Standard: Cards que podem ser banidos em 29 de maio

Na manhã do último dia 23, a comunidade de Magic foi surpreendida com um suposto vazamento da lista de banidas e restritas para o formato Standard, que irá ao ar na próxima segunda-feira, 29 de maio.

No momento da escrita deste artigo, Blake Rasmussen confirmou no programa Weekly MTG que o documento deste vazamento é falso. Portanto, a discussão sobre o que deve ser banido na semana que vem ainda é pertinente enquanto a comunidade aguarda pelo fatídico dia do anúncio.

Neste artigo, listarei os cards que podem ser banidos na próxima segunda-feira. A base para minhas especulações será o tema abordado em meu artigo sobre o potencial da nova política de banimentos, onde a empresa pode fazer uma manutenção geral, com decisões cirúrgicas, para trazer mudanças ao Metagame.

Minha análise procura avaliar o quão provável o banimento de cada card é, e como sua ausência alteraria o Standard.

Banimentos universais são aqueles que afetam mais de um arquétipo, e inclui cards que se tornaram staples em diversos decks.

Fable of the Mirror-Breaker: o banimento óbvio

A essa altura, o banimento de Fable of the Mirror-Breaker já deve estar claro para a maioria dos jogadores. O encantamento de Kamigawa: Neon Dynasty foi de um dos cards mais ofuscados da edição para staple de múltiplos formatos em poucas semanas, onde se manteve desde então.

No Standard, Fable of the Mirror-Breaker se tornou o grande pilar do Metagame, com uma grande variedade de decks recorrendo a ele para ampliar sua consistência, enquanto os que não o usam precisam ter slots dedicados para responder à Fable de seus oponentes.

Sua maior vantagem é de que este card faz um pouco de tudo: ele cria duas ameaças na mesa, acelera a mana, filtra a mão de seu controlador, e a habilidade de Reflection of Kiki-Jiki cria interações absurdas ao lado de efeitos de ETB. Além disso, um oponente que falhe em responder ao token criado pelo encantamento arrisca precisar lidar com cards mais impactantes, como Invoke Despair, um turno mais cedo, e a sequência entre Fable e cards de grande impacto se tornou a jogada mais comum nos principais Midranges.

Logo, por conta de agregar tantas qualidades em apenas um slot, Fable of the Mirror-Breaker é quase um ban certo na próxima segunda-feira.

Reckoner Bankbuster: uma vítima do próprio sucesso?

O caso de Reckoner Bankbuster é peculiar. O artefato era pouco usado na temporada de Neon Dynasty, e conforme o Metagame foi se adaptando para partidas de atrito, se tornou uma staple dos Sideboards.

Na atual temporada, no entanto, Bankbuster é o card mais comum no maindeck dos decks do Standard. Afinal, se toda partida é um jogo de atrito entre Midranges, é natural que um artefato que oferece mais três cards na mão no médio prazo se torne uma staple para diversas estratégias.

Com uma presença de 71% no Metagame, é provável que Reckoner Bankbuster deixe o Standard na próxima semana. No entanto, o artefato é vítima da sua própria eficiência, dado que o Metagame chegou a um ponto onde card advantage é o fator predominante. Logo, há uma vaga possibilidade da Wizards considerar que sua presença no formato é benéfica e ajudaria a estabelecer bons decks de Control no futuro, e por isso, decida manter o card no formato.

Se a intenção da Wizards é trazer mudanças pontuais para o Standard e diversificar o Metagame, banir apenas os cards mais óbvios e opressivos não será o suficiente para aumentar a quantia de arquétipos viáveis no formato, e nem para fazer com que Wilds of Eldraine seja mais relevante quando a edição for lançada.

Logo, suponho que teremos mudanças aos moldes do que ocorreu em 3 de agosto de 2020, quando a empresa não baniu apenas os principais cards da estratégia predominante, mas também peças de outras estratégias para criar um ambiente competitivo mais diversificado.

Black-Based Midrange - Invoke Despair, Sheoldred the Apocalypse

Black-Based Midrange refere-se aos Midranges que jogam com Invoke Despair. Hoje, eles são majoritariamente nas combinações de Rakdos e Grixis, mas podem surgir também em outras combinações. Portanto, estou agregando seus cards-chave nesta seção.

Invoke Despair é outro card cujo banimento parece quase óbvio pelas recorrentes situações de anti-jogo proporcionadas pela mágica, além de ser também uma das poucas respostas favoráveis contra Fable of the Mirror-Breaker. Outro problema notório da sua presença no Standard é o fato dela acabar com o clock da maioria dos decks Aggro do formato, o que limita o potencial dessas estratégias de jogarem "por baixo" e ganharem na race.

