Magic: the Gathering

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Legado: A evolução do UR Tempo/Aggro no Legacy

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Um histórico analítico do UR Aggro/Tempo no Legacy, desde os primórdios em 1997 até hoje em dia. Falaremos sobre evoluções, problemas e adaptações na consolidação do arquétipo.

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revisado por Tabata Marques

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Evolução do UR Tempo/Aggro no Legacy

Azul.

Vermelho.

Brainstorm.

Lightning Bolt.

Essa combinação de cores e mágicas fez (e faz!) história no Magic desde que foram lançadas, e ajudaram a consolidar o deck Azul e Vermelho Tempo/Aggro. Mas será que foram elas as únicas responsáveis por esse sucesso?

No artigo de hoje, apresentamos um pouco do histórico do deck desde o lançamento do formato em 1997 e sua evolução ao longo do tempo, apresentando evolução de estratégias, problemas e adaptações para consolidar o arquétipo como um dos principais dentro desse formato eterno.

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1997-2000: Eficiência

Legacy nasce da necessidade de jogar Vintage sem as cartas restritas. A primeira interação do formato era simplesmente banir as cartas restritas no Vintage, criando assim um ambiente mais saudável para jogadores, considerando a dificuldade de ter acesso a essas cartas.

Nesse período, os decks eram focados em realizar combos agressivos ou usar criaturas eficientes para vencer o jogo. Nessa época, mágicas azuis eram usadas para tentar controlar o campo, e as cartas vermelhas para criar pressão no oponente. Ainda assim, o deck UR Tempo não existia como um dos principais arquétipos do formato.

Um deck proeminente na época era o Five Color Black (também conhecido como All 5 Black), que inclusive foi apresentado para o público como um dos decks do campeonato mundial de 1997. Segue a lista abaixo:

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A falta de criaturas e mágicas de controle realmente eficientes faziam com que muitos decks fossem inviáveis.

Mas tudo muda com a chegada de algumas cartas específicas.

2001-2005: Splash

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Esse foi um período de experimentação para jogadores de formatos eternos. Os resultados em campeonatos de grande destaque midiático, como o World Championship, fizeram com que os jogadores de vermelho e azul buscassem soluções para seus problemas em outras cores.

Preto poderia trazer hand disruption.

Verde trazia criaturas com grande impacto na mesa.

Branco era flexível para apresentar remoções diversas.

Decks como Nether-Go traziam a filosofia de decks de Tempo para outro ritmo de jogo. Esse deck era extremamente efetivo e muito difícil de responder.

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Foi durante esse período que algumas cartas se instauraram de vez como recorrentes para um arquétipo “fast-tempo”: Counterspell e Opt.

A eficiência de mana de uma cantrip somada a uma mágica de controle de baixo custo e grande versatilidade fizeram com que os decks de tempo ganhassem ainda mais versatilidade dentro do meta.

Ainda assim… faltava algo.

Tudo muda em 2005.

2005 - 2010: Limiar

Em 2005 tivemos dois torneios importantes para o Legacy a nível internacional: o Grand Prix Philadelphia em novembro e o GP de Lille um mês depois.

Foi nesses dois torneios que se consolidou um dos principais arquétipos do Legacy por muito tempo: o Threshold.

Focado em conjurar mágicas rápidas e baratas para encher o cemitério, esse deck utilizava da mecânica de limiar da coleção de Odisseia para colocar criaturas eficientes e poderosas no campo, como Nimble Mongoose e Werebear.

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A eficiência dessas criaturas somadas a velocidade de conjuração de excelentes mágicas como Brainstorm, Lightning Bolt, Daze e Force of Will seria o suficiente para consolidar esse deck como um dos principais do formato na época, desbancando inclusive o RW Slide e o UW Control da época.

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A estratégia, naturalmente, evoluiu com o tempo e variações com outras cores foram se tornando possíveis. Cartas como Tarmogoyf e Dark Confidant foram rapidamente incluídas nessa estratégia e o deck dominou o Legacy por um tempo.

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2011: Delver of Secrets

O lançamento de Delver of Secrets e Snapcaster Mage fizeram o arquétipo decolar. Agora era finalmente possível jogar com apenas duas cores e ter uma criatura eficiente no primeiro turno e ter recorrência de cemitério no azul.

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Essas duas cartas extremamente eficientes foram combinadas com outras de custo baixo voltadas a responder o metagame e, com isso, fizeram um dos decks mais ágeis e “tempo-oriented” já vistos: UR Delver.

A presença de cartas poderosas de custo 2, como Stoneforge Mystic, Dark Confidant e Tarmogoyf, fizeram com que o UR Delver pudesse explorar cartas como Spell Snare, fazendo com que seu turno 2 fosse extremamente impactante.

Por muitas vezes, abrir de Delver of Secrets com backup de Force of Will, turno 2 fazer Brainstorm na manutenção para garantir que o Delver flipasse e ter um Spell Snare para anular a ameaça do oponente era o suficiente para levar a vitória.

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2012-2014: Adaptações

Durante os próximos anos, o UR Delver passa por algumas adaptações para melhor responder ao formato. Alguns jogadores apostam na velocidade do deck, diminuindo a quantidade de terrenos para 18 e jogando com o máximo de fetchlands possível. Outros apostam em versatilidade, e colocam Stoneforge Mystic no deck em conjunto com True-Name Nemesis para vencer o jogo de maneira garantida.

