core” do Tron nos últimos anos:

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Apesar de um expressivo descontentamento da comunidade para com a ascensão do Rakdos Storm nas últimas semanas, e também o notório sentimento de que o banimento de Atog não foi o suficiente para tirar do Affinity a posição de melhor deck do formato, não creio ser possível afirmar que esperavamos uma mudança tão rápido, quando em comparação a outros anúncios relacionados ao Pauper que costumavam levar de seis a nove meses para realmente acontecerem mesmo quando já estava evidente a discrepância existente no Metagame do formato, como foi o caso com Chatterstorm ou Peregrine Drake.

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Nesse quesito, suponho que a criação do Pauper Format Panel realmente trouxe uma grande mudança na maneira com a qual a Wizards adereça aos problemas do formato por conta de existir agora um comitê especializado e integralmente voltado para avaliar os dados e os números de representatividade e winrate dos decks, além de exercer um debate deliberado junto a seus pares sobre quais são as opções mais viáveis para banir e desbanir, evitando maiores margens de erro na hora de realizar os anúncios.

Isso não significa, no entanto, que o comitê seja à prova de falhas, e creio que poderemos adereçar melhor este tópico quando debatermos sobre o Affinity neste artigo — mas fica notório, tanto na velocidade em que ações são tomadas, quanto em como os dados são considerados e avaliados, que o Pauper se encontra numa situação melhor agora do que quando o PFP não existia.

Dito isso, no artigo de hoje pretendo esclarecer um pouco melhor, com base na minha análise pessoal, os (novos) banimentos no Pauper e o que podemos esperar do Metagame nas próximas semanas.

Expedition Map está desbanido, chegou o momento do retorno do Tron?

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Expedition Map foi banido em 13 de Julho de 2020 como uma tentativa de conter e desmantelar a excessiva consistência que o Tron possuía em conseguir encontrar as suas peças, e acabou sendo um dos bans mais falhos do formato porque o arquétipo já era consistente demais em jogar o “jogo justo” sem precisar acelerar as peças de Tron na menor quantidade de turnos o possível, diferente da sua versão de Modern, onde seu objetivo inicial é a busca pelas lands para conjurar bombas como Karn Liberated e Ulamog, the Ceaseless Hunger antes que o oponente possa se estabilizar, enquanto a versão do Pauper utiliza a aceleração de mana meramente para criar uma absoluta disparidade de recursos ao conjurar mais mágicas de alto impacto no mesmo turno do que o oponente.

Como resultado da saída do artefato, as listas de Tron começaram a adotar outros meios de jogar o jogo e filtrar os seus draws, como a inclusão de Preordain, o acréscimo no número de Impulse, ou até mesmo com a inclusão de uma ou duas cópias a mais de Crop Rotation. A questão é que o arquétipo não precisava de Expedition Map para funcionar bem, para início de conversa; ele já jogava muito bem como um Control que eventualmente explodiria em mana, o que faria com que ele explodisse em recursos e ainda ganhasse a inevitabilidade com Rolling Thunder.

O que mudou desde então, e justifica o que tornou-se o primeiro desbanimento da história do Pauper, é que a ausência de Bonder’s Ornament e Prophetic Prism realmente machucou o Tron de uma maneira que nunca havíamos visto antes: O deck se tornou inconsistente demais, falho demais em acumular recursos porque foram criadas concessões para ter acesso às lands e concessões para ter acesso à mana colorida, e não é mais possível ter acesso aos dois simultaneamente e ainda ter uma boa paridade de recursos porque toda pedra de mana passou a custar um card a menos na mão, e toda Urza’s Tower, Urza’s Mine ou Urza’s Power Plant passou a significar menos mana colorida para conjurar suas mágicas — e o retorno de Expedition Map ao Pauper pode dar ao Tron a possibilidade de ganhar uma consistência adicional ao buscar as peças necessárias ou encontrar lands que também filtrem a mana, como Cave of Temptation ou Thriving Isle, fazendo com que o arquétipo, que simplesmente desapareceu do Metagame competitivo, possa ter seu espaço nos grandes eventos.