Entre a saída de Fable do Standard e o lançamento de Chandra, Hope's Beacon, que transforma Invoke Despair em um Cruel Ultimatum melhorado, e a falta de restrição de mana quando decks de duas, ou até três cores, conseguem acessá-la graças a uma base de mana super eficiente (e, claro, a presença de Fable), parece óbvio que esta mágica de Neon Dynasty precise deixar o formato para aumentar a diversidade dos jogos.

Sheoldred, the Apocalypse é um caso estranho. Por um lado, ela é uma staple de múltiplos formatos, domina o jogo sozinha se ficar na mesa, e interrompe o clock de decks Aggro tão bem quanto um Invoke Despair. Por outro, ela é uma criatura, e o escopo de respostas para ela no Standard não é pequeno.

Mesmo que todos os outros cards-chave dos Black-Based fossem banidos do formato, a cor permaneceria presente no Standard por conta do valor agregado que uma Sheoldred na mesa cria para o seu controlador, além do clock imposto por ela aos decks Control, da qual limita também o espaço para comprar múltiplos cards em um turno.

Além disso, sua presença na pool de cards do formato faz com que outras winconditions ou four-drops viáveis sejam apenas ruins se comparados a ela. Logo, a saída de Sheoldred, the Apocalypse ajudaria a aumentar a diversidade do Metagame, mas seria outra pancada forte para vários Midranges.

Por ela ser uma criatura e ter um escopo de respostas mais amplo do que Invoke Despair ou Fable of the Mirror-Breaker, além de vir de um set mais recente, seu banimento parece menos provável.

White-Based Midrange - The Wandering Emperor, Wedding Announcement

No universo de Midranges do Standard hoje, outro grande competidor são os decks brancos que buscam extrair valor com efeitos de ETB e Planeswalkers. Por um lado, sua presença no Metagame deve-se ao quão bem eles conseguem se portar perante as pilhas de valor dos principais competidores do formato.

Com os banimentos acima, o Mono White Midrange provavelmente migraria para outras variantes de duas cores, e o espaço criado para os decks Control o colocaria em uma situação um pouco sensível no Metagame, dado que lhe faltam respostas mais eficientes para essa partida.

No entanto, esses mesmos decks Control poderiam aproveitar a base branca e somá-la com duais do tipo planície, como Raffine's Tower para tirar proveito de Lay Down Arms, e The Wandering Emperor, enquanto é um card à par do power level do Standard hoje, poderia se tornar outra força predominante, da qual reduziria o espaço que os Aggro teriam no formato.

O problema nessa Planeswalker está no fato dela servir muito bem com jogadas reativas, mas também conseguir oferecer diversas micro-interações proativas, que forçam oponentes a jogarem em torno dela para não perderem uma posição favorável na partida.

Assim como Sheoldred, a presença de The Wandering Emperor no formato limita o potencial que outros Planeswalkers poderão ter no Standard, dado que, diferente da maioria dos outros cards da sua categoria, a Errante não é ruim em praticamente nenhuma partida.

Seu banimento não parece necessário, e ela é um ótimo recurso para que decks Control tenham seu momento. No entanto, caso a Wizards queira dar mais espaço a outros Planeswalkers, é possível que The Wandering Emperor deixe o Standard.

Wedding Announcement é outro encantamento que traz muitos benefícios ao seu controlador por um custo pequeno, apesar de não ser tão eficiente quanto Fable of the Mirror-Breaker.

Em uma mesa vazia, este card lhe dará um token para atacar/bloquear, e depois te recompensará com um Glorious Anthem. E em uma mesa cheia, Wedding Announcement ajuda seu controlador a manter o fôlego enquanto oferece um pump para todas as suas criaturas no late-game.

Enquanto os Aggro brancos parecem estar optando por Tocasia's Welcome, Wedding Announcement têm se destacado em algumas versões do Esper Legends e no Mono White Midrange, onde, caso destruído, ele pode ser recuperado com Serra Paragon.

Seu banimento me parece pouco provável hoje pela sua falta de presença no Metagame fora de um arquétipo específico. No entanto, pela quantia de valor oferecida com um único slot, e a capacidade de punir remoções pontuais com um token por turno, ou recompensar o plano de go-wide com cards extras, Wedding Announcement pode deixar o Standard na próxima semana.

Esper Midrange - Raffine, Scheming Seer, Plaza of Heroes

Esper Midrange foi a estratégia mais importante do Standard na temporada anterior, e era esperado que mantesse sua posição de melhor deck após o lançamento de Dominaria United. Hoje, sua versão mais conhecida é o Esper Legends, com uma base de mana consistente em uma lista quase inteiramente focada em criaturas.

