Magic: the Gathering

Opinión

Standard: Os Decks Vencedores e Perdedores do Campeonato Mundial

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Com o fim do Campeonato Mundial, temos um panorama de quais estratégias sucederam e falharam no torneio mais importante de Magic: The Gathering. No artigo de hoje, avaliamos os vencedores e perdedores do evento, e como eles afetarão o Metagame nas próximas semanas!

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revisado por Tabata Marques

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O Campeonato Mundial de 2023 de Magic: The Gathering chegou ao fim. Como em todo grande evento profissional, as escolhas de decks e as listas que se destacaram ganham proeminência nos eventos locais, on-line, ou nas partidas ranqueadas do Magic Arena.

No entanto, o Mundial conta com algumas variáveis, como a inclusão do draft nas primeiras rodadas de ambos os dias, que não tornam dos standings dos jogadores um sinal direto do desempenho do seu deck. Neste artigo, analisamos as winrates das rodadas de Standard do Campeonato Mundial, e avaliamos quais foram os vencedores e perdedores do evento, e como eles podem impactar o Metagame no futuro.

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Utilizaremos a tabela apresentada pelo matemático Frank Karsten, na noite anterior à final do evento. No entanto, há alguns pontos que devemos considerar.

Winrates do Campeonato Mundial de 2023, por Frank Karsten
Winrates do Campeonato Mundial de 2023, por Frank Karsten

Apesar deste ser o torneio mais importante do cenário competitivo de Magic, a sua amostragem é pequena: 105 jogadores participaram, o que não chega perto do número que alguns eventos independentes on-line conseguem de inscritos.

Por outro lado, a amostragem de winrates é mais consistente. Afinal, estes são os 105 melhores jogadores do mundo em 2023. Cada um se preparou ostensivamente para o torneio e, em teoria, possuem a experiência mais abrangente sobre o formato e seus decks - logo, é comum que as listas que fazem os melhores resultados aqui se tornem o padrão que todo jogador busca nas semanas posteriores.

O Campeonato Mundial exerce grande influência no comportamento do Standard e na evolução natural do formato. As semanas posteriores a ele tendem a popularizar determinados arquétipos que chamaram a atenção durante as partidas, e obriga outras estratégias a se adaptarem para se manterem viáveis contra um novo Metagame que se forma.

Os Vencedores do Campeonato Mundial

Esper Midrange

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Esper Midrange foi o deck mais jogado do torneio, e seus números o apresentam como uma das melhores opções para o Standard hoje. Enquanto sua partida contra Mono Red Aggro e Domain Ramp parecem desfavoráveis, o arquétipo se manteve estável contra a maioria das outras estratégias.

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Sua combinação de cartas é uma pilha do melhor que o Standard tem para oferecer hoje: de counterspells úteis como Make Disappear, mecanismos de valor como Wedding Announcement e uma dúzia de criaturas e Planeswalkers que dominam a partida se não forem removidas, como Raffine, Scheming Seer, Sheoldred, the Apocalypse e The Wandering Emperor.

Somado ao acesso a uma base de mana eficiente, Esper Midrange deve se tornar o deck a ser batido nas próximas semanas, sendo provável que ele permaneça nesse espaço por bastante tempo, já que seu plano de jogo é abrangente e adaptável para lidar com as demais estratégias que fiquem no topo do Metagame.

Domain Ramp

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O Domain Ramp já estava em ascensão antes do lançamento de Wilds of Eldrainelink outside website, e as mudanças que a nova expansão trouxe para o Standard o colocou em uma posição ainda mais favorável. Up the Beanstalk é um mecanismo de valor excelente ao lado de tantas mágicas de custo alto, e Virtue of Persistence ganha o jogo por conta própria caso não seja respondido, principalmente se reanimar bombas como Atraxa, Grand Unifier e Sheoldred, the Apocalypse

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Por falar em Atraxa, a postura do Standard em relação à sua melhor criatura mudou bastante da temporada passada: o anjo phyrexiano não ganha mais partidas por conta própria após ser trapaceada em jogo com The Cruelty of Gix - essas estratégias tiveram resultados horrendos no torneio. Ao invés, ela vence a partida quando você consegue segurar o jogo e manter a paridade de recursos para soterrar o oponente em card advantage no momento em que ela entra no campo de batalha.

