Deck Tech Pauper: Squirrel Storm

Sejam bem-vindos a mais um Deck Tech semanal, onde dissecamos um deck que esteja fazendo bons resultados ou que chamou nossa atenção na última semana.

Hoje, voltamos ao Pauper, onde o formato tem se mostrado polarizado entre os decks Blue-Based, Affinity e Storm. E dissecaremos o deck que possivelmente jogadores menos experientes não compreendem a fundo como funciona e porque funciona: o Storm.

O Storm é um deck que prometia alterar toda a estrutura do formato desde que Chatterstorm foi anunciado como parte de Modern Horizons II, muitos produtores de conteúdo e pessoas especializadas no formato fizeram críticas ao fato de estarem dando ao formato uma nova carta de Storm quando Empty the Warrens e Grapeshot são banidos e o formato não teve, nos últimos anos, meios eficientes de responder ao deck já que este era uma relíquia de tempos distantes.

Pois bem, Modern Horizons II saiu, e o Metagame do Pauper mudou drasticamente e muito disso é causado pela existência de Chatterstorm, já que muitos decks simplesmente não possuem meios eficientes de responder ao deck e não conseguem estabelecer a melhor race para lidar com um deck que pode ganhar o jogo a partir do turno 3.

Dessa maneira, tem quem acredite que inclusive a predominância do Affinity hoje é um efeito colateral da inclusão de Chatterstorm, já que este é um dos poucos decks que consegue estabelecer muita pressão na mesa e ainda ter bons cards reativos como Hydroblast e Dispel para responder a rituais, Manamorphose ou First Day of Class.

Dito isso, vamos à lista:

Estou optando por abordar o Rakdos Storm por ser a versão mais explosiva e com resultados mais expressivos. Existe também a versão Izzet Storm, que demora mais turnos para fechar o combo, mas é menos suscetível a cards como Cleansing Wildfire e possui cartas como Ponder e Preordain para adicionar mais consistência na hora de fechar o combo.

Já o Rakdos Storm aposta em terrenos que geram mana dobrada, uma abundância de rituais e cards que compram mais de um card por vez para funcionar, muito parecido com os moldes apresentados pelo Storm de 2012 quando Frantic Search foi banido.

Seu objetivo é fazer uma quantidade de mágicas grande e então jogar Chatterstorm para letal. Parece inofensivo pensar que você precisa jogar 19 mágicas para atacar para letal com os esquilos, mas o deck possui um meio muito eficiente de reduzir significativamente esse contador:

O card que habilitou o Moggwarts é também o card que reduz significativamente a quantidade de mágicas necessárias antes de jogar Chatterstorm, já que ela fará com que os tokens de Esquilo entrem com marcadores +1/+1 e Haste.

Vale mencionar que o efeito de First Day of Class é cumulativo. Portanto, cada First Day of Class jogado é uma redução significativa na quantidade de mágicas necessárias para fechar o jogo num único turno.

Um First Day of Class reduz a quantidade de mágicas para 8. Dois First Day of Class reduz para 5,e normalmente você já faz muito mais mágicas do que isso ao decorrer da partida.

De quebra, o card ainda pode servir tanto para buscar uma Lesson no Sideboard, o que é relevante caso você possua cards como Pest Summoning, Introduction to Prophecy ou Introduction to Annihilation, como pode também tirar uma carta inútil da sua mão em troca de comprar um card, ajudando o deck a encontrar as cartas que precisa.

De muitas maneiras, o Storm funciona como um Glass Cannon, ou seja, um deck que acumula uma quantidade absurda de recursos de uma única vez, em seguida joga a sua “bomba” para finalizar o jogo num único turno.

Portanto, é possível afirmar que a grande fraqueza do deck é que, caso você responda pontualmente a um card ou outro, o deck levará tempo demais para se recuperar e não conseguirá fechar o combo a tempo novamente.

Galvanic Relay é exatamente a “recarga” que o deck precisa, já que essencialmente diz para este arquétipo “Compre uma carta no seu próximo turno” com Storm, muitas vezes exilando do topo todas as cartas que você precisa para combar novamente no turno seguinte e, se necessário, no turno posterior caso você tenha outro Galvanic Relay.

O card é essencialmente o motor que faz com que o deck nunca perca o gás e é usado em todo o seu potencial quando a proposta do deck é ganhar com outra mágica de Storm ou utilizando uma sequência significativa de mágicas no mesmo turno.

Para o deck jogar tantas mágicas num turno, ele precisa de mana extra. E os rituais são o meio perfeito para obter essa mana.

Lotus Petal é essencialmente uma mágica de graça que gera mana. Não dá para ser melhor que isso e é uma das maneiras que o deck possui de gerar verde para Chatterstorm.

