Legacy Deck Tech: Cephalid Breakfast

Bom dia, boa tarde, boa noite! Estamos de volta com mais um Deck Tech e dessa vez o menu tem moluscos para o café da manhã!

Quando o Legacy ainda estava no início da sua trajetória, um dos seus primeiros grandes eventos foi o terceiro dia do Mundial de 2007 em Nova Iorque. Entre os Canadian Thresholds, Goblins e Deadguys da vida, um novo arquétipo apareceu de surpresa, motivado por uma alteração na regra que fazia que o Poder e Resistência do Tarmogoyf fosse o mesmo em todas as zonas de jogo (antes era somente na Campo de Batalha).

Esse era um deck que atacava por um ângulo como um Combo, buscando colocar um Cephalid Illusionist em jogo e usar Nomads en-Kor ou Shuko para colocar o seu deck inteiro no cemitério e reanimar um Sutured Ghoul, convenientemente encantado com Dragon Breath e abastecido com os cadáveres de Tarmogoyf para um único ataque letal; e, por outro lado tinha um plano B de usar esses mesmos Goyfs para atacar e matar o seu oponente com seus elementos de Control. Era o Cephalid Breakfast.

Anos se passaram e o arquétipo evoluiu e voltou a frequentar as cabeças do Metagame Legacy. Para trás ficaram os Tarmogoyf e Sutured Ghoul, trocados pela simplicidade de Thassa’s Oracle e o seu plano B passou a ser Stoneforge Mystic, que convenientemente serve tanto como tutor para parte do combo quanto como uma maneira de fazer Kaldra Compleat roubar algumas vitórias.

Durante um bom tempo, era comum por parte dos jogadores batizar decks de combo com nomes de cereais de café da manhã como Trix ou Fruity Pebbles.

A mania foi expandida para coisas sem noção como Full English Breakfast (Volrath’s Shapeshifter + Phage, the Untouchable) e fatalmente quando alguém teve a brilhante criar um deck com Cephalid Illusionist, a lógica ditava que deveria ser um Café da Manhã Cefálida!

O combo é bastante simples: unir Cephalid Illusionist com algum efeito de custo 0 que dá alvo em uma criatura sua. O resultado são 3 cartas trituradas. Repita até enjoar.

As cartas que permitem essa interação são Nomads en-Kor e Shuko. A primeira tem a vantagem da habilidade poder ser usada com velocidade de Mágicas Instantâneas, o que não permite ao oponente simplesmente remover o Cefálida em resposta. Já o equipamento está preso à velocidade de Feitiço, mas por outro lado pode ser encontrado facilmente com Urza’s Saga ou Stoneforge Mystic.

Uma vez que o seu deck inteiro tenha sido tombado no cemitério, algumas Narcomoeba saltam para a mesa, você sacrifica 3 amiguinhos para pagar o custo de Flashback de Dread Return (os próprios Cefálida e Nômades podem tomar uma para o time aqui caso você tenha menos de 3 Amoebas no deck) dando alvo na Thassa’s Oracle.

Alguma das criaturas também podem ser sacrificadas para Cabal Therapy, tanto para garantir o caminho livre para o Combo quanto para colocar no cemitério alguma peça do quebra-cabeça que porventura esteja na sua mão e não no cemitério.

A base do deck é a mesma de quase todos os decks azuis do formato: 4x Brainstorm, Ponder e Force of Will, com mais 4 Daze e 3 Teferi, Time Raveler para proteção extra. O combo ocupa uma porção significativa do deck, 15 cartas – felizmente boa parte delas podem cumprir a função dupla de pagar o custo alternativo da Force of Will.

Fechando o pacote, você tem os terrenos e cartas para achar as partes específicas do combo – Stoneforge Mystic, Urza’s Saga e Step Through. A última vaga fica com Kaldra Compleat, que abre uma opção extra para ganhar o jogo, pois alguns decks simplesmente não tem ferramentas adequadas para lidar com um Germe indestrutível com quase tantas habilidades quanto uma Akroma, Angel of Wrath.

Alguns decks bebem da fonte original do deck e utilizam Aether Vial como uma maneira de forçar o combo de maneira incounterável, porém mais lenta. Algumas cartas que listarei nas opções de Sideboard também costumam aparecer em quantidades menores em alguns main decks, como Prismatic Ending, Swords to Plowshares ou Flusterstorm. Há também listas que optam por usar preto para Baleful Strix, geralmente abrindo mão de Stoneforge Mystic nesses casos.