Um banimento apenas nas peças do Rakdos/Grixis deixasse o Esper como a melhor opção disponível no formato. Então, quais cards poderiam enfraquecer o sucesso desse arquétipo?

Desde seu lançamento, Raffine, Scheming Seer foi o motivo para jogar de Esper Midrange. O demônio de Streets of New Capenna recompensa uma estratégia "go-wide" da melhor maneira possível: com pumps e a capacidade de filtrar sua mão em busca do melhor card para cada situação na partida.

A base de Esper hoje conta com uma qualidade infalível de criaturas: Skrelv, Defector Mite oferece proteção, Thalia, Guardian of Thraben é disrupção com um corpo decente, Dennick, Pious Apprentice é lifegain e hate de cemitério, Sheoldred, the Apocalypse é uma máquina de vencer jogos e Ao, the Dawn Sky é ameaça e recursão em um único card. Logo, atribuir o sucesso do Esper apenas à Raffine, Scheming Seer seria um erro.

No entanto, é a qualidade de filtragem de Raffine que dá motivos suficientes para criar uma estratégia voltada para encher a mesa de criaturas com efeitos adicionais, e sua capacidade de fazer com que qualquer uma delas cresça enquanto filtra sua mão faz dele uma das maiores ameaças que o oponente pode colocar na mesa.

Logo, um banimento em Raffine poderia colocar uma pedra no caminho do Esper Midrange de se tornar o melhor deck, mas sem tirar dele o potencial de transformar-se em um grande competidor do Metagame. Porém, a printagem de hates específicos, como Lithomantic Barrage, também aumentam o potencial de respostas de outros arquétipos contra o Esper, e podem ajudar a combater Raffine sem a necessidade de uma intervenção direta.

Fácil acesso à mana de qualquer cor é problemático quando não vêm com uma consequência ou concessão. Plaza of Heroes têm uma concessão gigantesca de apenas gerar mana para mágicas lendárias e/ou conforme as cores das suas permanentes lendárias. No entanto, os decks Esper transformam essa concessão em uma vantagem.

A atual base de mana de Triomes + Pain Lands + Slow Lands + Fast Lands já oferece uma diversidade alta de cores para diversos arquétipos, além de ser provável que tenhamos novos ciclos sendo introduzidos no próximo ano. Logo, ter uma land flexível, que entra desvirada, adiciona mana de qualquer cor para a sua lista, e ainda possui uma habilidade de late-game pode demonstrar-se um pouco consistente demais para esse arquétipo.

Porém, Plaza of Heroes é tão bom quanto as lendas em sua lista. Se lendas melhores aparecem, melhor o terreno fica, e apesar das variantes de Esper serem as que melhor usam o card, outras versões de Legends podem aparecer no Metagame no futuro e abrir espaço para uma estratégia da qual diversos jogadores amam, mas que não costuma receber suporte o suficiente no Standard.

Seu banimento parece improvável, mas se trata de uma escolha cirúrgica para reduzir a consistência deste arquétipo em específico.

Reanimator/Goodstuff - Atraxa, Grand Unifier

Atraxa, Grand Unifier é o segundo card mais poderoso do Standard hoje, atrás apenas de Fable of the Mirror-Breaker. O anjo phyrexiano invadiu todos os formatos competitivos e se tornou o pilar de inúmeras estratégias cujo foco é trapacear nos seus custos de mana e colocá-la em jogo cedo.

O mesmo ocorre no Standard, com Atraxa sendo usada ao lado de The Cruelty of Gix, Breach the Multiverse e até Invoke Justice, onde ao entrar em jogo, ela recuperará todos os recursos investidos em reanimá-la ou colocá-la direto em jogo, enquanto ainda oferece um clock de três turnos, quase imbatível no combate.

A partida de Fable fará com que as estratégias de Reanimator percam sua consistência em colocar Atraxa em seu cemitério, ainda mais se vier acompanhado do banimento de Bloodtithe Harvester. Mas há diversos meios de descartar cards da sua mão no Standard, com Cathartic Pyre sendo uma remoção eficiente da qual pode filtrar sua mão.

Além disso, os decks de Five-Color Ramp têm crescido no Metagame desde o Pro Tour March of the Machine, e são, de longe, a melhor opção para conjurar Atraxa sem a necessidade de trapacear em seus custos. Esses mesmos decks já contam com outras peças poderosas, como Herd Migration e Etali, Primal Conqueror como bombas no late-game.

