Magic: the Gathering

Opinião

Pioneer: Os novos banimentos e o Futuro do formato

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Winota e Expressive Iteration foram repentinamente banidas do Pioneer próximo do início dos classificatórios para o Pro Tour. Como chegamos até aqui e o que podemos esperar do futuro do formato?

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revisado por Tabata Marques

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Em mais um anúncio de banidas e restritas repentino, a Wizards removeu Winota, Joiner of Forces e Expressive Iteration do Pioneer pouco antes do grande início da temporada de classificatórios para o primeiro Pro Tour após o retorno dos eventos presenciais ao redor do mundo, que terá justamente este formato no palco principal.

Como exatamente isso afetará os próximos grandes eventos e o Metagame do Pioneer como um todo? Vamos especular um pouco sobre o futuro, mas primeiro, precisamos entender a natureza dessa intervenção direta e o que ela pode sinalizar.

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Sobre os Banimentos

Winota, Joiner of Forces

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Quando Winota foi banida do Explorer, comentei que isso ajudaria a mensurar o quanto a sua presença é ou deixa de ser saudável para o Pioneer. Após pouco menos de um mês, nós temos a resposta e a conclusão é de que o formato fica melhor na sua ausência e melhora a diversidade de estratégias no Metagame.

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Assim como no Explorer, o Naya Winota era a estratégia de maior sucesso no Pioneer, envolvendo um Combo-Kill de turno 3 ou 4 acoplado a criaturas naturalmente eficientes que possibilitavam agir como um Midrange muito consistente, soterrando seu oponente em card advantage porque literalmente todas as suas criaturas geravam algum 2-por-1, impossibilitando o jogo “justo” contra o deck porque você precisava respeitar o combo a cada turno enquanto ele avançava sua posição na mesa com peças de alta qualidade. Então, a sua melhor opção era dedicar muitos recursos em combatê-lo (Rakdos Midrange, por exemplo, faz isso com maestria), ou o ignorar e tentar ser mais rápido, como o Lotus Combo.

O que me leva, novamente, a ressaltar que arquétipos híbridos de combo sempre quebrarão formatos competitivos — Eles são, literalmente, construídos para serem difíceis de responder e limitarem a diversidade de estratégias viáveis no Metagame por apresentarem planos distintos que se complementam e forçam o formato a responder demais, ou simplesmente ignorá-los e tentar ser mais rápido.

Uma combinação de dois ou três cards ao lado de peças úteis dentro e fora do combo possibilitam que uma lista obtenha os resultados desejados com a menor quantidade possível de slots, dando-lhe uma quantia relevante de flexibilidade e obtendo os meios necessários para jogar uma partida normal de Magic enquanto o combo funciona como um botão de “free win” e um terror psicológico constante.

Nós já vimos essa história se repetir com o Dimir Inverter e o Mono White Devotion, onde ambos conseguiam mesclar o combo com situações onde a partida se estendia e você interagia direto com seu oponente e o forçava a tomar decisões que respeitassem demais o combo, ou aceitar os riscos e serem punidos por isso.

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Em resumo, estratégias como as mencionadas acima, e como o Naya Winota, são o espectro que funcionam como o calcanhar de Aquiles do Pioneer onde, diferente do atual Modern, a baixa eficiência de mana nas respostas tradicionais para esses combos e o power level mais moderado não permitem aos demais arquétipos se manter à par deles.

Híbridos de combo são uma das coisas mais poderosas que você pode fazer em Magic: The Gathering e, atualmente, o Pioneer nem sequer está perto de lidar com tamanha ameaça e toda a sua estrutura se torna extremamente vulnerável quando um deck com essa proposta aparece, fazendo com que o resto do formato seja forçado a jogar em torno dele.

Portanto, o banimento de Winota, Joiner of Forces pode até não ser agradável para muitos jogadores, mas definitivamente se fez necessário, e como mencionei diversas vezes ao decorrer desse ano, banir Winota do Pioneer sempre foi uma questão de quando e não de se. — E finalmente chegamos no “quando”.

