Deck Tech Legacy: Stiflenought

Bom dia, boa tarde, boa noite, meus consagrados do Legacy! Hoje, peguei uma máquina do tempo e estou falando diretamente do longínquo outubro de 1996, quando não só a expansão “Miragem” havia acabado de ser lançada, como também um jovem Eltinho começava as suas aventuras no mundo de Magic: the Gathering.

Lá estava eu em minha inocência de novato, montando decks de Goblins (que não eram bons como são hoje) quando me deparo com ele: 1 mana, 12/12.

O quê?!

1 mana, 12/12. Não pode ser, isso não pode estar certo. Mas estava. Era ele, em toda a sua glória, o Phyrexian Dreadnought. Eu fiquei embasbacado. Era muito tamanho por pouca mana. E a arte? Olha o tamanho daquele mago ridículo tentando jogar uma Fireball nessa abominação Phyrexiana! Eu me apaixonei por essa carta.

Conforme meu conhecimento de Magic aumentou, eu entendi que esta carta não era boa e o 1 mana era uma ilusão - assim, jogar esta criatura enorme era uma proposta fora da realidade. Contudo, em Exodus, Pandemonium foi lançado, e, junto de Reanimate e Argivian Find, nasceu o Pandenought, um deck dedicado a arremessar os 12 de poder do Phyrexian Dreadnought na face do oponente. Eu podia finalmente jogar para valer com minha carta amada!

… Mas aí a Wizards acabou com a minha graça e lançou uma errata de power level que tornava a habilidade do Dreadnought em estática, de substituição, ao invés de uma habilidade desencadeada. Assim, ele sequer entrava em jogo e não ativava o Pandemonium.

Os anos passaram, a Wizards reverteu esta errata e o Dreadnought voltou a ser uma habilidade desencadeada, além de encontrar seu melhor amigo da vida: Stifle. Final feliz! Ou algo do tipo. Stiflenought aparece de vez em quando no Legacy (e é um dos decks mais fortes no formato Premodern), e voltou a ser mais interessante atualmente devido a cartas novas e seu posicionamento no metagame.

Este deck é um Combo-Control, e tem acesso às ferramentas comuns aos decks de Uro, Titan of Nature’s Wrath pré-Up the Beanstalk: Swords to Plowshares, Prismatic Ending, Brainstorm, Ponder, e Force of Will, além do próprio Uro, Titan of Nature’s Wrath.

Sua parte combo é jogar o Phyrexian Dreadnought e ignorar sua habilidade, o que você conseguirá executar com Stifle, Dress Down, ou Doorkeeper Thrull. Um 12/12 pode não ser uma Marit Lage, mas acaba com o jogo bem rápido também, além de ser bem resistente a remoções de dano.

O grande lance do combo é que a metade não Phyrexiana é bastante útil por si só: Stifle anulando a habilidade ativada de Fetch Lands, se combinada com Wasteland, pode quebrar a base de mana dos seus oponentes, e as 3 servem para te proteger de uma verdadeira combinação de habilidades desencadeadas de criaturas que dominam o Legacy.

Na verdade, a ascensão deste deck tem muito a ver com o fato que Doorkeeper Thrull é uma verdadeira máquina contra o deck de Goblins. Pense só: se o Torpor Orb se tornou uma opção válida em sideboards para frear tanto a ameaça dos Goblins assim como os exploradores de masmorras do Boros Initiative, um deck que usa esse efeito já no main deck provavelmente conquistará muitas vitórias em um formato com uma presença massiva destes arquétipos.

Para completar o pacote todo, Daze joga bem com seus efeitos de negação de mana.

Lembram-se do mantra do deck de combo? “Esse é um deck de combo, mulligue atrás do seu combo”. Pois bem, esse não é um deck de combo nesse sentido, mas sim um deck control que eventualmente rouba alguns jogos com o combo incidental do Dreadnought. Assim, é plenamente aceitável manter mãos que não consigam jogar o 12/12 no turno 2 ou 3, mas que conseguem interagir e eventualmente achar uma brecha para este phyrexiano, ou até mesmo deixar o Uro carregar o jogo por conta própria. O importante é ter interação e maneiras de rodar o deck.

