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Review - Final Fantasy XVI: A Fabula Épica que Redefine a Franquia

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Controverso, Final Fantasy XVI ajuda a redefinir o que significa Final Fantasy, e se torna o título que a franquia precisava para encontrar sua nova identidade!

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revisado por Joey Sticks

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Afinal, o que Define um Final Fantasy?

Vamos começar o review direto ao ponto: Final Fantasy XVI foi a melhor experiência que tive com um título principal da franquia nos últimos 20 anos. A história, os personagens, o mundo e os temas - todos eles são carregados de mais elementos de Final Fantasy do que a série teve em seus últimos lançamentos, e, ainda assim, o novo jogo da Square Enix se diferencia de seus predecessores ao ponto de nos questionarmos, "o que define um jogo como Final Fantasy?".

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Não há uma resposta absoluta para essa pergunta. Para alguns, Final Fantasy pode estar atrelado ao sistema de batalhas, para outros, aos temas envolvendo cristais, e para outros, Final Fantasy envolve um aglomerado de elementos que, de alguma forma, se apresentam em diversos jogos - Chocobos, Moogles, Summons, Magia, dentre outros que nos acostumamos a encontrar em cada novo título.

Fonte: Square Enix
Fonte: Square Enix

A própria franquia passou por uma crise de identidade durante a última década, refletida no desenvolvimento caótico da trilogia de Final Fantasy XIII e Final Fantasy XV, e na turbulência do lançamento oficial de Final Fantasy XIV - onde o trabalho de uma equipe para recriar o jogo do zero na expansão A Realm Reborn, solidificou o pilar que tornaria FFXIV o atual sucesso global dos MMOs que é hoje.

Essa equipe, a Creative Business Unit III, é a mesma responsável pela produção do novo título. Tal como fizeram com FFXIV, o grupo liderado por Naoki Yoshida pareceu buscar, com Final Fantasy XVI, trazer a identidade da franquia de volta para si mesma - e para o resto do mundo.

Tal como no remake de Final Fantasy VII, há uma sensação de familiaridade em FFXVI, não porque já conhecemos a história e/ou os personagens, mas porque tudo ali parece reconhecível de alguma maneira: o jogo conta com castelos, reinos, cristais, Moogles, Eikons, ruínas de civilizações antigas, Cid, e uma trama com vários passo-a-passo narrativos claros da série, enquanto busca contar uma nova história.

Apesar de vários elementos da sua gameplay diferirem, e muito, dos seus antecessores mais clássicos, Final Fantasy XVI é muito engessado nas raízes da franquia, até mesmo nos pontos em que, talvez, seria preferível adotar uma visão mais contemporânea de como videogames funcionam.

Tal como Final Fantasy VII apresentou ao mundo uma versão modernizada do que a franquia era em 1997, ou como Final Fantasy IX se solidificou como "a experiência definitiva de FF" no começo dos anos 2000, XVI traz um senso de identidade contemporâneo sobre o que Final Fantasy significa em 2023 - um que honra suas origens e raízes, sem medo de estabelecer novos padrões de jogabilidade para uma nova geração de jogadores, e narrativas mais ousadas para um público amadurecido.

Era Uma Vez, a Terra dos Cristais

O continente onde a trama ocorre, Valisthea, não é uma terra piedosa. Desde os primeiros minutos, presenciamos um mundo de guerra, e intriga política, acompanhadas por algumas das cenas de violência mais brutais de toda a franquia, como demonstrada nos últimos minutos da demo; essas cenas são a essência de Valisthea, esse é o mundo em que Clive Rosfield e seus companheiros nasceram e cresceram.

Fonte: Square Enix
Fonte: Square Enix

Final Fantasy XVI têm muitas inspirações vindas de duas obras conhecidas pela sua exposição gráfica de violência e noção quase niilista da natureza humana, e esses são muito refletidos pela maneira como a sociedade de Valisthea se comporta: escravidão, seja literal ou metafórica, é um dos temas principais da trama, e sua narrativa demonstra o quão natural é para o povo desta terra tratar um determinado grupo de pessoas - usuários de magia - como criaturas sub-humanas, e o quão absurda é, para estas pessoas, a ideia de que elas podem se libertar de suas correntes, mesmo que elas tenham os meios para isso.

