Magic: the Gathering

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Deckbuilding no Commander: Por onde começar

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Quer construir um deck Commander do zero e não sabe por onde começar? Estou aqui para te ajudar.

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revisado por Tabata Marques

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Olá, leitores.

Nos últimos capítulos desta série conceituamos os diferentes tipos de Commander e traçamos um perfil do que seria o “jogador casual típico”. Agora que já temos isso pacificado na mente, vamos finalmente começar a abordar um assunto mais prático e aguardado por vocês leitores: a construção de decks.

Quando se trata de Commander este é um tema amplo e repleto de particularidades, já que o deckbuilding num formato casual tende a ser algo muito pessoal. Existem vários fatores que influenciam tanto o processo quanto o resultado final da construção de um deck, e uma das maiores questões levantadas por muitos jogadores que pensam em montar um deck autoral é:

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Por onde eu começo?

Hoje vamos falar sobre alguns conceitos que podem ajuda-lo a dar o pontapé inicial rumo a construção do seu deck Commander: a motivação e a orientação.

Se você não faz ideia do que estas duas palavras significam neste contexto, não tem problema. Ambos os conceitos são pouco ou nada conhecidos pela comunidade geral de Commander, mas são bastante utilizados mesmo que de forma instintiva pela maioria das pessoas que pensam em construir um deck EDH. Com este artigo pretendo colocar eles em evidência, para que da próxima vez que for montar um deck você passe por eles totalmente consciente do que esta fazendo e com isso otimize suas decisões.

Vamos começar então!

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Motivação

A motivação é a razão pela qual você está montando o seu deck. Parece algo trivial, mas nem sempre é tão simples. Você pode estar montando um deck por bater o olho em um comandante específico e gostou muito dele, ou porque você sentiu a necessidade de focar em uma certa estratégia pois ela vai te permitir jogar melhor contra o deck mais forte do seu grupo.

As histórias podem ser tão variáveis quanto as pessoas que jogam e é impossível listar todas. Ainda assim, identificar a motivação por de trás da construção de um deck é o primeiro passo rumo a direcionar corretamente as escolhas que o tornarão satisfatório no final do processo.

Alguns exemplos de motivações comuns para decks de Commander:

- O comandante preferido: “Gostei muito deste comandante. Quero montar um deck em torno dele”

- O Foil Inesperado: “Abri um booster e veio um Brago, King Eternal foil. Fiquei tentado a montar um deck com ele.”

- O Upgrade: “Comprei/ganhei um pré-construído e gostei muito do deck, mas sinto que ele pode ser melhor ou não estou satisfeito. Quero otimizá-lo para aproveitar seu potencial.”

- O Pet Card: “Meu card preferido é Warp World. Queria muito poder usá-lo em um deck.”

- O Meta Hate: “Meu grupo de jogo tem uma tradição muito forte com o uso de anulações. Gostaria de ter um deck que fosse particularmente eficiente em jogar contra isso”.

- O Combeiro: “Descobri que existe uma série de combos envolvendo o card Helm of the Host e estou montando um deck baseado nisso”.

Uma imensa variedade de motivações podem ser obtidas apenas substituindo e adicionando variáveis nos exemplos anteriores. Quando estiver pensando em construir um novo deck, você deve se perguntar “por que eu estou montando isso?” A motivação de seu deck dará a primeira pista sobre como começar a montá-lo. Em outras palavras, ter esta informação bem clara na sua mente o ajudará a descobrir qual a orientação (veja a seguir) ideal para seu deckbuilding.

Por mais simples que seja esta motivação, ela poderá se tornar mais elaborada no decorrer do processo de construção do deck, servindo como norte para a adição ou subtração de novas cartas ou estratégias. Por exemplo, um deck construído em torno de Helm of the Host (como no exemplo do “Combeiro” acima) pode ter Godo, Bandit Warlord como comandante sendo apenas vermelho. No entanto, um deckbuilder pode também considerar a adição do branco por conta dos tutores de equipamentos abundantes na cor, e neste caso Aurelia, the Warleader seria uma opção viável de comandante. Em ambos os casos, existem combos e cartas assinatura que também usam tanto Godo quanto Aurelia, mas que não necessariamente precisam do Helm of the Host. Você pode adicionar alguns deles para ter linhas de combo alternativas para seu deck; ou pode optar por não fazer isso caso não queira focar tanto em combos, usando apenas os combates adicionais como linha alternativa de vitória.

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É natural que, como descrito no exemplo acima, novas camadas de motivação sejam adicionadas ou removidas conforme o processo da construção de um deck apresente novos caminhos a serem seguidos. Eventualmente estas bifurcações podem se sobrepor e gerar sub-motivações — ideias dentro de ideias — que tem o potencial de desviá-lo de seu objetivo original de modo que no final do processo sua motivação acabe se transformando completamente.

Estes rodeios fazem parte da coisa mais lúdica do processo de construção de um deck, pois podem conduzi-lo a um resultado satisfatório e inesperado, por outro lado, eles podem também se tornar distrações e acabar atrapalhando. Sendo assim, por mais que seja bom manter a mente sempre aberta para novas possibilidades que possam surgir, é igualmente importante também estabelecer alguns critérios para que você acabe não se perdendo no meio do caminho.

Existem algumas dicas para ajudá-lo neste processo.

