Magic: the Gathering

Deck Guide

Modern: Jund Food e a importância do metacall

, Comment regular icon0 comments

Uma olhada mais próxima em um deck interessante que apareceu recentemente em um Challenge, além de uma valiosa lição sobre metacall.

Edit Article

Olá pessoal, tudo certo?

No Challenge do sábado 07/08link outside website, um baralho muito peculiar acabou aparecendo no top 8, chamando a atenção de muita gente e por um feliz acaso, colocando à prova um ponto muito importante para quem pretende encarar um cenário mais competitivo: o metacall.

Após uma semana de testes com o deck, vim aqui utilizá-lo como exemplo para abordar esse assunto.

O Deck

Loading icon

Indo direto ao ponto, este deck é um anti-Ragavan (Ragavan, Nimble Pilferer). Além de possuir respostas rápidas (Lightning Bolt) e que tiram vantagem da situação, como Wreen & Six, o baralho possui uma diversidade de interações que apenas geram valor com uma sequência de cartas, o que faz com que as conexões que o macaco fizer tenham uma chance de extrair menos valor.

Ad

Temos como exemplo a interação chave entre a quase impronunciável Asmoranomardicadaistinaculdacar e seu livro, The Underworld Cookbook, onde por um lado, caso a cozinheira seja revelada pela habilidade do Ragavan, dificilmente o oponente conseguirá conjurá-la, e no outro caso, o Cookbook é bem menos interessante sem suas interações com a Asmor e também com a Ovalchase Daredevil.

Loading icon

Também temos outro core do deck: A Urza's Saga, que não pode ser descartada (ou anulada) e convencionalmente trará um valor enorme, com duas criaturas relevantes e um dos importantes artefatos do deck em campo... Realmente esse baralho é muito bem pensado para este ambiente e lidará muito bem em qualquer guerra de valor contra diversos adversários que utilizam interação como força principal, como Izzet Tempo, Rakdos Lurrus e Jund Lurrus.

Loading icon

Com todos esses recursos aliados a cartas que sozinhas geram um valor absurdo como o nosso querido Ragavan, Nimble Pilferer (sim, também utilizamos o macaco aqui), o deck mostra uma enorme vantagem contra diversos dos decks mais fortes do metagame, portanto, grande parte dos benefícios desse baralho se dá ao Metacall.

Loading icon

Mas afinal, o que é Metacall?

Metacall é basicamente um reflexo do metagame, que possibilita com que cartas, mecânicas e até decks inteiros fiquem viáveis por serem uma boa resposta a determinadas peças relevantes do meta, sendo assim, a estabilidade desses artifícios é conectada ao uso dessas tais peças.

O exemplo perfeito que podemos oferecer é o do deck do qual estamos falando!

Como eu disse acima, o Jund Food lida muito bem contra quase todos os decks baseados em interação, em testes que eu fiz ao longo da semana jogando Ligas Modern no Magic Online, todos os decks cujo núcleo era Ragavan, Nimble Pilferer, Dragon's Rage Channeler e Murktide Regent foram engolidos pela onda de valor proporcionada pelas nossas fichas de comida.

Além disso, o deck lidou bem contra outras opções que estão no Tier 1 atual, como o Five-Colors Elementals, que mesmo proporcionando uma match longa, de disputa de recursos, o nosso Food ganhava no quesito interação, com nossas diversas remoções que lidavam com as criaturas-chave do deck oponente (muitas vezes sem perder quase nada, como no caso da habilidade de Wrenn and Six sendo usada para remover o Risen Reef). A impressão que se dá (e com razão) é que as 75 cartas do grimório foram pensadas para combater esses decks mais presentes.

O outro lado da moeda

Acontece que nem só de Ragavans e Elementais vive o meta, e contra alguns outros arquétipos, nossa cozinha não possui tantos pratos relevantes. Para utilizar essa combinação de puro valor com as comidas, o deck abre mão de descartes e outras possíveis disrupções que versões como o Jund Lurrus utilizaria, o que faz com que nosso baralho tenha muita dificuldade contra combos e interações com mais impacto do que valor, como o Amulet Titan, o Crashing Footfalls e o Tron, que deu as caras recentemente no meta, com posições de destaque no Challenge do dia seguintelink outside website.