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Esse tema se correlaciona a outro assunto abordado com frequência durante a trama: a necessidade de mudança. Não importa por qual escopo do mundo dentre os personagens principais você olhe, há uma sensação constante de que algo está errado com o mundo em que eles vivem, e eles parecem dispostos a mudar isso, apesar de seus interesses e/ou idealismos diferirem entre si: seja por ganho pessoal, dedicação cega a uma doutrina, ou por não tolerar que pessoas não possam viver e morrer em seus próprios termos, muitas figuras centrais da trama almejam um mundo melhor do que aquele em que eles vivem.

Tal necessidade em uma terra arrasada pela guerra e adoecido por uma praga misteriosa, onde sua sociedade é ruim porque esse é o único meio de viver que este povo conheceu por séculos, é o que dá o mínimo de esperança ao futuro do continente. O fato de Clive, mesmo que por razões pessoais, estar ao lado de algumas dessas pessoas dispostas a fazer alguma diferença dá ao jogador uma causa para continuar no jogo até o fim enquanto a trama se desenvolve em torno de suas ações para arrancar as raízes que moldam um continente adoecido.

Uma Fábula Épica, com Problemas de Ritmo

Enquanto Valisthea é um mundo completo, e você pode explorar mais dele e de sua cultura enquanto progride no jogo, ou por meio de Side Quests, Final Fantasy XVI é sobre seu protagonista, Clive Rosfield. Tudo o que ocorre na trama afeta, de alguma maneira, sua jornada - e a estrutura da narrativa da trama é centrada em seus conflitos, e até seus companheiros que possuem arcos e objetivos próprios, como Jill e Cid, servem como suporte para mover as engrenagens de sua história.

Fonte: Square Enix
Fonte: Square Enix

Isso leva a uma das partes mais conflitantes do enredo: somos ensinados desde o primeiro momento que os Dominantes são as suas figuras centrais, afinal, eles são detentores da maior fonte de poder do continente, capazes de destruírem nações em uma noite. Ao mesmo tempo, a maioria deles acabam por operar apenas como dispositivos para o desenvolvimento pessoal de Clive e progressão natural da história, enquanto outros são apresentados tão tarde que chegam ao ponto de parecerem desprovidos de um propósito ou complexidade - não é o caso de que eles são mal-escritos, eles só não foram executados de maneira apropriada com a grandeza que o restante do jogo busca apresentar.

Grandeza essa a qual o jogo busca acrescer com mais elementos por várias vezes durante a trama, quando os destaques ocorrem principalmente durante as batalhas de Eikons, ou quando chegamos em alguns dos momentos-chave na história - todos carregados com grande impacto emocional, que deixam os jogadores na ponta de suas cadeiras.

Porém, para cada um desses momentos, FFXVI decide que o jogador precisa "dar uma pausa", um traço comum em literatura para que o leitor não fique sobrecarregado de informações, e o faz da pior maneira possível em um videogame: com missões aleatórias, que acrescem muito pouco para o desenvolvimento da história principal.

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Esse traço de "pequenas pausas após um momento-chave" é recorrente em quase todo RPG desde que esse se tornou um gênero de videogame. O que diferencia essas situações de boas para ruins é a maneira como elas são executadas e se conectam com a trama: Persona 5 têm várias dessas pausas, e elas levam horas para passarem, mas são divertidas porque demonstram o fortalecimento do vínculo entre os personagens em situações mundanas.

Final Fantasy VII: Remake teve vários desses momentos também, mas consegue mascará-los bem ao fazerem deles parte da própria estrutura da história, ao apresentar como é a rotina nas diversas regiões de Midgar, a vida particular de personagens secundários, ou até com quests bobas que ajudam em acrescer a sensação de intimidade entre o interlocutor e os personagens envolvidos no enredo.