Primeiramente, crie “regras” que estabeleçam limites que você não esteja disposto a ultrapassar, ou cursos que você queira seguir. Tente relacioná-las ao tipo de jogo que você esteja procurando experimentar ou aos seus princípios como jogador. Se você não sabe exatamente que tipo de experiência de jogo procura, o primeiro capítulo desta sérielink outside website pode ajudá-lo a descobrir. Tente também ser específico. Coisas genéricas como “quero um deck muito forte”, por exemplo, não o ajudarão muito a manter uma linha coesa, a menos que você tenha uma ideia bem clara e específica de como é um deck forte (o que é variável de acordo com a realidade de cada jogador). Também é importante não estabelecer muitas regras, pois quanto mais delas você criar mais limitado será seu deckbuilding. Liberdade é um fator importante nesta etapa.

Alguns exemplos de critérios de deckbuilding:

- “Quero que o comandante desempenhe um papel importante”

- “Não quero que meu deck dependa muito do comandante ou de outra carta específica”

- “Não quero combos no meu deck”

- “Quero alguns combos no meu deck”

- “Quero poder testar cards diferentes daqueles que eu já usei bastante”

- “Quero um deck que vença atacando com criaturas”

- “Quero usar cards específicos”

- “Não quero usar cards específicos”

- “Quero um deck com custos de mana baixos”

- “Quero um deck com bastante respostas eficientes”

- “Quero usar apenas cards comprovadamente eficientes, sem nada muito experimental”

Outra dica é manter um registro de todas as motivações de seu deck. Anote suas motivações iniciais e a medida que novas forem sendo adicionadas, você as inclui neste registro. Se for possível criar uma escala de importância entre elas, melhor ainda. Isso o ajudará a ter uma visão clara e organizada sobre o processo de deckbuilding e caso precise remover alguma delas as de menor importância seriam as principais candidatas.

Orientação

A orientação é primeiro passo rumo a construção do deck em si. Ela basicamente define qual será o ponto de partida em torno do qual sua estratégia tomará forma. Uma vez que você já tenha bem claro qual a motivação de seu deck, será fácil definir sua orientação. Existem dois tipos de orientação, e para ser mais fácil o entendimento de seus conceitos, usaremos uma representação de um deck Commander em formato de pirâmide.

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Imagine que em um esquema de hierarquia, o comandante de seu deck ocupe o lugar no topo da pirâmide. Ele possui um lugar garantido lá, pois todo deck precisa de um, e será ele que definirá a identidade de cores do deck.

Os terrenos - que compõem o que chamamos de “base de mana” - ocupam a base da pirâmide, pois todo deck também precisa deles.

O restante - o meio da pirâmide - será ocupado por todos os outros cards que ocuparão os pacotes funcionais do deck. Note que o esquema não menciona informações específicas como quantidades. Não está definido quem será o comandante, se ele terá mesmo um papel importante ou quantos terrenos serão usados. Isso será definido pela sua motivação e em outras etapas do processo. Dito isso, podemos construir o deck de cima para baixo ou de baixo para cima.

Construindo um Deck de Cima para Baixo (Top-Down)

Um deck construído de cima para baixo considera o comandante como definidor da estratégia antes de tudo. Estes decks começarão pela escolha do comandante, e a partir dele a maior parte das estratégias e demais cards serão definidos. Esta é a forma mais comum de se começar a construir um deck Commander e a mais recomendada para iniciantes, já que muitas vezes o próprio comandante já é sugestivo o suficiente para dar alguma ideia de que tipo de deck é possível ser feito com ele, embora isto obviamente não seja uma regra.

Se a sua motivação envolve a construção de um deck de um comandante específico, ou se você decidiu começar pela escolha do comandante, você está montando um deck Top-Down.

Construindo um Deck de Baixo para Cima (Bottom-Up)

Um deck construído de baixo para cima segue o caminho inverso, quando um ou mais cards ou estratégias específicas são definidas antes que o comandante seja escolhido. O ponto de partida aqui normalmente é um tema específico ou uma combinação de cartas que estará ligada às motivações do deckbuilder, a partir de onde o núcleo estratégico do deck será formado. A escolha do comandante é apenas parte deste processo.

Esta é uma forma de deckbuilding menos comum no Commander, já que requer uma percepção inicial mais abrangente sobre o que o deck deve ser capaz de fazer. No entanto, conforme um jogador se torna mais experiente e conhece mais cartas, construir decks Bottom-Up torna-se tão intuitivo quanto da maneira inversa.

Variações de Orientação

É possível que no decorrer do deckbuilding, sua orientação siga o fluxo ideias e alterne-se entre Top-Down e Bottom-Up em vários momentos à medida que novas motivações vão sendo adicionadas ou alteradas. Um deck que começou sendo montado de cima para baixo pode em algum momento ser confrontado com a possibilidade de uma estratégia específica que teria impacto suficiente para colocar em cheque a posição do comandante, e o inverso também é possível.

No entanto, no geral a orientação é um conceito mais relevante durante os primeiros momentos da criação do deck, como uma forma de ajudá-lo a dar o primeiro passo (que as vezes pode ser difícil). Uma vez que isso já tenha sido feito e você já tenha “engatado” neste fluxo de ideias, saber qual orientação você esta seguindo não é mais tão importante.

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Conclusão

Com este artigo, iniciamos oficialmente nossa jornada rumo aos meandros da construção de decks no Commander. Estou bastante empolgado com este projeto e ansioso pelo feedback de vocês. Nos vemos no próximo episódio com mais conceitos interessantes para discutirmos. Até lá!