Magic: the Gathering

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Onze perguntas ao Paulo Vitor, o PV

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No Onze perguntas de hoje, entrevistamos o Paulo Vitor Damo da Rosa. Rola pra baixo e boa leitura!

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revisado por Tabata Marques

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Olá,meus queridos! Eu sou o Betão, e sejam bem vindos ao Onze perguntas.

Hoje vamos entrevistar o melhor jogador de Magic do Brasil e um dos melhores da história, se não o melhor.

Ele é gaúcho, de Porto Alegre, onde nasceu, cresceu, e mora atualmente. Tem 33 anos, e estreou em Pro tour em 2003, na Alemanha. De lá pra cá, jogou diversos campeonatos importantes, obtendo resultados incríveis, sendo o atual campeão mundial, conquistando a taça no começo de 2020. Além do mundial, ele venceu dois Pro Tour: o de San Juan, em 2010, e o de Hour of Devastation, em 2017. Além dos títulos, apareceu em treze top 8 do Pro Tour. GP também ganhou dois, de Cingapura em 2011 e de São Paulo em 2015, além de dois campeonatos Nacionais.

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Entrou para o Hall da Fama do Magic em 2012, como o primeiro sul americano a conquistar esse lugar.

Com esse vasto currículo vencedor, consegue jogar Magic apenas para competir hoje, pois declara ser difícil separar as coisas. Para se divertir, costuma joga Bridge, League of Legends, Teamfight Tactics, Diablo II e III, Warcraft, Heroes 3 e Baldur’s Gate 2.

Seus formatos favoritos são o Legacy e o Deck Selado. Ele declara que: "Eu gosto do Legacy porque as micro-decisões são sempre importantes, nunca os turnos são triviais, e do selado porque tem uma coisa meio mágica (tipo natal) em você esperar e abrir o seu deck e ver o que vai vir, e também porque acho que é um formato muito mais desafiador do que parece."

Com essa mini biografia apresentada, vamos as onze perguntas com PV.

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Betão: Como, quando e onde você conheceu o Magic?

PV: Eu li uma propaganda sobre o jogo em uma revista Herói que falava sobre Cavaleiros do Zodíaco. Achei que poderia gostar do jogo, pedi pra minha mãe ver onde tinha para comprar aqui e ela levou um amigo e eu para a loja para a gente conhecer.

Betão: Você é conhecido em todo o Mundo Magic pelas conquistas de títulos na sua carreira. Qual o campeonato mais difícil ou desafiador que já participou?

PV: Olha, difícil dizer, a maioria dos campeonatos são contra as mesmas pessoas então não tem muito um campeonato que é mais difícil que o outro por princípio, depende muito do tipo de baralho que é jogado, do meu psicológico no momento e tal. Se eu tivesse que escolher um eu diria que foi o mundial ano passado, porque eu provavelmente estive mais nervoso naquele torneio do que em qualquer outro.

Betão: Qual o oponente que você costuma enfrentar no circuito profissional que você tem mais trabalho para jogar contra, daquele tipo que sabe que vai ser um dia longo? E tem algum que já se tornou "freguês"?

PV: Acho que não tem muito isso no Magic também, porque depende muito do baralho que você está jogando. Pode ser a pessoa que for, se eu estiver em um matchup bom eu acho que eu tenho mais chances de ganhar. Mas uma pessoa que vem à cabeça que quase sempre ganha de mim é o Shota Yasooka.

Betão: No meio do Magic, fazemos muitos amigos ao longo dos anos. No meio competitivo os jogadores são bem focados no torneio. Da pra fazer bons amigos? Você criou amizades que ainda mantém ao longo da carreira? Poderia citar algumas delas?

PV: Com certeza, a gente passa muito tempo juntos. Tem vezes que nós alugamos uma casa e ficamos semanas basicamente morando juntos treinando. Eu diria que a maioria dos meus melhores amigos são do Magic, e são amigos mesmo, não só colegas de trabalho - eu já fiquei um tempo na casa de diversos jogadores, conheço a família toda, já viajamos juntos a passeio, etc. Inclusive teve um pessoal que veio dos EUA e do Canadá para o meu casamento aqui em Porto Alegre.

Eu fiz bastante bons amigos ao longo da minha carreira, mas alguns que você pode conhecer o nome são o Willy Edel, Matt Nass, Luis Scott-Vargas, Ondrej Strasky, Martin Juza, Sam Pardee, Mike Sigrist, Shahar Shenhar, entre outros. Todos esses eu consideraria grandes amigos não só dentro do Magic, mas fora dele.

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Betão: Vindo um pouco para a América do Sul, não acha que poderíamos ter um pouco mais de atenção? você é o atual campeão mundial, o Romão também já foi campeão. Acha que é viável?

PV: Olha, com certeza poderíamos ter mais atenção. O Brasil é, ao contrário de todas as expectativas, uma potência do Magic mundial - se você considerar todas as dificuldades que nós temos aqui (em questão de renda, distância, moeda, vistos, linguagem) é sinceramente um milagre que o Brasil seja um dos melhores países do mundo no jogo e nós somos. Eu adoraria se isso fosse mais reconhecido e trabalhado em cima.

Betão: Quanto ao Arena, na sua opinião, a longa paralização por conta da Pandemia acelerou o processo de transferir todos os grandes torneios do cenário competitivo para o modo Online, no qual dá mais oportunidade, teoricamente, para jogadores de todas as partes do mundo, ou a forma do jogo física não corre risco de ser extinta, quando falamos em GPs e Pro Tours?