Rite of Flame é o melhor ritual vermelho disponível, já que custa pouco e cresce significativamente para cada cópia já utilizada ao decorrer do jogo.

Dark Ritual é o mais antigo e clássico ritual que o Magic possui: 1 mana para gerar 3 é um salto considerável e muito vantajoso para o Storm.

Cabal Ritual é comumente o ritual que você quer evitar utilizar primeiro porque só vale realmente a pena se você tiver o Threshold, onde você pagará 2 manas para gerar 5, essencialmente adicionando mais mana do que qualquer outro ritual.

O deck também pode fazer bom uso de efeitos de manafixing, especialmente quando Chatterstorm não costuma estar nas cores que o deck utiliza em seus rituais.

Chromatic Star e Chromatic Sphere são pedras de mana que podem ser utilizadas para consertar a mana, custam pouco para serem jogadas para aumentar a conta de Storm e se substituem por um card quando sacrificados, permitindo ao deck ter mais meios de encontrar os cards que você precisa para fechar o combo.

Manamorphose é um card absurdamente forte em qualquer arquétipo que se importe com a quantidade de mágicas utilizadas pelo mero fato de ser uma mágica que é essencialmente jogada de graça E compra um card. O card tornou-se recentemente uma staple do Modern e não me surpreenderia vê-lo ter o mesmo futuro no Pauper enquanto Galvanic Relay existir.

Já que esta versão não possui uma boa base para mana azul, o deck opta por draw spells para maximizar a quantidade de cartas na mão.

Night’s Whisper e Sign in Blood são as melhores opções que o deck possui disponível, já que podem ser utilizados facilmente com os rituais.

O deck utiliza apenas 13 lands, mas é o suficiente considerando que cada um desses terrenos geram mana dobrada, além do deck ter acesso aos rituais e Lotus Petal.

Peat Bog e Sandstone Needle são terrenos temporários, mas que permitem ao deck rampar significativamente nos primeiros turnos mesmo quando não estão indo para o combo. Seu uso é limitado a duas ativações, mas costuma ser mais que o suficiente para garantir a sequência de mágicas.

Geothermal Crevice pode servir tanto como um land drop comum que gera vermelho quanto pode ser sacrificado para gerar duas manas, inclusive uma mana verde para Chatterstorm.

O Pântano na lista é um jeito eficiente de lidar com Cleansing Wildfire e Geomancer’s Gambit, cards que tem sido utilizados tanto para rampar com os novos terrenos artefato quanto para responder decks com uma manabase problemática, como é o caso do Storm, já que sua baixa quantidade de lands o tornava vulnerável.

Duress responde a 99% do que você precisa lidar para conseguir combar e pode ser jogado com uma única mana preta. É um elemento disruptivo seguro e eficiente que serve para responder a cards como Echoing Truth, Echoing Decay, Fiery Cannonade, Hydroblast, Dispel, entre outros.

A carta que realmente atrapalha o Storm e que não é respondido por Duress é Krark-Clan Shaman, que pode causar dano o suficiente na mesa inteira repetidas vezes para lidar com os tokens.

Gut Shot é uma resposta sem custo e totalmente válida para lidar com este card, além de também poder ser útil para aumentar o contador de Storm e/ou lidar com Spellstutter Sprite e afins.

Ainda existem decks que procuram segurar o jogo com efeitos de prevenção como Moment’s Peace e Prismatic Strands.

Flaring Pain é a resposta ideal para estes decks, na realidade é a única resposta eficiente que o formato possui para lidar com esses efeitos.

É estranho o deck possuir apenas um Pyroblast, mas como o card não faz essencialmente nada que você já não faça com outros cards, é aceitável utilizá-lo dessa maneira.

É possível dizer que Pyroblast é até uma quinta resposta contra os Blue-Based decks ao lado de Duress.

Às vezes, tudo o que você precisa é um pouco de fôlego.

Decks como Burn e Affinity terão grandes complicações caso você consiga resolver um Weather the Storm alto, já que isso te dará ainda mais turnos para criar o setup de combo perfeito.

O card também é uma opção aceitável e relevante na Mirror.

Já que First Day of Class possui a habilidade de Learn, ter uma lesson pode ser útil.

Introduction of Prophecy é essencialmente um Preordain que custa duas manas a mais, mas pode ser utilizado com mana preta ou vermelha. Existem ocasiões onde você está precisando muito cavar o deck para buscar o Chatterstorm e este card pode ser de grande utilidade para isso.

O card também pode ser utilizado para o Setup de Storm do turno seguinte, já que se trata de mais um meio de comprar cards.

Joguei poucas partidas com essa lista por conta de restrições de tempo, mas posso concluir que não apenas o deck é real como ele é absurdamente consistente e consegue escapar muito bem da interação que diversas listas possuem.