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Expressive Iteration

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“Eles baniram O QUÊ?!”

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Essa foi exatamente a minha reação quando vi que baniram Expressive Iteration ao invés das Delve Spells, mas essa escolha passa a fazer mais sentido se considerarmos que o comitê tinha alvos específicos em mente.

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Os decks Izzet vêm crescendo em representação nas últimas semanas se considerarmos os resultados dos Challenges graças à inclusão da staple de múltiplos formatos, Ledger Shredder, em Streets of New Capenna.

Porém, o histórico desses arquétipos já vêm de um longo período e, anterior à temporada onde Naya Winota era o melhor deck, o Izzet Phoenix manteve esse título por bastante tempo - em especial, graças à inclusão de três novas mágicas: Expressive Iteration em Strixhaven, além de Consider e Galvanic Iteration em Midnight Hunt, fazendo todo o sentido porque ele e o Izzet Prowess se encaixam em outra categoria de grande sucesso no Magic competitivo, Turbo Xerox.

Contextualizando de um jeito simplório e resumido, Turbo Xerox foi um conceito criado por Alan Comer em 1997, onde ele aplica que quanto mais cantrips você possui, menos lands você precisa, tem mais informação do seu topo e acesso às cartas certas no momento em que são necessárias, e seus topdecks no late-game são melhores que o do oponente porque você sempre terá mais ações a tomar.

Decks de Tempo, como Izzet Delver no Legacy e Izzet Murktide no Modern, são extremamente eficientes justamente porque adotam essa teoria sendo acompanhados por meios de não se colocar atrás em recursos com meios de obter card advantage e/ou aprimorar a seleção de cartas a fundo, como Ragavan, Nimble Pilferer, ou... Expressive Iteration.

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No Pioneer, os arquétipos de Tempo mantém seu card advantage, já que cantrips apenas oferecem uma troca de 1-por-1 e isso esgota seus recursos no longo prazo, com mágicas que oferecem um 3-pra-1 por um custo baixo: Expressive Iteration e Treasure Cruise, e nós sabemos quais dessas opções é a que foi banida em múltiplos formatos competitivos e se compara com uma das mais poderosas peças da Power 9.

Mas como alguém que jogou muito com Izzet Phoenix nas temporadas passadas, afirmo com todas as palavras que é Expressive Iteration que o elevou ao topo do formato e o permite se manter em vantagem contra os mais famosos hates de cemitério que, virtualmente, inutilizam as Delve Spells — Ela literalmente me permitia remover cópias de Treasure Cruise nos Games 2 e 3 porque eu ainda mantinha meu card advantage apenas com Expressive Iteration, Pieces of the Puzzle e, nas versões mais recentes, Ledger Shredder.

Além disso, ao lado das demais cantrips, Iteration permitia ao jogador de Phoenix variar significativamente a quantidade de respostas para o Metagame, com diversos one-ofs ou two-ofs entre o maindeck e o sideboard. Literalmente já ganhei torneios locais e fiz bons resultados em ligas com uma cópia de cada removal, enquanto meu side era 90% composto de singletons.

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Ao tomar esse rumo nos banimentos, a Wizards tinha um alvo muito claro em mente: quando removemos Expressive Iteration, também removemos dos Izzet a capacidade de jogar em torno do hate de cemitério e ainda obter card advantage sem desacelerar seu plano de jogo e necessitar recorrer a opções contra-interativas com a sua proposta, como Planeswalkers, enquanto outras estratégias que possuem Treasure Cruise e outras Delve Spells ficam intactas e podem continuar a compor uma parcela significativa do Metagame.

No anúncio, mencionam que optaram por não banir Dig Through Time e Treasure Cruise porque elas dão aos decks azuis do Pioneer uma identidade única dentre os formatos eternos, sendo elas menos eficientes na ausência de fetch lands e cantrips poderosas. Mas será mesmo que isso acontece?