Seria injusto fazer uma comparação direta desses momentos em FFVII Remake e sua estrutura episódica, dividida em três jogos, com FFXVI, que possui uma história com um começo, meio e fim, o que não isenta o título mais recente de escolher a fórmula genérica e menos empolgante de acrescer essas pausas na trama: com contratempos pouco conectados ao enredo principal - procurar uma pessoa perdida, ajudar um rapaz com os problemas dele, porque, do contrário, ele não vai te ajudar no que você precisa, ou ir atrás de um grupo de ladrões porque uma criança roubou o passaporte do seu colega desatento.

Enquanto alguns desses momentos são genéricos e previsíveis, eles conseguem ao menos dar um pouco mais de luz à personagens secundários, outros são pouco empolgantes e se tornam tediosos de realizar as tarefas porque não há envolvimento do jogador com as causas desses contratempos.

Das poucas críticas que tenho sobre Final Fantasy XVI, essa é, de longe, a mais marcante. Trata-se de uma escolha de narrativa datada, vinda da estrutura de jogos MMO da qual a equipe de Yoshida está mais do que acostumada por conta do seu trabalho com FFXIV, e transita mal para a experiência de um jogo single player da atual geração.

A falta de importância desses momentos para o desenvolvimento dos personagens, ou da trama principal, fazem com que este jogo tenha momentos muito altos toda vez que a história progride, com pausas muito abruptas e tediosas no meio do caminho, capazes de desmotivar alguém a continuar acompanhando cada detalhe do enredo, ou até de realizar side quests, já que a progressão desses contratempos levam mais tempo do que deveriam.

Fonte: Square Enix
Fonte: Square Enix

Meu veredito para a história de Final Fantasy XVI é um 8,5 de 10. Ela é uma fábula épica, contada de forma excepcional, e consegue mesclar bem o mundo tenebroso de Valisthea com o universo mágico que estamos acostumados nas franquias clássicas de FF. Até mesmo nas horas em que ela parece um pouco fantástica demais, ela é boa o suficiente para manter o jogador engajado. Isso seria o suficiente para um 10.

No entanto, os momentos em que o jogo lhe força a fazer quests tediosas baseadas em conflitos pouco relevantes para os personagens ou a trama, fazem com que ela perca o ritmo diversas vezes, e a baixa integração desses momentos com o que FFXVI tenta contar dá uma clara sensação de que essas situações só acontecem para tornar do enredo mais longo do que ele realmente é, o que retira um ponto da minha avaliação.

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FFXVI perde mais 0,5 pela maneira como retrata os últimos arcos do jogo. Apesar dos vários momentos emocionalmente carregados somado às batalhas épicas, os diálogos soam repetitivos e buscam reforçar a mesma ideia que o interlocutor já entendeu horas antes, com frases e situações que parecem retiradas de animes clássicos do gênero shonen. Apesar de serem igualmente empolgantes em comparação ao resto da trama, esses capítulos apostam demais no fantástico e no impacto visual para causar uma boa impressão.

Combate Rápido e Customizável ao Estilo do Jogador

Uma das minhas maiores surpresas quando comecei a ver vídeos de outros jogadores é a maneira como meu jeito de jogar Final Fantasy XVI difere dos deles quando se trata de configuração de combate. Seu sistema, voltado para ação em tempo real, é a coroa de ouro do jogo. Ryota Suzuki realmente criou sua obra-prima para o título, e nem mesmo o combate frenético de Devil May Cry se assemelha ao que ele apresenta aqui.

Fonte: Square Enix
Fonte: Square Enix

Tal como FFXIII e FFVII: Remake, os inimigos que enfrentamos possuem uma barra de atordoamento, da qual é reduzida conforme os atacamos até o ponto em que elas se esvaziam e eles ficam inertes e vulneráveis aos nossos ataques. O que o diferencia do combate em tempo real de seus antecessores é que ele abdica totalmente de menus, e cada botão pressionado performa uma ação diferente baseada nas habilidades que você tem equipada em seus Eikons.

Isso leva a uma variedade muito grande de builds e set ups para enfrentar cada batalha, além de uma série de combinações de ataques e habilidades que podem criar combos incrivelmente bem elaborados, que dão pouco ou nenhum espaço para o inimigo se defender.