Mas a grande surpresa é a adaptação do arquétipo para retornar ao Canadian Threshold (URG). O Delver parece uma adição natural ao arquétipo já consolidado e a mentalidade de um deck aggro-tempo fecha perfeitamente com as estratégias já desenvolvidas para ambos arquétipos.

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2014: Dig and Cruise

Por um momento, Legacy girou em torno de duas cartas: Treasure Cruise e Dig Through Time. Duas cartas azuis que usavam a mecânica de Delve para comprar/selecionar cartas. Qualquer deck Legacy ficava muito melhor com essas duas cartas já que você essencialmente comprava muito mais e via muito mais do seu deck.

Era absurdo. Sneak and Show, Reanimator, Miracles e até mesmo Lands estavam usando essas cartas para melhorar as chances de vitória. Com UR Delver, isso não foi diferente.

A estratégia ficou tão famosa que, em determinado campeonato da Star City Games, os comentaristas chegaram a calcular quantas Volcanic Island tinham no campeonato e especularam sobre o quanto aquilo representaria para a quantidade total de Volcanic já impressas. Nessa época, a discussão sobre a veracidade de cartas antigas voltou à tona e alguns artigos foram publicados sobre o assunto.

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Aplicando as estratégias já utilizadas, UR Delver conseguiu se consolidar como um dos principais arquétipos durante essa era, principalmente por conta da presença de outra carta: Monastery Swiftspear. Decks UR agora contavam com duas ameaças poderosas no turno 1. Gitaxian Probe também se provou uma carta importante para o deck, já que era uma “free spell”. Alguns decks ainda usavam Dismember para aumentar as chances de vitória.

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2015 - 2018: Grixis

Com o passar do tempo (e depois de alguns banimentos) o UR retorna a suas origens, com um deck rápido, com custo baixo e eficiente. Para responder ao metagame da época, o UR incorporou a cor preta no deck, se fixando como o “deck to beat” por muito tempo.

Em 2018, tínhamos a presença dos decks de Eldrazi no formato e Grixis era um dos poucos decks com um excelente game 1. Hand disruption, counterspells e criaturas baratas e eficientes foram, por muito tempo, o suficiente para garantir vitórias no primeiro jogo de melhor de três.

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2018 - 2020: 4cc

Esses anos foram interessantes. O clássico UR Delver ainda existia, mas ele fica ainda mais forte com Dreadhorde Arcanist.

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Novamente, a capacidade de usar o cemitério de maneira eficiente se tornou o principal foco do deck. O interessante, entretanto, foi a adaptação do deck agressivo para uma shell mais controladora.

Nasce o 4cc (Four Colour Control).

Jogando com tudo menos branco ou com tudo menos preto, o 4cc deixa o jogo mais lento e mais responsivo. Lentamente, o deck Aggro se torna Tempo. Aos poucos, o Delver é removido do deck e agora ele deixa de ser Tempo para se tornar Control.

Essa mudança faz com que o deck “UR Aggro” ou “UR Tempo” se transforme em um arquétipo completamente diferente. Muitos jogadores do UR Aggro mudam para esse deck por possuir basicamente toda a base de mana e spells. O deck incorpora cartas eficientes dos outros formatos e de lançamentos recentes e se torna “uma resposta a tudo do formato”.

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Com a presença massiva desse tipo de deck, o Grixis Tempo volta a aparecer aqui e ali, mas longe de ser aquela presença dominante que já foi.

Mas isso mudaria quando os jogadores começassem a canalizar o dragão interior.

2021 - Presente: Canalizando o Dragão

Dragon’s Rage Channeler.

A carta acabou substituindo Monastery Swiftspear e/ou Delver of Secrets como a principal ameaça turno 1 do deck. Se isso não fosse o bastante, Murktide Regent selou o deck como a principal ameaça mid-game, exigindo resposta quase que imediata ou levava o jogo rapidamente.

Tivemos a presença de Ragavan, Nimble Pilferer por um tempo, mas foi banido.

O importante é que o deck não mudou muito. Uma análise interessante é comparar o deck de agora, 2022, com um deck de 2011. São 11 anos de diferença, mas as semelhanças são enormes. Além de lands como fetches e old dual, temos a presença de muitas cartas repetidas nas duas listas:

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2022 - Futuro: Eficiência? Velocidade?

É difícil pensar o que teremos de novo para um deck tão consolidado. Provavelmente, não teremos a impressão de cantrips tão eficientes quanto Brainstorm e Ponder. Não consigo ver uma counterspell mais poderosa que Force of Will. Sendo honesto, fica até difícil de imaginar criaturas de custo baixo tão eficientes quanto as que temos hoje.

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O futuro parece incerto, mas analisando o que tivemos até agora é possível concluir que teremos a inclusão de cartas impressas em coleções feitas para formatos eternos. O nível de poder de Modern Horizons 2 deixou claro que foram coleções realmente desenhadas para formatos com power level já consolidado.

Outra opção possível é a impressão de cartas em outras cores que ampliam o leque de possibilidades do UR Aggro/Tempo. Essa opção me parece mais realista, uma vez que já vimos isso acontecendo antes na história.

Bom, só o futuro sabe o que nos reserva.

Se pelo menos tivéssemos a possibilidade de conjurar um Brainstorm para olhar o topo...

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