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Numa opinião particular, eu não creio que um Tron mais forte seja saudável para o Pauper: Seu estilo de jogo é absurdamente parasítico, e um Tron forte significa uma maior dificuldade para que arquétipos como Monarch ou qualquer outra variante de Control consigam suceder no formato, criando um estado polarizado que limita demais o deckbuilding e a diversidade do Metagame. Mas, desde então, há dois pontos que precisamos considerar quando falamos de adicionar uma nova peça até então banida de forma ao formato:

A primeira é que Kamigawa: Neon Dynasty tornou do Pauper um formato mais rápido com a inclusão de Experimental Synthesizer para diversos decks, e Moon-Circuit Hacker para os Blue-Based Tempo, criando um espaço onde estamos vendo mais arquétipos tentando jogar “por baixo” retornando ao jogo competitivo, como o Stompy, enquanto estratégias de Late-Game, como a maioria dos decks de Monarch, acabam ficando para trás na partida devido à pressão estabelecida pelo oponente ainda nos primeiros turnos, fazendo com que conjurar Palace Sentinels ou Thorn of the Black Rose rapidamente já não seja tão vantajoso como costumava ser poucos meses antes.

A segunda é que o Tron é um arquétipo predador para os Midranges, e caso o formato se resolva novamente em torno de Monarch (que, vale ressaltar, também é uma mecânica parasítica), ou outras estratégias voltadas para jogos longos e de atrito, é importante ter um arquétipo que consiga jogar “por cima” deles e dominar a partida com inevitabilidade, desde que ele não consiga também controlar os Aggro e outros arquétipos que procuram jogar por baixo e vencer o jogo antes do oponente conseguir estabilizar a mesa.

Estou particularmente preocupado com o que um retorno do Tron possa significar para o formato nas próximas semanas, mas creio que apenas a inclusão de Expedition Map não será o suficiente para fazer com que o arquétipo volte à posição de predominância da qual usufruía antes de perder Prophetic Prism e Bonder’s Ornament, pelo menos enquanto novos sets não lançarem uma sequência ou combinação de cards que se encaixem perfeitamente na proposta do arquétipo.

”Mas e quanto às versões não-fog?

Bom, eu não vejo problema na existência dessas versões: O Marauder Tron era um arquétipo muito interessante para o formato, mas que produzia resultados ocasionais, e as demais variantes nunca demonstraram serem tão preocupantes quanto a versão Control.

Galvanic Relay é a prova de que Storm não pode existir no Pauper

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Para Storm existir no Pauper, ele precisa ser “fabricado”. Caso contrário, ele quebrará o formato.

Um dos meus maiores erros de avaliação foi ser cético em relação ao quanto Galvanic Relay poderia ser problemático para o formato pelo mero fato de que ele não permitia conjurar seus cards no mesmo turno do combo, e negligenciando que ele é quase um Mind’s Desire com delay por quatro manas, ou seja, comparável a um card que é banido do Legacy e restrito no Vintage.

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Não levou muito tempo até que o arquétipo se consolidasse e adquirisse a impressionante marca de 60% de Winrate, um número absurdamente alarmante até quando comparado a outros arquétipos predominantes do passado, e isso num curtíssimo espaço de tempo e sem nenhuma surpresa: Storm é o mais poderoso deck de “free win” que já existiu no Pauper (e o único arquétipo comparável a ele nesse quesito provavelmente seria o Infect com acesso a Invigorate), já que ele tem acesso a uma combinação de cards extremamente consistente, que não requer ou costuma requerir interação com o oponente e propõe um plano de jogo absolutamente rápido e explosivo que permite aos jogadores passarem rapidamente entre as ligas para farmar premiações. Ou seja, com algum treino e compreensão, quando existe um deck de Storm eficiente no formato, não há motivos para se jogar com literalmente qualquer outra coisa.

O que me causa estranheza, no entanto, é que a sua consolidação no cenário competitivo pós-Neon Dynasty veio de uma combinação que não especificamente são “cards de Storm”.

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A combinação de Experimental Synthesizer e Deadly Dispute é virtualmente um Ancestral Recall onde todos os recursos utilizados nele são úteis para uma combinação de Storm, com o card exilado por Synthesizer em ambas as instâncias podendo ser conjurado por um custo muito baixo, e o token de Treasure de Dispute servindo como um poderoso manafixing, e ambos agregaram valor demais a uma variante de Storm que simplesmente não precisava mais de um wincondition com a mecânica para vencer o jogo, apenas de um meio de ter acesso a uma massiva quantidade de cards em um único turno para que sua wincondition (nesse caso, Kessig Flamebreather) faça o trabalho de encerrar o jogo.

