Battle: O novo tipo de card e seu potencial no futuro de Magic

A temporada de previews da nova edição de Magic: the Gathering, March of the Machine, começou ontem, 29 de março, e nos apresentou uma das novidades mais esperadas do set desde o pequeno spoiler revelado no card Atraxa, Grand Unifier - o novo tipo de card, Battle!

Agora que temos as informações oficiais, vamos explorar neste artigo como esses novos cards funcionam, e qual é o seu potencial e/ou perigos para o futuro do jogo e dos formatos competitivos!

Battle é um novo tipo de card de Magic, que estará disponível em March of the Machine, a partir de 21 de abril. Essas mágicas buscam retratar os combates épicos da invasão Phyrexiana ao redor dos planos do Multiverso, como em Invasion of Fiora.

Battles são permanentes e só podem ser conjurados em qualquer momento em que você pudesse jogar um feitiço, quando a pilha está vazia. Ou seja, no mesmo tempo em que um jogador normalmente conjura uma criatura, artefato, encantamento ou Planeswalker.

Elas entram em jogo com um número pré-determinado de marcadores de defesa, conforme apresentado no canto inferior do card (tal como fazemos com Planeswalkers hoje). Esses marcadores de defesa determinam o quanto de dano uma Battle precisa receber para ser derrotada.

Battles possuem subtipos, e cada subtipo determinará o método utilizado para derrotá-la. Por enquanto, o único subtipo existente e disponível em March of the Machine é o Siege.

Quando uma Siege entra em jogo, seu controlador escolhe um oponente para ser o seu protetor. Assim como com Planeswalkers, cada outro jogador, exceto o protetor, pode atacar a Battle, e o defensor pode designar bloqueadores para defendê-la. O defensor da Battle não é o controlador dela, ele é apenas o jogador designado para protegê-la, o jogador que conjurou a Battle é o seu controlador.

Tal como Planeswalkers, Battles podem receber dano de mágicas que designem "qualquer alvo", como, por exemplo, Lightning Strike e Lightning Bolt. Cards que designem dano específico para Battles poderão ser lançadas no futuro.

Qualquer dano causado à Battle faz com que ela perca essa mesma quantidade de marcadores de defesa. Quando sua defesa chega à zero, sua habilidade desencadeia. No caso das Sieges de March of the Machine, todas elas desencadeiam da seguinte maneira: seu controlador exila a Battle e, em seguida, a conjura com o outro lado sem pagar o seu custo de mana.

Cada Battle se torna algo distinto quando derrotado. Alguns se tornam criaturas, outros viram encantamentos, Invasion of New Phyrexia se transforma em um Planeswalker, e há também alguns que viram feitiços quando exilados. Quando uma Battle exilada resolve, ela é tratada sob as mesmas regras que o seu novo tipo de card estabelece.

Até o momento, todas as Battles possuem um efeito ao entrar no campo de batalha. Ou seja, uma habilidade que desencadeia no momento em que elas entram em jogo. Considerar o valor-base de custo e efeito dessas habilidades para o seu deck é melhor do que avaliar a Battle pelo seu lado transformado, dado que esse exige mais esforço para ser utilizado.

Caso uma Battle transformada seja devolvida para a sua mão, assim como todos os cards de dupla-face de Magic, ela voltará com a face original.

Apesar do efeito de transformar a Battle ser uma habilidade desencadeada, o seu controlador exila a permanente e então a conjura sem pagar o custo de mana, abrindo espaço para interagir com a Battle na pilha com Make Disappear, ou outros counterspells, ou até para dar bounce na pilha, com Venser, Shaper Savant e similares.

No entanto, vale ressaltar que, uma vez que a mágica está sendo conjurada, ela está representando o novo tipo de card transformado. Ou seja, um Negate não pode anular Marchesa, Resolute Monarch vindo de um Invasion of Fiora, pois ela é uma criatura.

Qualquer jogador pode direcionar mágicas ou habilidades de dano à Battle. No entanto, elas servirão apenas para remover os marcadores e acelerar sua transformação. Um oponente que joga um Play with Fire em um Battle com um marcador de defesa não a destruirá, mas acelerará sua transformação.

Efeitos que destroem permanentes, como Maelstrom Pulse ou Abrupt Decay, não transformam as Battles. Pois ela está sendo destruída e ainda possui marcadores de defesa nela, ao invés de derrotada sem marcadores de defesa. O mesmo vale para caso um oponente a destrua com um efeito em Instant-Speed em resposta ao seu trigger de derrota.