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Dada a sua winrate muito positiva contra Esper Midrange, e visto que nada que o Esper faça para adaptar melhor essa partida não possa ser respondido à altura pelo Domain Ramp, creio que essas duas estratégias competirão pelo espaço de melhor deck do formato, enquanto outros arquétipos encontrarão as brechas entre esses dois para ganhar espaço no Metagame.

Soul Cauldron

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Apesar da amostragem da versão Mono Blue ser maior e apresentar um resultado mediano para positivo, a variante Simic do combo de Agatha's Soul Cauldron demonstra o potencial de adaptabilidade do arquétipo.

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Caso você ainda não tenha encontrado um desses nos jogos ranqueados, o plano de jogo da lista envolve usar Agatha's Soul Cauldron para dar a alguma criatura as habilidades de Sleep-Cursed Faerie e Kami of Whispered Hopes, para poder gerar três ou mais manas azuis e usar duas para desvirar a si mesma, gerando, assim, mana infinita.

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Com a mana infinita, o jogador pode utilizar as habilidades de Realm-Scorcher Hellkite para causar dano infinito, ou a de Hypnotic Grifter para fazer looting infinito e encontrar uma condição de vitória ou atacar com uma quantidade arbitrária de poder.

O que torna de um combo que requer tantos passos e peças uma opção viável, e um dos vencedores do Metagame do Mundial, é que ambas as versões são difíceis de interagir, seja porque estamos em um ambiente onde jogadores disputam entre quem joga por baixo e quem joga para valor, ou porque lidar com Agatha's Soul Cauldron requer uma mistura de remoções e disrupção que não são tão favoráveis contra o resto do formato.

Hates contra artefatos no maindeck são pouco necessários hoje, interações com o cemitério são, em maioria, incidentais com Lord Skitter, Sewer King ou Graveyard Trespasser, e ele joga bem contra remoções porque as criaturas só precisam ter um marcador +1/+1 para fechar o combo se ambas as peças estão exiladas com Agatha's Soul Cauldron.

A versão Simic demonstra mais um passo na evolução natural deste arquétipo, e certamente não será a última variante que veremos do combo. No entanto, devido à alta necessidade de cliques e interações necessárias no Magic Arena e no MTGO para executar o combo, creio que ele não será tão comum nas partidas ranqueadas, a menos que ele cresça no Metagame ao ponto de predominar em Challenges e outros grandes torneios.

Mono White Aggro

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Aggros "go wide" possuem uma vantagem no Metagame enquanto os Sweepers estiverem em baixa no formato - o que, no momento, estão. No caso do Mundial, o "Aggro a ser batido" parecia ser o Mono Red, e a maioria das escolhas no maindeck e no sideboard parecem mais voltadas para ganhar um fôlego extra ou remover criaturas individuais para soterrar o oponente com valor nos turnos posteriores, do que em lidar de maneira permanente com muitas ameaças.

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Nesse sentido, o Mono White Aggro capitaliza bem em torno da falta de adaptação do Metagame, com capacidade de se apresar daqueles que buscam uma winrate melhor contra Esper e Domain Ramp, tornando-se a principal estratégia do formato para "jogar por baixo".

No entanto, sua objetividade e rapidez é, também, a sua maior fraqueza: conforme adaptações surgirem, mais difícil se torna manter um plano linear no Standard. O Mono Red esteve em declínio no evento pela mesma razão, e caso o Metagame comece a enxergar o Mono White como a métrica, mais sweepers e mais respostas pontuais serão inclusas, e diminuirão seu espaço.

Azorius Soldiers

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Nesse sentido, o Azorius Soldiers parece melhor posicionado no médio-prazo, apesar do risco de perder seu potencial caso novos lançamentos não tragam suportes relevantes ao arquétipo. Enquanto possui a mesma proposta de "go wide" do Mono White Humans, essa estratégia troca a velocidade por um plano de jogo mais adaptável, com maior capacidade de jogar no Tempo, ou de se manter relevante conforme a partida se prolonga.