Com o fim de uma mecânica absoluta de card advantage para o Storm, provavelmente teremos o retorno dos decks de “Storm improvisado”, como o Cycling Storm com Reaping the Graves e o combo de Marauding Blight-Priest com Weather the Storm, mas não me surpreenderá se ainda vermos outras variantes com Kessig Flamebreather ou até mesmo Kiln Fiend surgindo em algum momento, meramente porque Deadly Dispute + Experimental Synthesizer é a combinação mais poderosa que você pode estar fazendo no Pauper hoje, o que nos leva ao próximo banimento.

O Affinity perdeu mais um combo-kill, mas ainda é o melhor deck do formato

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O Affinity passou de um deck puramente Aggro para um arquétipo multidimensional com diferentes linhas de jogo e com a adição de uma variedade de cards que simplesmente puxaram o arquétipo para o limite do topo do formato e, gradualmente, estamos vendo-o ser desmantelado para ficar à par com o resto do Metagame sem perder totalmente as suas recentes melhorias, e a proposta mais recente do PFP para lidar com a predominância dele é remover suas linhas alternativas de vitória que oferecem uma situação de “free-win” com extrema facilidade, limitando-o ao plano de beatdown (ou múltiplas ativações de Makeshift Munitions) para vencer o jogo.

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Porém, o Affinity ainda é excelente em manter a melhor posição de mesa do formato por um custo baixo ao ter acesso a Myr Enforcer, Frogmite e até mesmo Gurmag Angler, e ainda possui as mais sinérgicas engines de card advantage com Deadly Dispute e Experimental Synthesizer, além de Blood Fountain e Reckoner’s Bargain, ao ponto de que as versões Grixis se tornaram menos relevantes porque Thoughtcast se tornou redundante quando você consegue ter acesso a três ou mais cards praticamente todo turno, e essa mistura não vai simplesmente se dissipar do cenário competitivo enquanto for possível jogar em torno do hate direcionado.

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E é por isso que precisamos mencionar as Bridges de Modern Horizons II: Elas são o que tornam do Affinity o que ele é, a mecânica sempre teve o potencial de quebrar o formato e nunca o fez porque existiam diversas concessões a serem feitas na hora de você construir sua lista, como a necessidade de equilibrar os requerimentos de cores, quantos filtros de mana usar para não zicar de uma cor, quais ameaças podem ou não ser facilmente conjuradas, e o desafio constante de manter um keep no Game 2 ou 3 considerando a possibilidade de um Gorilla Shaman ou Shenanigans do outro lado da mesa — e as Bridges removeram todas essas concessões em troca da velocidade bruta que o deck tinha, mas nunca houve muitos problemas em transicionar para uma versão mais Midrange, como as próprias variantes Jeskai com Kor Skyfisher já tentavam fazer em 2020, inclusive adicionando algumas Thriving Lands para aumentar a consistência.

Ou seja, enquanto as Bridges existirem no Pauper (e apesar do Gavin mencionar que eles não possuem medo de bani-las se necessário, precisamos admitir que seria um marco histórico ter um ciclo completo de cards banidos do formato), o Affinity continuará sendo o melhor deck porque ele consegue fazer a maioria das funções de outros arquétipos, mas com maior eficiência, e cada novo artefato ou interação com artefatos que sai nos novos sets colaborará para manter sua posição de Tier 1, e poucos arquétipos realmente conseguem, sem grandes quantidades de hate dedicado, lidar com essa mistura de clock rápido e eficiente, card advantage e inevitabilidade com Makeshift Munitions.

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Isso significa que eu penso que as Bridges deveriam ser banidas? No momento, não.

Particularmente, gosto de ter o Affinity como melhor deck do formato após anos vendo Faeries, Tron e Monarch estando no topo e sem abrir espaço para outros arquétipos. Pelo menos, a ascensão do Affinity faz com que outros decks possam aparecer e tentar competir, e o acréscimo de velocidade no formato em um ou dois turnos fez com que os jogos de Pauper se tornem mais proveitosos e menos voltados para a constante acumulação de recursos com base em quem consegue manter o Monarca por mais tempo ou quem utiliza mais Ephemerates. Ou seja, creio que a inclusão do Affinity ao topo do Metagame foi, com os devidos banimentos, benéfico para a diversidade do formato, mas também que sua representatividade deve ser um pouco menor do que foi nos últimos meses; não podemos ter um “absoluto melhor deck” contra o resto, e é justamente este tipo de situação que esses banimentos recentes parecem estar tentando consertar sem matar o deck em definitivo.