Efeitos que adicionam ou removem marcadores afetam os marcadores de defesa das Battles. Por exemplo, cards com Proliferate podem aumentar a quantia de marcadores nelas, enquanto Vampire Hexmage, que remove todos os marcadores de uma permanente-alvo, garante uma transformação imediata da Battle.

Battle é um tipo de card, portanto, afeta outras mágicas ou habilidades que se importam com tipos, como Traverse the Ulvenwald ou Tarmogoyf. Siege é um subtipo, e não afeta essa categoria de cards.

No ponto de vista criativo, Battles abrem um espaço amplo de possibilidades futuras.

Por exemplo, enquanto todos os cards dessa categoria terão o subtipo Siege em March of the Machine, é possível criarem outros subtipos de Battles no futuro, com mecânicas bem distintas das que essas promovem. Podemos imaginar que, no futuro, um card com o tipo Battle do qual seu próprio controlador precisa proteger para ganhar um benefício recorrente, mas com uma punição severa caso ela saia de jogo, pode surgir.

Exemplo 1

Protect the Sanctum

Battle - ???

When Protect the Sanctum enters the battlefield, create a 4/4 Angel token with Flying and Vigilance.

Whenever you attack with one or more creatures, put a +1/+1 counter on target attacking creature you control. It gains First Strike and Lifelink until end of turn.

If Protect the Sanctum is defeated, destroy all creatures you control.

E claro, nem todos precisam envolver interações com o campo de batalha

Exemplo 2

Duel at the Cabal

Battle - ???

When Duel at the Cabal enters the battlefield, draw four cards.

If Duel at the Cabal is defeated, discard your hand and lose 1 life for each card discarded that way.

Siege ainda tem muito potencial, mas dado o texto de regras, suponho que efeitos que não envolvem transformação, mas uma punição direta por não protegê-lo, precisariam de um novo subtipo.

Exemplo 3

The Meathook's Hunting

Battle - ???

When The Meathook's Hunting enters the battlefield, each opponent sacrifices a creature.

When The Meathook's Hunting is defeated, each opponent sacrifices a creature.

Esse design é bem simples e objetivo, mas gera uma punição acumulativa para o oponente caso ele não estabeleça uma boa posição de mesa, enquanto se torna irrelevante diante de uma mesa vazia, onde ela é apenas um Cruel Edict com um bônus adicional quando necessário.

E não podemos esquecer que, como as demais permanentes, Battles podem receber habilidades genéricas também!

Exemplo 4

War for Enlightenment

Battle - ???

Flash

When War for Enlightenment enters the battlefield, it deals 3 damage to any target.

When War for Enlightenment is defeated, scry 2, then draw two cards.

Esses exemplos são apenas a superfície do potencial que temos para Battles: permanentes que, por exemplo, se tornam Emblemas quando derrotados são um bom exemplo do quanto um novo tipo de card abre horizontes para o espaço criativo de Magic: the Gathering.

Toda vez que algo novo acontece em Magic, jogadores abrem suas redes sociais para falar sobre como isso impacta ou até mesmo quebra os formatos competitivos. Não foi e não será diferente com Battles.

Assim como todo card recém-lançado, Battles precisarão ser avaliadas caso a caso, porque sua mecânica em si não parece quebrar tanto o padrão do jogo ao ponto de tornar delas uma semi-obrigatoriedade em todo deck (diferente do que vimos com os Companions).

Como cada uma delas possui um efeito imediato ao entrar em jogo, o que as Battles mudam em essência são as nossas decisões no combate. Agora, teremos de decidir se estamos numa posição onde é melhor pressionar o oponente ou ir atrás da nossa recompensa ao derrotar a batalha e transformá-la em uma nova permanente.

Pense nelas como uma Sidequest em um RPG: é melhor focar no seu objetivo (derrotar o oponente), ou focar sua fase de combate na Battle e ganhar uma recompensa por isso que pode lhe ajudar a realizar seu objetivo final? Ou será melhor focar no Planeswalker que está no campo de batalha do oponente, gerando valor para ele?

E, sim, essa mudança motiva jogadores a terem mais criaturas em jogo. Diferente dos Planeswalkers, que tendem a motivar manter a mesa vazia para acumular valor com eles, Battles te recompensam por ter criaturas para atacar e bloquear.

Ela torna da fase de combate, da qual a Wizards vêm buscando tornar do jogo mais focado nela faz alguns anos, mais complexa, enquanto favorece o uso das Battles com efeitos imediatos, antes vistos em Feitiços ou Encantamentos. Basta lembrar que você não precisa remover todos os marcadores de uma única vez, e pode investir seus recursos em obter sua recompensa no longo prazo, se necessário.