Executar tais combos com maestria requer muita velocidade com o controle e uma ciência exata do que você está fazendo, além de um certo nível de conhecimento dos padrões de ataques de seus inimigos, e traz outros padrões de jogabilidade em FFXVI, como algo mais próximo do que vemos no título anterior da franquia, ou até nos jogos Soulslike, em que precisamos performar ações em torno das dos nossos inimigos, para então alcançar o meio mais eficiente de reduzir sua barra de atordoamento sem nos colocar em risco - isso é ainda mais importante para muitos dos chefes do jogo, e para a maioria dos inimigos no New Game +.

Esse estilo de gameplay pode sobrecarregar os que são menos acostumados com jogos de ação, e os anéis que recebemos no começo da jornada são uma grande ajuda para aqueles que têm dificuldades em conseguir acompanhar um mapa de botões que aproveita quase tudo que o DualSense têm para oferecer, ou até para aqueles que, após algumas horas de jogo, sentem sua mão dormente e/ou cansada de tanto executar combos nas batalhas.

Eikons: Batalhas Colossais para Momentos Colossais

Notoriamente inspirados no anime Attack on Titan, as batalhas entre os Eikons em FFXVI são a cereja do bolo no combate do jogo, tanto pela escala que elas tomam, quanto pela diversidade de estilos: de um shooter, passando por uma luta de wrestling, até precisar desviar de uma rajada de esferas, o combate dos Eikons remete muito à transição de estilos que se tornou um dos pontos altos da franquia NieR no ocidente.

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Fonte: Square Enix
Fonte: Square Enix

Outro ponto que ganha destaque nessas batalhas é como os indicadores de dano demonstram números muito altos se comparados aos das batalhas corpo-a-corpo de Clive enquanto humano, sendo essas recursos primordiais para demonstrarem o poder dessas criaturas em comparação ao resto do mundo, e traz a sensação de que esses conflitos podem, em sentido literal, moldar a terra ao seu redor e/ou até destruir civilizações inteiras.

Enquanto, em termos narrativos, algumas das batalhas de Eikons parecem um pouco incríveis demais e logo somos lembrados que Eikons são poderosas criaturas mágicas que operam como alusões às bombas nucleares, no contexto técnico, elas trazem alguns dos momentos mais marcantes do jogo, em que Final Fantasy XVI deixa de lado o seu teor mais sombrio e medieval em prol da alta fantasia, inerente em quase todos os títulos da franquia - e dessa vez, ao invés de assistirmos, participamos desses momentos.

Dada a quantia de interação, fluidez e estilos de jogabilidade distintos que ele possibilita, o sistema de combate de Final Fantasy XVI merece um 10, apesar da aparente ausência de interação entre os elementos dos ataques com os inimigos, como uma Bomb receber dano dos ataques de fogo, ou um Wind Elemental ser passivo aos ataques de vento da Garuda - se levarmos em conta o contexto histórico da série, isso mereceria a perda de alguns décimos neste review, no entanto, dada a velocidade na qual as batalhas ocorrem, adicionar mais essa escala de complexidade traria mais malefícios do que benefícios para a fluidez do combate.

Trilha Sonora Sublime

Dizer que a trilha sonora de um Final Fantasy é maravilhosa parece uma afirmação redundante: mesmo nos anos mais turbulentos e/ou em seus títulos menos populares, a franquia sempre contou com diversas obras-primas de seus compositores.

Também conhecido pelo seu trabalho em FFXIV, Masayoshi Soken fez um trabalho exemplar no novo título: não há nenhuma canção no jogo inteiro da qual lhe faça se sentir incomodado e/ou que seja anti-climático com o momento apresentado, ou localização onde você está.

De todos os elementos que consideramos no review, a trilha sonora é o único que merece uma nota 10, sem qualquer dúvida ou contraponto. Até mesmo trilhas que parecem incomuns para a franquia (como o tema de um certo boss, com guitarras, vocais e instrumentos sintéticos), são exatamente o que conhecemos vindas do repertório de Soken em seus trabalhos anteriores.

Há Elementos de RPG, Mas Eles Carecem de Complexidade

Assim como a interpretação da identidade de Final Fantasy mudou conforme as décadas, a definição de RPG também está em transformação constante.

