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Opinião

Legacy: Nenhum Banimento no Formato - O Que Isso Significa?

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No meio da confusão dos banimentos do Modern e do Pioneer, o Legacy passou ileso por alterações. O que isso significa para o futuro deste formato, e seu presente?

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revisado por Tabata Marques

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Apresentação

Olá, minha gente consagrada do Legacy! Segundo a Wikipédia, a "Pax Romana (latim para "Paz Romana") foi um período de aproximadamente 200 anos da história romana identificado como uma era de ouro de imperialismo romano crescente e sustentado por ordem, estabilidade próspera, poder hegemônico e expansão".

Pois bem, nessa semana tivemos o anúncio de banimentos (e desbanimento!) no Modern e no Pioneer, mas, para o Legacy, havia apenas uma mensagem: “No Changes”. Está inaugurada a Pax Legatum!

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Um Formato para (Quase) Todos

O Legacy, como é de se esperar de um formato com o nível de poder que ele tem, passa frequentemente por períodos conturbados. Por anos e anos, a regra era ter o (insira aqui uma combinação de cores – Temur, Sultai, Jeskai, Izzet) Delver no topo como Tier S isolado, com decks quebrados ascendendo eventualmente e tendo cartas-chave banidas. Entretanto, o centro de gravidade no qual este formato orbitava era o núcleo de Force of Will, Brainstorm, Ponder, Lightning Bolt, Wasteland e Daze. Vários banimentos atingiram este deck sem sequer chegar perto de derrubá-lo do seu trono.

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Tudo isso mudou quando a Nação da Dianteira atacou. A chegada de White Plume Adventurer & cia foi a primeira ameaça real ao domínio deste rei do Legacy, e um formato amplamente diverso começou a convergir em um metagame de 2 arquétipos. Os banimentos de março de 2023 - Expressive Iteration e White Plume Adventurer – finalmente expandiram o Legacy, que acabou ficando sem nenhum líder claro e dominante.

A chegada de The Lord of the Rings: Tales of Middle-earthlink outside website causou muita preocupação, pois a carta mais hypada para este formato prometeu e entregou: Orcish Bowmasters.

Esta carta chegou e logo se estabeleceu como uma das cartas mais influentes, e também empurrou alguns decks bastante populares para o canto, como Death & Taxes e Elfos. Existia uma certa preocupação que ela poderia quebrar o equilíbrio frágil deste formato, mas o que aconteceu é que, embora poderosos, os Orcs eram apenas mais uma das várias cartas fortes que esta expansão trouxe. Esta carta ajudou a estabelecer um equilíbrio de poder novo, trazendo destaque para Troll of Khazad-dûm, The One Ring e Forth Eorlingas!.

Wilds of Eldrainelink outside website veio e com ela chegaram três novos membros ativos do formato: Up the Beanstalk, Questing Druid e Beseech the Mirror. O Pé-de-feijão mostrou a cara em um punhado de arquétipos, mas o mais importante foram as várias versões dos deck control de Uro, Titan of Nature’s Wrath, tornando realidade a profecia da Wizards de que Leyline Binding seria uma carta relevante no Legacy. Já o Druida preencheu um vácuo deixado pelo banimento de Expressive Iteration, trazendo os Temur Aggro (Canadian Threshold) de volta ao topo do Meta, seja em versões com o bom e velho Delver of Secrets quanto em listas mais Midrange, usando também Up the Beanstalk. Finalmente, a consulta ao Espelho serviu para recolocar os decks de Storm em voga, além de turbinar os monoblacks baseados no combo de Leyline of the Void e Helm of Obedience.

Lost Caverns of Ixalanlink outside website teve um impacto menor no Legacy, mas, ainda assim, serviu para colocar dois arquétipos tradicionais (que estavam em uma trajetória descendente) de volta no radar: Broadside Bombardiers já se tornou uma peça fundamental do Red Prison (Moon Stompy), e trouxe uma versão nova do deck de Goblins, abastecida por _____ Goblin e Muxus, Goblin Grandee, aos holofotes.

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E, no meio disso tudo, este formato segue variado e nenhum deck pode afirmar que o tem sob controle. É só dar uma olhada na etapa europeia do Eternal Weekend, com 713 jogadores: 22 arquétipos com mais de 1,25% de presença, mas nenhum acima de 8%, com 7 arquétipos no top 8 (e mesmo os decks repetidos eram as variações com e sem Delver do Temur Aggro).