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O problema, no entanto, é que essa situação parece, utilizando uma exemplificação hiperbólica, uma “situação de Hogaak”, onde não adianta você banir peças complementares que aceleram ou tornam do deck mais eficiente (no caso do Hogaak, foi Bridge from Below) quando o problema se encontra no coração que faz com que o resto funcione.

No caso do Affinity, esse coração é a sua manabase.

E qual rumo ele deve tomar agora? Há diversas opções.

Vi muitos jogadores mencionando que, sem Disciple of the Vault, é provável que o Jeskai Affinity possa voltar ao formato e, apesar de considerar que isso é uma possibilidade real e que alguns jogadores usarão essa versão, especialmente porque você terá acesso a Kor Skyfisher e Glint Hawk junto de Experimental Synthesizer, além de Thoughtcast e Gearseeker Serpent, suponho que a combinação de Synthesizer + Deadly Dispute ainda será a melhor coisa que você estar fazendo no Pauper.

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Ou mais especificamente, considero Deadly Dispute como o melhor card do formato atualmente.

A mágica de Adventures in the Forgotten Realms simplesmente mudou todo o Metagame e é comumente comparado a Ancestral Recall por diversos grinders do formato quando combinado com Ichor Wellspring, Experimental Synthesizer e Chromatic Star, além de também ser uma peça essencial para diversos outros arquétipos, como Moggwarts ou o Rakdos/Jund Metalcraft, tornando-o o principal pilar do Pauper atualmente.

Acho importante ressaltar que eu concordo com Gavin Verhey quando ele menciona a teoria do valor de substituição de Patrick Sullivan, que significa que um card como Deadly Dispute possui um baixo valor de substituição porque existem outros efeitos que realizam o mesmo feito, como Reckoner’s Bargain ou até Costly Plunder, mas também acredito que possam estar subestimando o quanto a mana e artefato extra deixado fazem uma significativa diferença no manuseio de recursos durante uma partida, especialmente no que concerne ao Affinity.

E olhando para as versões Black-Based, é possível que exista um acréscimo no número de Experimental Synthesizer e de Gurmag Angler como ameaças adicionais, e que o arquétipo adentre integralmente na categoria de Midrange, inclusive com a possibilidade de retornar para as variantes de Grixis utilizando Gearseeker Serpent e Thoughtcast, ou até mesmo que resolva seguir pelo rumo de um Jund Affinity com Carapace Forger como um clock rápido.

Mas, independente do rumo que o deck tome daqui adiante, a única certeza que tenho é que o Affinity provavelmente ainda será o melhor deck do formato nas próximas semanas.

Conclusão

Isso é tudo por hoje.

Estou optando por não me aprofundar muito na questão de como outros cards, como Experimental Synthesizer ou Moon-Circuit Hacker devem estar numa watchlist porque acredito que estamos, novamente, no período de “esperar e ver” antes de soltar afirmações com pouco ou nenhum embasamento que não tenha um cunho de evidência anedótica.

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Creio que Faeries continuará presente como um dos principais competidores do formato atualmente, e provavelmente a versão Dimir tornou-se melhor com a ausência de um combo-kill para o Affinity que escapava de Snuff Out, já os decks de Kuldotha Boros que retornaram ao Metagame graças ao novo artefato e o Boros Bully também devem permanecer como forças presentes no cenário competitivo das próximas semanas, mas não creio que o Metagame mudará tanto se comparado a era pré-ascensão do Rakdos Storm, pois ainda haverá um arquétipo predominante e o formato está pautado em torno de meios de obter card advantage pelo menor custo possível.

Dito isso, consigo imaginar um futuro onde removal-based decks como Mono-Black Devotion ou Orzhov Monarch conseguem fazer bons resultados jogando em cima de um formato voltado para atacar com criaturas, mas não estou confiante que a mecânica de Monarca tenha o suficiente para competir com a velocidade com a qual o Pauper se encontra hoje, e o mesmo pode ser dito quanto ao Tron que, apesar de ter recebido Expedition Map de volta, ainda me parece inconsistente demais no quesito velocidade.

Estarei acompanhando os desdobramentos do último anúncio de banidas e restritas durante as próximas semanas e, após quinze dias, vocês podem esperar por uma avaliação inicial do Metagame do Pauper pós-ban.

Até lá, mantenham-se longe do botão de pânico e procurem aproveitar o formato, suas mudanças e as adaptações do Metagame conforme elas surgem.

Obrigado pela leitura!