Ad

Além disso, as variações de Food são baralhos que tem um alvo enorme nos games dois e três, por usarem artifícios comuns e presentes no meta, como artefatos e cemitério, os oponentes sempre possuem respostas para nosso deck pós-sideboard, assim, além de ter que se preocupar com o jogo do oponente e subir respostas no seu sideboard, é necessário reservar espaço para as remoções para o sideboard oponente, o que piora muito quando se pensa que é um deck baseado em interações entre diversas cartas que precisam estar no seu maindeck para funcionar, se tornando uma série de decisões bem difíceis.

O grande ponto

"Mas se o deck possui essas falhas, como ele conseguiu um resultado relevante?" É aí que está! Provavelmente o Keraan tinha plena ciência de todas essas desvantagens contra outros arquétipos e ainda assim apostou na vantagem clara que ele tinha contra decks interativos. Essa decisão é muito certeira em campeonatos mais "centrados" como Challenges e outros eventos mais competitivos ainda, pois a chance enfrentar uma sequência com os baralhos que estão no topo do formato é maior.

Para competições mais convencionais como as ligas do Magic Online, as chances de você enfrentar um tier mais abrangente de baralhos é bem mais relevante, inclusive nos testes houveram vezes aonde eu simplesmente não encontrei nenhum Izzet Tempo ou Rakdos Lurrus. Saber disso e tomar uma decisão consciente é algo muito importante para o jogador.

Não é impossível criar algo baseado em um meta mais abrangente, mas é muito mais trabalhoso e menos efetivo, ainda mais em um formato tão expansivo quanto o Modern, até o trabalho de sideboard é algo que precisa ser mais genérico, mas ainda assim, decks novos aparecem em todas as ligas e analisá-los para descobrir como eles fizeram resultado é um ótimo estudo para deckbuilding.

Alternativas para o Deck, novos pratos!

Bom, ainda estamos falando sobre o Jund Food, não é? E mesmo com a constatação de que o deck perde força quando se trata de um meta mais abrangente, claro que existem outros caminhos e alternativas que ele pode seguir.

Começando pelo mais óbvio, o Cauldron Familiar e o Witch's Oven são uma ótima escolha caso você queira se dar melhor ainda em partidas mais grindy.

A combinação de ambas as cartas é algo destruidor de decks control, te tornando o "assassino da colher" com os pontos drenados pelo gato turno após turno, e além do mais, com o gato servindo de parede imortal para criaturas que não voam ou atropelam você diminui bastante o clock oponente, o que pode te dar tempo para conseguir virar um jogo acumulando recursos.

Loading icon

Outro pacote importante a se considerar é uma pequena dose de delírio, muito pelo fato de que o deck consegue habilitar delírio tranquilamente, por usar um equilíbrio entre quase todos os tipos de carta. Assim sendo, a Dragon's Rage Channeler pode se tornar uma beater muito importante, principalmente por criar clock no ar.

Também temos Traverse the Ulvenwald, que mesmo não possuindo a mesma interação que Finale of Devastation+Asmoranomardicadaistinaculdacar, traz uma versatilidade tanto em mana quanto em puxar enables para a mão, o que é importante para a nossa querida Daredevil.

Ad

Loading icon

Conclusão

Sim, nenhuma dessas sugestões lidam perfeitamente com os problemas citados em parágrafos anteriores, mas é realmente difícil pensar em alguma alternativa para os mesmos sem mudar toda a estrutura do deck, então às vezes a melhor postura é confiar mais no seu sideboard e tentar contornar uma partida difícil.

Criar decks não é um crime. Todos sabemos ser possível obter resultado sem estar com o deck mais usado do formato. Mas essa escolha precisa ser feita com cuidado e principalmente consciência do que você pretende fazer com esse baralho, dos motivos de optar por essa escolha e não outra qualquer... Mas, principalmente, consciência de onde você está e de que ambiente você provavelmente vai enfrentar.

Essa decisão é muito importante para qualquer jogador que procura ser mais competitivo, tanto utilizando decks mais famosos e, principalmente tentando fazer algo funcionar por metacall.

E com esse conselho eu vou ficando por aqui, espero que tenha gostado da leitura!