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O Azorius Control, por exemplo, nem sequer usa qualquer uma delas, já que Memory Deluge substituiu Dig Through Time, que nem está mais entre as cartas mais usadas pelo arquétipo, mas ela aparece em maior número em combos como Lotus Field e Esper Greasefang, além de ocasionalmente no Dimir Control.

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Fica evidente que a proposta da Wizards foi evitar afetar ainda mais os combos do formato, já que nenhum deles vêm apresentando uma winrate expressiva e nem dominando o Metagame nas últimas semanas.

Em geral, se o receio era de que os Izzet Tempo dominassem o formato na ausência de Winota, a decisões de banir Expressive Iteration foi acertada. Porém, Delve é uma mecânica naturalmente quebrada e tanto Treasure Cruise quanto Dig Through Time tem um precedente problemático em formatos competitivos, e qualquer nova cantrip, mágica de custo baixo ou habilidade nova que permita preencher o cemitério rapidamente, se tornará uma ameaça ao lado delas, deixando-as eternamente no limiar entre “bom para os decks azuis” e “absolutamente quebradas”.

Ressalto, então, a mesma frase que usei sobre a Winota: A relação das Delve Spells com o Pioneer não é uma questão de se serão banidas, mas sim quando serão banidas.

Quanto aos Izzet, eles com certeza sobreviverão a esse banimento e terão de recorrer a opções como Chart a Course ou Reckless Impulse, mas definitivamente perderão em consistência na ausência da mágica mais poderosa do Standard lançada no ano passado.

O Pioneer Pós-Banimentos

Então, sem a presença de Winota e o notório enfraquecimento das estratégias Izzet, o que podemos esperar das próximas semanas?

Em caso de dúvidas, vá de Mono Red!

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O Mono Red Aggro se beneficia fortemente desses banimentos porque Naya Winota era uma partida terrível, enquanto o Izzet Prowess também não era um dos jogos mais agradáveis quando o oponente tinha um clock voador tão ágil quanto o seu e meios de atrasar as suas jogadas todo turno.

Além disso, o Mono Red sempre é beneficiado quando o Metagame está tentando se desenvolver e se adaptar às mudanças: ele é o “fun police” que pune qualquer estratégia que seja muito complicada de se concretizar ou não esteja devidamente pronto para o enfrentar tanto no maindeck quanto no sideboard.

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Se você não tem certeza de com o que jogar agora e quer apertar o botão de free-win e punir opções ruins de deckbuilding, o Mono Red é sua melhor escolha!

É o momento para outras estratégias baseadas em criaturas.

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Basicamente qualquer lista baseada em criaturas, do Selesnya Angels, ao Humans, passando por Gruul Aggro, Golgari Stompy e Vampires, e assim por diante, eram opções piores que o Naya Winota.

Agora, esses arquétipos terão alguma oportunidade de reaparecer no Metagame e se adaptar as respostas e o contexto que cada semana possa apresentar ao Pioneer, cada um deles com seus prós e contras e matchups boas e ruins.

Lotus Field é a coisa mais absurda que você pode fazer agora.

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O Lotus Field é o combo mais consistente e rápido do formato e sofria muita pressão contra o Naya Winota. Esse banimento lhe dá mais tempo para planejar seu setup conforme necessário, já que a maioria dos jogos o envolvendo é uma partida entre quem é mais rápido, ou quem joga melhor entre a redundância da lista e disrupções, como Thoughtseize.

Particularmente, enxergo esse deck como extremamente problemático no longo prazo, mas ele segue justamente o padrão que um combo deve seguir no Pioneer (pouco interativo, peças focadas unicamente em sua execução) e, enquanto houverem contrapesos eficientes que previnam a sua predominância, creio que o manter no formato seja aceitável.