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Conforme o Metagame se desenvolve, mais claro fica para o Soldiers que seus payoffs não são de todo necessários, porque suas criaturas já são bem decentes por conta própria. Até Harbin, Vanguard Aviator é um two-drop decente do qual garante que suas criaturas passem por cima da dos oponentes quando a mesa está travada para ambos os lados. Logo, o deck tem adaptado mais cards com maior potencial individual em detrimento das sinergias tipais.

Dentre os "go-wide", e os Aggros, o Soldiers parece a opção mais promissora para o formato nas próximas semanas!

Rakdos Sacrifice

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Rakdos Sacrifice é uma estratégia que as pessoas tentam fazer funcionar desde o lançamento de Oni-Cult Anvil, mas que nunca demonstrou resultados expressivos no Metagame, e seus resultados no Campeonato Mundial devem colocar mais holofotes sobre ele.

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Wilds of Eldraine deu ao arquétipo dois payoffs úteis: artefatos são a principal categoria de permanentes que o deck busca sacrificar, o que alimenta Syr Ginger, the Meal Ender, que além de desviar de Go for the Throat, também não pode ser alvo de uma The Wandering Emperor na mão do oponente.

Além disso, o Rakdos Sacrifice conta com vários cards ou interações que colocam duas ou mais permanentes em jogo no mesmo turno, e tornam de Goddric, Cloaked Reveler uma ameaça e excelente mana sink para jogos mais longos.

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Outro destaque da lista é Urabrask's Forge, que não apenas é o Wedding Announcement que o vermelho tem em casa, como também interage com Oni-Cult Anvil, ou qualquer outro card que se beneficie do seu efeito de sacrifício, além de punir os sweepers e o late-game do oponente.

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No geral, a falta de interação com artefatos hoje torna do Rakdos Sacrifice uma opção sólida para as partidas ranqueadas e/ou torneios. Tal qual outros arquétipos que se beneficiaram do Metagame atual, ele é mais difícil de interagir do que as estratégias tradicionais. Porém, também requer determinados setups específicos para funcionar da melhor maneira.

Bant Control

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O Bant Control é uma anomalia: a winrate dos decks de UWx Control foi mediana para ruim no evento, eles não se destacam tanto nos Challenges e nas Ligas, mas Greg Orange conseguiu um dos maiores winrates das rodadas de Standard com essa lista.

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Up the Beanstalk é o pilar desse arquétipo e, talvez, o card que tenha feito ele suceder onde as demais variantes não conseguiram. Transformar todos os seus drops pesados em um "draw", sem qualquer concessão para os recursos da sua mão, e ainda com triggers que se acumulam com múltiplas cópias, faz com que prolongar seja ainda mais vantajoso.

O futuro dele e dos demais Controls nessa temporada é incerto - o Metagame não parece favorável para essa categoria. No entanto, a versão Bant parece a mais certeira hoje em corrigir as falhas inerentes do arquétipo nesse formato sem a necessidade de perder a consistência.

Os Perdedores do Campeonato Mundial

Golgari Midrange

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O Golgari Midrange está numa posição sensível: ele é o literal meio-termo do torneio, com 50% de winrate. No entanto, o considero como um dos perdedores do torneio pela quantidade de jogadores que o pilotaram, somado ao quão ruim a partida dele contra Esper Midrange e Domain Ramp, dois dos principais competidores nas próximas semanas, foi.

O declínio em relação aos resultados e presença nos eventos da semana passada é notório. Sob determinadas óticas, a sensação que passa é a de que o Golgari Midrange é justo demais comparado aos outros arquétipos de atrito Standard atual, enquanto têm problemas para lidar com os go-wide que, em teoria, colocarão esses decks em cheque.

Não o vejo como uma estratégia que vai sumir do Metagame, mas concessões serão necessárias para definir o espaço do formato que seus jogadores pretendem ocupar.

Esper Legends

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O Esper Legends teve uma conversão pior do que o esperado, com uma amostragem suficiente para vermos que sua posição no Metagame não é tão boa quanto aparenta. Por outro lado, sua partida contra alguns dos decks que se destacaram é equilibrada, ou não é tão ruim ao ponto de ser uma derrota automática, o que ainda o torna uma opção viável nas próximas semanas.