E o que isso vai mudar na estrutura dos jogos competitivos? É cedo para dizer, e dependerá do quão recompensador derrotar uma Batalha será no desenvolvimento das partidas. Caso as recompensas sejam boas, podemos esperar um acréscimo de métodos para manter uma posição de mesa favorável e/ou que não sofra tanto para trocas de 1-por-1 com as remoções alheias.

E claro, ter um novo tipo de card significa amplificar o potencial de mágicas ou permanentes que se importam com... tipos de cards!

Novamente, o valor de cada Battle depende do seu potencial individual, e ainda não podemos garantir que elas possam, ou não, aparecer em formatos eternos como o Modern, ao lado de Dragon's Rage Channeler, Traverse the Ulvenwald ou Tarmogoyf.

No entanto, dado que elas não parecem uma mecânica exclusiva para March of the Machine, mas sim um tipo de card que veremos em Magic: The Gathering a partir de agora, é apenas questão de tempo até surgirem cards bons o suficiente para estarem presentes em Metagames de power level alto.

Os grandes vencedores, no momento, aparentam ser Atraxa e Traverse the Ulvenwald. O anjo phyrexiano já estará naturalmente em decks que querem alguma Battle em jogo pelos seus efeitos, mesmo que esses não interajam diretamente com ela.

Já a Sorcery de Shadows Over Innistrad ganhou espaço no Pioneer nas últimas semanas, e se houverem arquétipos com verde que se beneficiem das Battles (como o Abzan Greasefang), é provável que se torne uma Staple do Metagame.

Outra categoria que se beneficia da chegada de Battles são os que permitem Bounce ou Blink de permanentes em jogo, como Kor Skyfisher no Pauper e Flickerwisp no Modern e Legacy. Como, até agora, todas as Battles tiveram efeitos de ETB, se elas chegarem aos slots de comuns, ou tiverem impacto suficiente para formatos eternos, há uma dúzia de interações que podemos fazer ao devolvê-las para nossas mãos.

Teremos uma falta de respostas no Standard?

Quando uma nova categoria de card é lançada, o Metagame e os jogadores levam tempo para se adaptar a ela. Quando Planeswalkers foram lançados, em Lorwyn, a Wizards precisou se dedicar, no decorrer de sets, em criar respostas eficientes para eles além de counterspells.

Oblivion Ring em Lorwyn não foi o suficiente, e aos poucos, outros cards foram lançados em edições posteriores para adereçar Planeswalkers de maneira eficiente e fora do combate, até culminar-se em Hero's Downfall em Theros.

Enquanto existe sim um receio de que, inicialmente, o Standard tenha problemas em remover Battles do campo de batalha, em especial nas cores , e , a temática desses cards difere e muito da dos Planeswalkers.

Planeswalkers e Battles, na verdade, apresentam naturezas opostas. Enquanto um jogador quer destruir/exilar um Planeswalker do oponente e gasta seus recursos para isso e o oponente dele dedica recursos a protegê-lo, os papeis se invertem com Battles, pois o controlador dela deseja dedicar recursos com ataque e mágicas de dano na sua permanente, enquanto o oponente deve impedir que seus marcadores sejam levados à zero para não lidar com uma ameaça maior.

A existência das Battles no campo de batalha faz muito pouco depois que elas entram em jogo. Pelo contrário, elas servem até como um pseudo-Fog em alguns momentos, onde o oponente optará por atacar ou conjurar um Lightning Strike nela ao invés de você, enquanto, em sua mão, talvez tenha a remoção ideal para o tipo de permanente da qual essa Battle se tornará.

No momento, essa troca parece justa e o melhor método para prevenir que o oponente extraia valor das Battles é com counterspells. Porém, conforme essa temática se desenvolver e novas propostas forem surgindo, respostas mais pontuais precisarão ser lançadas em conjunto para estabelecer um limitador, que mantenha o Metagame em um estado saudável.

Battles apresentam muito potencial no futuro de Magic, e assim como constatamos em criaturas e outras permanentes nos últimos anos, elas são mais um passo no caminho de tornar o jogo mais baseado em permanentes e voltado para o combate.

Sua introdução abre diversas possibilidades para o futuro, além de criar novas camadas de complexidade na tomada de decisões entre os jogadores. E caso você queira saber um pouco mais sobre elas, segue abaixo mais alguns desses cards relevados nos previews!

Em caso de dúvidas, deixe-a na seção de comentários!

Obrigado pela leitura!