A realidade é que os oponentes de fato não possuem os meios necessários para lidar com o deck, e muitas vezes a melhor opção que eles tem é tentar avançar o clock deles, ao qual você pode esperar pacientemente alguns turnos para fechar o combo na sequência certa caso a pressão não seja grande o suficiente.

Decks como Faeries, por exemplo, precisam praticamente torcer para ter a resposta certa quando você combar e que você não combe muito rápido porque, caso contrário, você terá uma presença na mesa muito mais significativa, mesmo que não dê dano letal ou até mesmo se anularem First Day of Class.

É por conta disso que temos visto decks como Dimir Delver e Dimir Faeries como as melhores opções viáveis de decks azuis: Echoing Decay e Echoing Truth são duas das melhores respostas que o formato possui para os numerosos tokens de Esquilo. E o fato desses decks poderem utilizar Gurmag Angler para estabelecer uma pressão significativa também colabora muito para eles conseguirem segurar o arquétipo.

Affinity possui uma mistura perfeita entre ameaças grandes e elementos disruptivos relevantes, especialmente Krark-Clan Shaman que essencialmente precisa ser respondido antes de você realizar o combo e acaba, por conta própria, criando diversos “turnos extras” para o oponente. Além disso, o arquétipo é um dos poucos que pode simplesmente economizar a maioria da sua mana para responder ao que o jogador fizer enquanto aplica uma pressão enorme com suas criaturas que entram por pouca ou nenhuma mana.

A maioria dos outros decks simplesmente podem tomar boas decisões para lidar com o arquétipo como povoar a mesa, como Elves faz, ou causar dano direto como o Burn, ou tentar ser disruptivo o suficiente como o Mono-Black ou o Boros Bully utilizando Cleansing Wildfire, mas no final das contas, o Storm parece estar acima desses decks porque qualquer pequeno erro por parte dos oponentes representa o risco de ser morto na volta.

E aqui entra o conceito de False Tempo que tanto costumo citar: seus oponentes estarão te dando turnos extras toda vez que pensarem que você pode combar na volta. E eles sempre pensam.

Logo, eles nunca jogarão suas melhores cartas da melhor maneira se tiverem uma resposta contra você. E cabe ao jogador capitalizar em cima desses turnos e especialmente mana extra que seus oponentes dão. O exemplo perfeito de como fazer isso é Galvanic Relay.

Galvanic Relay é essencialmente muito quebrado para a proposta que este deck possui, já que sempre estará “recarregando” sua mão para a próxima sequência de Storm.

Caso você espere que o oponente tenha uma resposta para o combo, você pode priorizar acumular mana e recursos o suficiente para explodir com o combo e, caso algum passo dê errado, você sempre pode utilizar Galvanic Relay para compensar os recursos perdidos ganhando mais recursos para tentar fechar o combo no turno seguinte.

Uma última observação que é importante fazer é que não é porque você pode dar Storm para letal que você deve fazer Storm para letal.

Você pode conservar recursos, se necessário, para criar outra corrente de Storm em outro turno desde que você crie uma posição na mesa tão eficiente (como 6 Esquilos 2/2) que o seu oponente terá dificuldades em voltar pro jogo nos primeiros turnos, o que te dará ainda mais tempo para criar outra cadeia de Storm caso ele resolva a primeira.

Em geral, o Storm é um deck divertido para quem gosta de fazer coisas que parecem quebradas e para quem gosta de fazer cálculos. Ele é bom de se jogar e possui uma boa colocação no formato atualmente, mas infelizmente não o vejo durando muito no formato já que está claro que este card é um dos principais fatores da polarização de decks no Metagame atualmente.

Esta foi minha análise do novo Storm do Pauper, que é um dos decks mais impactantes do Metagame atual e um dos responsáveis pelo atual estado do formato.

Como mencionei em outro artigo anterior, eu não vejo Chatterstorm durando mais do que 45 dias no Pauper e, portanto, não posso recomendar a ninguém gastar os tix em cards como Lotus Petal e Night’s Whisper que subiram bastante de preço. Mas, se você tiver o seu próprio programa de aluguel e o deck estiver no orçamento dele, recomendo que jogue ao menos uma liga com o deck para entender o quão poderoso uma única carta de Storm é quando todo o entorno torna desse tipo de estratégia extremamente viável.

Particularmente, não gostaria de ver Galvanic Relay ter o mesmo destino, já que posso imaginar interações interessantes com o card nessa categoria de deck com outras ameaças e winconditions como Kiln Fiend, mas o card torna de estratégias "glass cannon” muito menos arriscadas e muito recompensadoras. Portanto, não me surpreenderia se o card fosse banido junto.

De qualquer maneira, eu posso afirmar com alguma certeza que um anúncio de banidas e restritas para o Pauper é uma questão de “quando” e não de “se”.

Obrigado pela leitura!