Recentemente, um meme sobre um jogador indeciso sobre o que usar na etapa americana do EW circulou – “Problema do Legacy: escolher um deck, já que tudo funciona. Problema do Vintage: escolher um deck, porque nada funciona”. Piadas à parte, confesso que faz muito tempo que vi um formato com espaço para quase tudo. De fato, alguns decks tradicionais perderam um pouco de espaço, mas a grande maioria dos decks (até os que estão bem no fundo do tier 3) são competitivos, e num bom dia podem ganhar qualquer campeonato.

A Não-Interferência da Wizards

Ao contrário dos formatos mais recentes (sim, estou chamando Modern de recente!), a Wizards costuma interferir menos no Legacy, geralmente tomando ação somente quando o incêndio está quase incontrolável. Cartas como Wrenn and Six, Arcum’s Astrolabe e Oko, Thief of Crowns puderam circular livremente (por tempo demais) até que fossem colocadas para fora de circulação. Entretanto, desde a última rodada de banimentos, em março, o entendimento da Wizards é que não só este formato entrou nos trilhos que ela almejava, mas poderia também até mesmo absorver o desbanimento de uma carta que já estava banida quando o Legacy nasceu: Mind’s Desire.

Circula pelas redes que Orcish Bowmasters está sendo avaliado devido ao seu impacto neste formato, mas, desde o lançamento de Wilds of Eldraine, até mesmo a presença desta carta abrandou um pouco. Os decks de Tempo azuis se dividem entre Temur e Grixis; Death’s Shadow e Dimir Scam perderam um pouco de espaço, e até mesmo as listas de 4 ou 5-color Control não usam essa carta de forma unânime – encontramos listas com Forth Eorlingas!, com Orcish Bowmasters, com The One Ring e listas com tudo isso junto e misturado. É fato que os Orcs são a carta mais influente lançada em 2023 para este formato, mas ela nem de perto domina o Legacy como cartas já banidas, como White Plume Adventurer, Flash, Survival of the Fittest ou Lurrus of the Dream-Den, dominaram.

Portanto, acredito não ter sido surpresa nenhuma que a Wizards decidiu não trazer nenhuma alteração dessa vez. Mas isso não quer dizer que não existam sinais amarelos para a gente ficar atento para o futuro, que talvez possam ter consequências futuramente. Principalmente porque existe a previsão de lançamento de Modern Horizons 3 em 2024, e essa é uma expansão que sempre pode quebrar este formato, seja devido a suas cartas absurdas, ou por interações novas.

Assim, no momento, as cartas que eu acredito que podem ser monitoradas, além dos próprios Orcs, são: Reanimate, Dragon’s Rage Channeler, Murktide Regent e Thassa’s Oracle.

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Este feitiço preto ganhou muita força com a chegada de Troll of Khazad-dûm, e deixou de ser apenas uma ferramenta dos Reanimators. Também trouxe o “Scam” do Modern para o Legacy, permitindo inícios devastadores com o Troll ou com Grief.

Dragon's Rage Channeler roubou o lugar do Delver of Secrets como melhor 1-drop agressivo neste formato, e pode ser considerado caso o Temur/Grixis saia de controle. Murktide Regent seria a segunda carta considerada nessa situação, já que já era considerada quando Expressive Iteration acabou sendo ceifada.

Thassa’s Oracle é uma carta que, para mim, terá sempre um sinal de alerta aceso enquanto for válida, pois ela simplifica demais o caminho pelo qual vários decks de Combo – Oops, Doomsday, Cephalid – chegam à vitória, liberando espaço para que esses decks possam se dedicar à proteção de seu combo e/ou encontrar suas peças-chave. Por enquanto, ela não saiu de controle, mas essa Merfolk vive sempre no limite.

Concluindo

Vivemos um período de tranquilidade incomum no Legacy, que já perdura pelos 4 últimos grandes lançamentos (March of the Machine, Lord of the Rings, Wilds of Eldraine e Lost Caverns of Ixalan). Por enquanto, há apenas especulação sobre alterações futuras e, como é de costume, uma parcela (que vejo como pequena nesse momento) de jogadores acredita que este formato precisa de intervenção externa.

No meu entendimento, o metagame do Legacy está conseguindo se autoajustar às mudanças das últimas expansões. Como isso sempre acontece de maneira natural, não vejo necessidade para que a Wizards interfira no assunto. Acho que o importante é aproveitar este momento e jogar daquilo que você gosta, pois há uma chance boa de ter sucesso!

Um abraço bem balanceado e até a próxima!