Se você quer seguir a rota de combos híbridos, Greasefang é sua melhor opção.

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Se aprendi uma coisa observando e jogando Explorer nas últimas semanas é que a atual melhor opção de híbrido de combo é Greasefang, Okiba Boss e Parhelion II, pois também necessitam de poucas peças para operar bem enquanto abrem slots para interação e planos de jogo alternativos, porém sendo muito mais fácil de se responder e hatear do que o Naya Winota já foi.

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Tenho jogado muito com as demais variantes dessa estratégia no Explorer no Magic Arena, inclusive com versões menos dependentes do combo, seguindo uma rota de Midrange enquanto ameaçam 13 de dano voando e 12 de poder na mesa repentinamente se o oponente não respeitar tal possibilidade, você pode conferir o meu deck tech e sideboard guide sobre o Obscura Greasefang do Explorerlink outside website se quiser, talvez tenha alguma utilidade no "novo" Pioneer, onde temos acesso á Dig Through Time.

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Outra estratégia que pode crescer nessa categoria é a combinação de Lukka, Coppercoat Outcast e Titan of Industry, mas acredito que alguns ajustes serão necessários para torná-lo menos linear, pois a sua atual composição parece uma variante do que o Mono Green Devotion tenta fazer, trocando velocidade por um topdeck muito pior, o que é facilmente punido pela minha próxima suposição:

Devemos prestar atenção ao Rakdos Midrange

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Após o banimento de Winota no Explorer e a ascensão do Mardu Greasefang, o Rakdos Midrange se estabeleceu como o melhor deck do formato por ter ótimas respostas contra criaturas e combos mais lentos no maindeck, enquanto seu sideboard é incrivelmente bom para partidas contra Control, colocando-o na posição equilibrada contra qualquer estratégia no Metagame, e acredito na possibilidade dele reproduzir o mesmo resultado no Pioneer.

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Thoughtseize também se torna melhor num mundo sem Iteration e Winota porque card advantage barato e a própria composição de combo-kill com backup de Midrange eficiente tornavam de descartes pontuais muito piores do que deveriam ser. Sem eles, Thoughtseize volta a ter maior importância porque passa a remover peças-chave de estratégias que podem facilmente ascender nas próximas semanas.

O problema do Rakdos Midrange no Pioneer é que ele tem o grande desafio de conseguir jogar bem contra arquétipos onde Thoughtseize e removals seguidos de Planeswalkers não costumam ser o suficiente — os famosos “go big” ou “big mana” como o Mono Green Devotion e o Niv-to-Light.

E o Explorer?

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O Izzet Phoenix é um dos principais competidores do Explorer, mas não conta com Treasure Cruise e similares, pois ainda não foram adicionados ao formato.

Sem Expressive Iteration e na ausência de substitutos úteis, suponho que o Izzet Phoenix não conseguirá manter a sua posição no Tier 1, e provavelmente cairá para o Tier 2 e, talvez, abra espaço para que a variante de Prowess, que pode contar com mágicas mais proativas como Light up the Stage e Reckless Impulse, cresça um pouco mais no Metagame, mas provavelmente também não o suficiente para ocupar um espaço no topo.

Conclusão

Ao fim desse artigo, concluo que o anúncio de Banidas e Restritas do dia 7 de junho definitivamente mudará o Pioneer, poucas semanas antes do início dos Qualifiers. É um bom momento para, imediatamente, começarmos a avaliar as opções disponíveis e experimentar as diversas opções viáveis e suas variações enquanto buscamos nos adaptar ao grande desconhecido que essa mudança repentina trouxe.

No que concerne à saúde do Metagame, acredito que ambos os banimentos foram certeiros e abrem espaço para a diversificação do cenário competitivo.

Se você tiver alguma especulação ou observação a fazer sobre o futuro do Pioneer e como a ausência de dois dos seus principais pilares possam mudar o formato, fique à vontade para deixar nos comentários.

Obrigado pela leitura!