Por exemplo, títulos como Assassin's Creed e God of War: Ragnarok possuem diversos elementos que configuram um RPG moderno, como customização de equipamentos, ou até um sistema de experiências e níveis, e ainda assim, não são considerados partes integrantes do gênero da mesma maneira que títulos mais engessados nessa categoria.

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Fonte: Square Enix
Fonte: Square Enix

Nesse aspecto, Final Fantasy XVI apresenta um sistema mais próximo dos seus antecessores mais antigos, com nivelamentos automáticos baseados em experiência, e uma seleção de equipamentos simplificada, com apenas leves upgrades disponíveis para aumentar o ataque delas.

Nenhuma espada ou armadura traz qualquer benefício ou propriedade notória além de um acréscimo de poder ou defesa, o que é uma execução ruim daquilo que alguns dos títulos anteriores da série fizeram com tanta competência: uma espada que parece vinculada a um elemento específico não oferece nenhuma vantagem em usar as habilidades do Eikon daquele elemento, e/ou armas icônicas, como Masamune e Excalibur, não garantem mais facilidade em dar parry nos ataques dos inimigos; elas só aumentam o seu poder e nada mais.

Todas essas mudanças existem apenas nos três slots limitados de acessórios que Clive dispõe - e sem qualquer meio de aumentar este número - o que me soa como um erro gigantesco, dado o quanto tais propriedades amplificariam o escopo de possibilidades de estilos de gameplay e/ou builds de Eikons disponíveis, e levantariam dúvidas e questões para os jogadores sobre qual é a melhor arma ou setup de equipamentos para determinada build, ao invés de apenas aceitarmos de "X é melhor que Y porque têm um número de poder mais alto".

Fonte: Square Enix
Fonte: Square Enix

Em um mercado no qual jogos de RPG e até de ação se afastam muito do conceito de que "há um equipamento melhor do que outro" para valorizar a flexibilidade, e em um sistema de combate que valoriza essa mesma flexibilidade com tantas variantes de Eikons e habilidades disponíveis, me surpreende que o sistema de equipamentos de Final Fantasy XVI seja tão linear.

Simplicidade das Sidequests é um Ponto Alto

Enquanto essa simplicidade é um ponto muito negativo para os equipamentos, ela é - apesar das críticas - um dos pontos positivos das Sidequests de FFXVI, talvez por conta dos contratempos em que a história principal lhe coloca. Elas são um respiro de ar fresco quando tudo parece meio tedioso, pois a maioria dessas missões lhe recompensam com algo que vai além de um item ou acessório legal, mas com histórias - elas aprofundam o mundo, os personagens, e a compreensão do interlocutor sobre o universo em que ele está imerso.

Fonte: Square Enix
Fonte: Square Enix

Sim, a maioria dessas quests são baseadas em ir até um determinado local, derrotar uns inimigos, ou falar com alguém, e voltar até a pessoa que te pediu aquele favor. Porém, para cada uma delas, há uma história distinta por trás: seja a de dois amigos que romperam vínculos por questões sociais, ou a de uma cidade que está prestes a fechar seu comércio, ou até a do aprendiz de cozinheiro que sofre com dúvidas existenciais após determinados eventos da trama.

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Essas aventuras opcionais também garantem um reforço para a profundidade da relação entre os principais personagens, algumas delas poderiam até substituir algumas das missões mais maçantes da trama, e assim servir para solidificar o vínculo do jogador com os personagens sem afastá-lo demais dos eventos principais.

Quests mais simples são recompensadoras quando jogadores estão mais interessados em saber as histórias por trás delas ao invés das recompensas envolvidas, e, portanto, se destacam como uma vantagem de FFXVI, ao invés de como um demérito.

Onde estão as Masmorras e Superbosses?

O que não significa que FFXVI não tenha um problema no que concerne aos conteúdos desafiantes: não há nenhuma masmorra opcional, ou um super-chefe aos moldes de clássicos da série, como as Weapons de FFVII, ou Zodiark, de FFXII, para dar ao jogador um motivo para ganhar níveis e elevar suas habilidades ao limite.