E por falar em Etali, o dinossauro de March of the Machine é outro payoff decente para as estratégias de Reanimator/Ramp, e uma da qual não oferece uma quantia imensurável de valor para seu controlador, mas sim que depende do quão impactante são as jogadas de ambos os decks - uma Etali na mirror de Midrange pode ganhar o jogo sozinha, já numa partida contra Aggro e/ou Control, há chances muito altas dela não trazer cards tão impactantes à mesa.

Assim como Sheoldred, the Apocalypse, o banimento de Atraxa parece improvável. No entanto, ela não só é uma criatura que gera uma quantia absurda de card advantage, como também limita muito o espaço que outras "bombas de late-game" podem ter no Standard, pois quase nenhuma conseguirá ser melhor do que ela.

Bloodtithe Harvester

Muitos consideram Bloodtithe Harvester bom demais para o Standard. Afinal, a criatura oferece um clock decente por duas manas, a capacidade de filtrar os cards de sua mão (e descartar ameaças para reanimar com The Cruelty of Gix), e ainda funciona como remoção de early-game.

Porém, o grande potencial de Harvester deve-se muito ao quão ameaçador seu efeito de ETB e sacrifício são ao lado de Fable of the Mirror-Breaker, e sem a presença do encantamento no Metagame, Harvester lida apenas com criaturas pequenas, ou necessita de múltiplas cópias e/ou maiores interações na lista com tokens de Blood para ser relevante no late-game.

Por fim, o Standard não carece de two-drops eficientes, e cards como Tenacious Underdog poderiam substituí-lo nos Midranges pretos após 29 de maio.

Graveyard Trespasser

Graveyard Trespasser é difícil de matar, gera um 2-por-1 por conta própria, é hate de cemitério embutido, e ainda oferece lifegain com seu ataque. Ela faz muita coisa por conta própria e está presente até no maindeck das listas de Rakdos do Pioneer.

Como decks de Reanimator são uma tendência no Standard, e apesar do recente lançamento de Urborg Scavengers, ter uma resposta digna de maindeck para essas estratégias são uma necessidade para que elas não dominem o formato quando integradas a uma base de Midrange.

Logo, a menos que decidam retirar Atraxa, Grand Unifier do Standard, Graveyard Trespasser é uma necessidade.

Farewell

Muitos jogadores odeiam jogar contra Farewell, pois o card é um sweeper definitivo, e funciona como um botão de reset no campo de batalha.

Tal como Graveyard Trespasser, Farewell e efeitos similares parecem uma necessidade do Standard para lidar com situações inesperadas. Sim, o sweeper é eficiente demais, mas é melhor tê-lo no Metagame do que arriscar precisar de respostas menos flexíveis para determinadas partidas.

Triomas

A última menção honrosa para a manutenção do Metagame são os Triomas de Streets of New Capenna. A base de mana do Standard hoje já é bem flexível em conseguir estabelecer estratégias de duas cores, e temos acompanhado decks de três ou mais cores ganharem mais espaço graças a esse ciclo de lands.

Enquanto há uma parcela da comunidade que acredita haver um problema em facilitar demais a base de mana, os Triomes possuem concessões quando o formato possui uma parcela decente de decks Aggro para se apresar das bases de mana gananciosas.

Cards como Leyline Binding ajudam a adereçar esse problema, mas a sua consistência em um formato sem Fetch Lands é bem menor, e arquétipos como Mono Blue Delver e Azorius Soldiers podem se apresar dos "Goodstuff Piles" do Standard caso os Midranges sejam enfraquecidos.

Por fim, é importante ressaltar que o Magic competitivo sempre terá um melhor deck, e que mesmo que todos os principais arquétipos do Standard sejam banidos na segunda-feira, novas estratégias vão emergir, e um novo melhor deck surgirá para ditar o Metagame, enquanto outros terão pouca, ou nenhuma, representação nos torneios. É natural que uma estratégia sem suporte o suficiente não consiga obter os melhores resultados.

O grande problema da temporada atual se encontra na falta de diversidade: quando todos os jogos são voltados para atrito, e há pouco espaço para Aggro e Control, o formato se torna estático e tedioso para uma parcela da comunidade, e o foco do fazer do Standard a porta de entrada do Magic Arena faz com que criar um Metagame diverso e com um grande leque de opções se torne uma necessidade.

Logo, após essa leva de banimentos, precisamos observar como o Metagame se desenvolve antes de afirmarmos que a próxima grande estratégia é quebrada e está suprimindo o Standard.

Isso é tudo por hoje.

Caso você tenha alguma dúvida, sugestão, ou algum card que você acredita ter sido deixado de fora dessa lista, fique à vontade para deixá-la nos comentários!

Obrigado pela leitura!