Nesse aspecto, esse deck lembra muito o deck tech da semana passada, do Dimir Reanimator: você é um deck de combo, mas não um combo explosivo que precisa ir pra garganta o quanto antes, mas pode encontrar as peças e as defesas para forçar a vitória.

Levando isso em consideração, Teferi, Time Raveler é heroi do deck, pois uma vez resolvido, você tem reino livre para fazer sua estratégia. Stoneforge Mystic para Kaldra Compleat é uma maneira de jogar a pressão para cima do oponente que pode acabar por baixar a guarda ao tentar lidar com o equipamento. Cuidado apenas para não depender demais de mão muito reativas.

O sideboard proposto tem duas diretrizes principais: reforçar a defesa do combo e lidar com criaturas/permanentes problemáticas.

No primeiro campo, você tem acesso a Force of Negation e Flusterstorm, assim como Hydroblast que serve como resposta à resposta, atingindo Pyroblasts que possam atrapalhar o seu dia. No segundo time, Swords to Plowshares, Prismatic Ending e Serenity estão entre as melhores respostas disponíveis no formato. Surgical Extraction aparece para que você tenha mais armas para enfrentar decks de cemitério.

Entre as outras opções que aparecem de vez em quando nos sideboards, podemos listar Brazen Borrower, Containment Priest, Hullbreacher, Minor Misstep, Pithing Needle e Triumph of Saint Katherine. Needle em particular é interessante caso você acredite que vá enfrentar muitas Faerie Macabre: ela é convenientemente encontrada pela Urza's Saga.

UR Delver

Contra o Delver você sobe suas remoções, pois eles podem pressionar muito rápido os seus pontos de vida.

Force of Will é um alvo tentador para as Pyroblast deles, e o plano de fazer a Kaldra Compleat carregar o jogo acaba sendo mais comum do que aparenta, contanto que você consiga manter seus bichos fora de combate por tempo suficiente.

Na draw, você também pode trocar alguns Daze por Hydroblast.

Entra:

Sai:

White Initiative

Chalice of the Void atrapalha bastante, mas não cancela o Combo, pois você ainda pode colocar o Shuko em jogo de outras maneiras.

Pós-side, a ideia é segurar a pancada dos bichos deles, mas Leyline of the Void trava o combo, portanto Teferi, Time Raveler e Serenity são importantes para liberar suas ações. Eles têm muitas ferramentas para lidar com a Kaldra Compleat, o que dificulta bastante o seu jogo.

Entra:

Sai:

Reanimator

No game 1, felizmente para você, um Griselbrand ou uma Atraxa, Grand Unifier rápida não significa fim de jogo instantâneo, mas o seu combo sim.

É uma batalha de disrupção, e Urza’s Saga acaba sendo peça importante para encontrar o seu combo por cima de counters/descarte. Pós-side, Teferi e Kaldra são lentas, então você vai atrás de mais cartas para segurá-los.

Entra:

Sai:

Grixis/Jeskai/Bant/4C

Contra esses adversários, você foca no plano A, pois eles tem muitas respostas ao plano B. Contra decks com mais foco em cartas vermelhas, você pode subir mais Hydroblast no lugar de Daze.

Entra:

Sai:

Red Prison

Ao contrário do White Initiative, Kaldra costuma obliterar esse adversário.

Pós-side, a resposta padrão deles é Leyline of the Void, por isso alguns Teferis continuam pra dentro. Cuidado com Blood Moon, pois ela mata as suas Urza’s Saga.

Entra:

Sai:

Doomsday

Aqui é uma briga feia, pois é comum que ambos gastem muitos recursos tentando forçar seus combos/impedir o combo alheio e acabam indo para um duelo de topdecks.

Teferi é um pouco lento e, embora útil para segurar o combo deles com suas contramágicas, não faz muito contra descarte.

Entra:

Sai:

Concluo aqui essa viagem até o fundo do oceano (ou do cemitério), onde um bicho com cabeça de polvo invoca uma maga Tritão para aniquilar o mundo. Um abraço e até a próxima!