Fonte: Square Enix
Fonte: Square Enix

Enquanto Valisthea é um lugar gigantesco e belo, o jogo carece de segredos para explorar em suas vastas regiões. Geralmente, o que encontramos são tesouros perdidos em baús, ou regiões que estão vazias no momento em que chegamos nelas, mas que servem posteriormente como o lar de alguma Elite Mark - caças que podemos realizar após um determinado ponto do enredo, sendo o mais próximo de batalhas mais desafiantes no jogo, mas que acabam estando à par do desafio que alguns dos chefes ou até inimigos comuns oferecem, dado que eles são apenas versões alternativas e mais fortes desses monstros.

Logo, algo que Final Fantasy XVI carece, e muito, são de desafios novos e únicos que recompensam o jogador por explorar o seu mundo, e, por falhar neste quesito e em apresentar um sistema mais bem-elaborado de equipamentos, ele recebe uma nota 8 em exploração e conteúdo extra, dado que ainda consegue entregar uma experiência sólida de exploração mesmo com esses percalços, e seu sistema de sidequests ajudam no enriquecimento sua história.

O Jogo mais Bonito do PlayStation 5 Até Aqui

Não é exagero afirmar que FFXVI é o jogo com os visuais e os gráficos mais bonitos do PlayStation 5 até aqui, e parece até redundante se considerarmos que o jogo foi produzido como um exclusivo do console. Ele é, também, o Final Fantasy mais artisticamente belo das últimas gerações.

Fonte: Square Enix
Fonte: Square Enix

Porém, toda essa beleza visual vem com um preço, e mesmo após a atualização do primeiro dia do lançamento, o jogo ainda apresenta quedas de frames em alguns eventos que exigem mais do SSD do console, até em situações que não envolvem cutscenes, como quando há elementos demais na tela para o jogo carregar apropriadamente.

Dito isso, nenhuma dessas quedas de frame quebrou por completo, ou de forma parcial, a experiência e imersão do jogo, com outro único problema de imersão ocorrendo na ausência de expressões e/ou animações dos personagens quando esses dão risadas e/ou fazem certos sons com a bocas em diálogos simples de algumas quests secundárias, o que traz algumas situações embaraçosas, em que ouvimos a risada de Clive enquanto seu rosto permanece sério.

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Por conta desses pequenos contratempos, e algumas questões técnicas de angulação de câmeras repetitivas, ou a movimentação de monstros a distância carregar aos poucos, Final Fantasy XVI merece uma nota 9 no quesito de Visual e Desempenho!

Conclusão

Com todos os pontos acima considerados, terminamos o review com as seguintes notas:

História Principal: 8,5

Combate: 10

Trilha Sonora: 10

Exploração e Side Quests: 8

Visual & Desempenho: 9

Nota Final: 9

Final Fantasy XVI é um resultado sólido na frequente busca por identidade que assombrou a franquia nas últimas décadas. Enquanto ele não é o jogo perfeito, seus prós se destacam muito mais do que seus contras, dado que alguns deles são erros que também se repetem em diversos outros títulos da série.

Ele apresenta um mundo complexo e digno de acompanhar e explorar, somado à personagens carismáticos munidos de diálogos e filosofias que não acompanhamos desde os primórdios da era PlayStation. Suas mecânicas são um respiro de ar fresco para essa transição de gerações, e, apesar de não agradar todos os gostos e enfrentar resistência dos fãs mais nostálgicos, ele conta com elementos o suficiente para tornar da experiência agradável e divertida.

Para os veteranos, sua trama e mundo são familiares por remeterem a alguns dos principais elementos de títulos mais antigos, enquanto sua jornada é densa e bem-elaborada o suficiente para servir como porta de entrada para jogadores da nova geração.

Em meu próximo artigo, farei uma análise da trama de FFXVI, para entendermos sobre o que o jogo aborda e que mensagem seus eventos buscam transmitir. Caso você tenha interesse em conhecer mais sobre essas análises, você pode conferir os meus reviews sobre Final Fantasy VIIlink outside website e Final Fantasy IXlink outside website.

Obrigado pela leitura!