Mono Red Aggro

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Mono Red é uma estratégia onipresente no Standard, independente da sua posição. Sua proposta é objetiva, as partidas são rápidas, e sempre há a possibilidade de ter um começo de jogo absurdo e/ou o oponente se atrapalhar nos primeiros turnos. Sua presença é a bússola que define quais propostas são viáveis.

Sua winrate geral no evento foi ruim, o Metagame estava preparado para enfrentá-lo, mas enquanto várias partidas parecem polarizadas para o lado negativo do Mono Red, os jogos contra Esper Midrange e Domain Ramp foram bons o suficiente para mantê-lo como uma opção viável para torneios.

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Reanimator

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Resolver uma Atraxa, Grand Unifier cedo não é mais uma jogada que vence a partida por conta própria. Além do hate de cemitério acidental que cards como Lord Skitter, Sewer King trouxeram, as estratégias com maior sucesso no Standard hoje conseguem jogar à par do valor que Atraxa proporciona, ou consegue jogar rápido e por baixo ao ponto de torná-la irrelevante, ou conjuram suas próprias Atraxas.

As variantes de Reanimator, no geral, tiveram resultados ruins e se tornaram uma proposta datada para o Standard.

Domain Cascade

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O Domain Cascade sofre com o mesmo problema do Reanimator: tudo o que ele faz pode ser respondido e/ou não gera valor o suficiente diante dos outros arquétipos orientados para card advantage que temos no topo. Suas concessões de deckbuilding também são muito restritivas para fazer com que ele tenha uma vantagem em ambientes de Melhor de Três.

O combo de Invasion of Alara com Bramble Familiar é muito eficiente quando seus oponentes não possuem as respostas apropriadas, e o sideboarding do Domain Cascade é tão sensível que o torna uma estratégia quase linear, e fácil de prevenir.

Enchantments

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O Enchantments se apresa de estratégias que precisam de um setup para funcionar, porque ele próprio requer alguns turnos com pouca ou nenhuma interação para explodir. Não é o caso hoje: os decks mais favorecidos contam com um número decente de remoções, Wedding Announcement, Leyline Binding, Virtue of Persistence e Virtue of Loyalty tornam de respostas para encantamentos obrigatórias no maindeck ou no Sideboard, e os Aggros forçam trocas que são desfavoráveis muito cedo.

Azorius / Esper Control

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O grande problema nos decks Control hoje é o fato deles não conseguirem acompanhar o card advantage que permanentes geram. Cada staple que outras listas utilizam criam um valor agregado por entrarem ou permanecerem em jogo, e as mágicas utilizáveis em Instant-Speed, como Memory Deluge, não conseguem acompanhar.

Dado o resultado de Greg Orange com a sua variante de Bant, parece que a resposta para que os Controls tenham mais espaço no Metagame passa por buscar mais permanentes que gerem card advantage recorrente por um custo razoável, como Up the Beanstalk. Porém, no que concerne às versões tradicionais, os resultados no Campeonato Mundial foram ruins, e apontam uma incapacidade de lidar com os melhores decks do formato.

Faeries

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Se agregarmos todas as variantes, Faeries tiveram um dos piores resultados do torneio. Sua combinação de sinergia tipal com versões de cards poderosos, mas dependentes de ter uma fada em jogo, revelam a inaptidão do arquétipo em conseguir estabelecer uma estratégia sólida que fique à par dos demais competidores da sua categoria: ele é lento demais para capitalizar em cima de cards como Ego Drain, dependente demais para conseguir voltar bem de um sweeper, e as concessões para tirar proveito do seu tipo principal tornam dele uma versão piorada do Dimir Midrange, que também caiu em desuso após o lançamento de Wilds of Eldraine.

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Conclusão

O Standard permanece em evolução constante. Com os resultados do Mundial, temos um panorama mais amplo de quais decks funcionam e quais estão em declínio no formato pós-Wilds of Eldraine. Nas próximas semanas, é provável que testemunhemos novas adaptações nos Challenges e outros torneios, enquanto o Metagame competitivo se solidifica.

Obrigado pela leitura!