PV: Hoje em dia é complicado dizer porque é impossível saber quanto dessa mudança é uma mudança de diretriz da companhia e quanto é devido ao COVID - com certeza os dois tem um certo peso, mas não dá para saber exatamente quanto. Eu acredito que não existe nenhuma chance do Magic físico deixar de existir, com certeza eles querem que o Magic físico continue, mas talvez ele tenha um protagonismo menor no circuito profissional no futuro (por exemplo, talvez GPs continuem existindo mas se tornem mais convenções do jogo do que torneios profissionais). Mas eu acho que isso nem a WotC sabe, então é basicamente só especulação.

Betão: Você, tanto como jogador, quanto produtor de conteúdo, vê um fim para o Magic, ou esse nosso amado jogo de cartinhas se tornou algo como futebol e vôlei, ou seja, já faz parte da cultura mundial?

PV: Acho que nenhum dos dois. Nunca vai ser parte da cultura mundial como futebol e vôlei, mas também não vejo por que o jogo acabaria, ele tem mais de 25 anos e cresce cada vez mais.

Betão: Você desde cedo já foi patrocinado e inserido em equipe, atualmente na Tempo Storm. Como é a rotina em uma equipe? Como se comportam os jogadores quanto à ajuda e pensamento coletivo? Um pode acabar atrapalhando o outro?

PV: No Magic, um time é muito diferente de uma equipe de treinos. Tempo Storm é o meu time, eu represento eles quando eu jogo, uso camiseta, tweeto sobre eles, são meus patrocinadores, mas eu não treino com ninguém da Tempo Storm, eu treino com uma equipe separada que não tem nada a ver com eles.

Acho que no Magic é muito importante ter uma equipe - não é necessário (tem jogadores profissionais que não tem equipes) mas ajuda muito por dois motivos. Primeiro porque você não precisa descobrir tudo sozinho, por exemplo, se eu não sei como um matchup funciona ou qual carta é importante, eu não preciso necessariamente jogar esse matchup, eu posso perguntar para alguém do meu time que já jogou e escutar o que eles dizem; segundo porque eu tenho um oponente de qualidade para jogar contra a qualquer momento que eu quiser.

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Acho que tem jogadores que mais atrapalham do que ajudam em um time, particularmente os que têm um apego irracional aos seus baralhos (tem gente que defende até a morte o seu deck e se você criticar alguma coisa eles levam para o lado pessoal, essas pessoas são difíceis de conviver) mas daí você vai filtrando ao longo do tempo - hoje em dia eu não trabalho com ninguém assim então eu acho que todo mundo ajuda.

Betão: Falando em criação de conteúdo, você escreve para Star City e também tem um canal que tem sido muito acessado e comentado. Poderia falar um pouco dessa nova fase como produtor de conteúdo, principalmente nos vídeos?

PV: Então, eu não diria que é exatamente uma nova fase, porque eu escrevo artigos de Magic há mais de 10 anos, eu já tive um Podcast e já fiz alguns vídeos, a única coisa realmente nova é o canal do youtube. Eu resolvi fazer ele porque notei que havia um buraco no nicho de vídeos voltados a jogadores competitivos (temos muitos artigos voltados para o competitivo mas poucos vídeos), por enquanto a recepção está sendo bem bacana mas vamos ver como ficam as coisas no futuro.

Betão: Recentemente você publicou um vídeo no seu canal falando sobre o top 10 de todos os tempos. Alguns jogadores de Magic diriam que você deveria estar em primeiro. Mas você disse também em uma entrevista que o Kai Budde venceu sete Pro Tour, o que é muito difícil de se alcançar, ainda mais hoje que temos muito mais jogadores, e uma boa quantidade em alto nível. Como se manter agora como Top 3? A lista é sua, mas acredito que seja sentimento geral no jogo que você, Budde e Finkel são os maiores da história. Poderia citar nomes que ameaçam o trio de ouro do Magic?

PV: Eu acredito que o sentimento geral é sim de que somos os três melhores. Tem duas pessoas que podem entrar nesse top 3, mas acho que ainda vai demorar um tempo - o Luis Scott Vargas e o Gabriel Nassif, que na minha opinião são o 4° e o 5° da história e são os dois jogadores ativos. Mas acho que o Top 5 especificamente vai demorar muito para ser alcançado, a diferença entre 5° e 6° em termos de resultado é muito grande.

Betão: Você tem oferecido serviço como coach de Magic, isso pode enriquecer muito qualquer jogador, até mesmo pela sua experiência. Poderia dar uma dica aos jogadores que estão subindo os degraus do competitivo? Uma dica que ainda não tem nos seus vídeos?

PV: Acho que a maior dica é tentar competir o máximo possível em torneios. Ladder é importante e serve para treinar, mas no Magic nada substitui os torneios, são o melhor lugar para pegar prática e alcançar melhores resultados.

Esse foi o PV. Pudermos ver que ele gosta muito mesmo do competitivo e também acredita que nossa região merece mais atenção em relação ao circuito mundial, além de frisar muito que nós, brasileiros, somos uma potência no jogo, enquanto jogadores.

Espero que todos tenham gostado da entrevista. Siga o PV mas redes sociais sociais abaixo, e qualquer dúvida ou sugestão, deixe nos comentários. Obrigado a todos!

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