Exemplos de mãos:

Essa mão tem interação, mas não tem maneiras de rodar o deck. É aceitável caso você conheça o deck do oponente, mas no vácuo, não é ideal. Veredito: Mulligan contra oponentes desconhecidos, Keep somente se você souber que está enfrentado um deck vulnerável a esse mar de counters.

Opa, falei ali que você não precisa mulligar atrás da mão que executa o combo rápido, mas já que ela veio, fazer o que, né? Essa mão tem tudo: Force of Will para nos protegermos, Stifle para Fetch Lands, Thrull se precisarmos parar Triggers. O deck do oponente é o que vai ditar se você vai tentar forçar um Stiflenought no 2, ou se vai jogar o Doorkeeper Thrull para voltar de Dreadnought no 3. De qualquer maneira, Veredito: Easy Keep.

Esta é a mão que mencionei antes - não tem o combo, mas tem interação e Ponder para ir atrás de mais coisa. Veredito: Keep seguro.

Essa mão é parecida com a primeira, mas a diferença é que ela tem respostas (que não são tão caras) para ameaças pequenas, como Dragon’s Rage Channeler ou Chalice of the Void, assim como Force of Will. De qualquer maneira, é um pouco arriscada se a matchup não for das melhores. Veredito: Keep arriscado, Mulligan se você souber que o deck do oponente ignora Prismatic Ending.

Como é normal em decks que tem cantrips, esta lista usa várias cartas para fins parecidos, mas elas podem ser mais ou menos efetivas contra esse ou aquele arquétipo. Como respostas para cemitério, temos a eterna Surgical Extraction, com Silent Gravestone e Containment Priest, que também serve contra Show and Tell e Green Sun’s Zenith.

Collector Ouphe ainda é uma bomba contra decks de artefato. Lavinia, Azorius Renegade é bem útil contra cartas que costumam custar menos do que o seu custo no papel, também conhecidas como as amigas de Up the Beanstalk: nada de jogar Murktide Regent, Scion of Draco, ou Leyline Binding. Ela também trava a estratégia de decks como Cascade Crash e Mississippi River.

Narset, Parter of Veils é uma resposta para quando card advantage importa – jogos de atrito. Temos Veil of Summer para lidar com counters e descartes, e Force of Negation para aumentar as suas respostas de turno 0 contra combos de vida. E, finalmente, temos Hydroblast porque é uma das respostas mais eficientes contra qualquer coisa que envolva vermelho.

Outras opções de sideboard são Back to Basics, Brazen Borrower, Carpet of Flowers, Flusterstorm, Dismember, Hullbreacher, Stony Silence, e Subtlety.

Scaminator (UB Scam Hybrid)

Dress Down, Stifle, e Doorkeeper Thrull podem impedir que os triggers de Atraxa, Grand Unifier e Grief resolvam, mas não elas fazem nada contra estas criaturas em si: lembre-se que um Grief Evocado com Dress Down ou o Thrull na mesa não descarta cartas, mas também não é sacrificado! Por isso que, nesse jogo, os 12/12 fazem a diferença, já que conseguem se equiparar aos bichos deles e não são removidos com facilidade.

Force of Will perde valor contra um deck que quer esvaziar sua mão, e Prismatic Ending não tem muitos alvos; por isso saem após o game 1.

Entra:

Sai:

Grixis / Temur / 4C Delver

Esse é um dos jogos nos quais o Dreadnought faz a diferença em relação às listas control padrão, pois eles têm poucas respostas para o 12/12 – Molten Collapse ou Brazen Borrower, geralmente. Como ambos decks agridem a base de mana um do outro, Daze se torna um counter bem eficiente.

Das cartas do combo, o Thrull é a mais fraca nesse confronto e pode tomar um Lightning Bolt com o Dreadnought na stack, por isso que um vai para o banco nos jogos pós-sideboard.

Entra:

Sai:

Goblin Stompy

A ascensão do Stiflenought está diretamente ligada ao crescimento dos Goblins, já que é como se ele já viesse com um pré-sideboard contra eles, com todas essas respostas a habilidades desencadeadas. Geralmente, eles conseguem jogar em volta de counters com Cavern of Souls, e Simian Spirit Guide gosta de aparecer do nada para pagar o adicional do Daze - por isso eles saem.

Force of Will continua útil para evitar que seu jogo seja desmantelado por um Chalice of the Void para 1. Uma jogada que costuma acontecer é eles serem forçados a usar o mana da caverna para jogar o _____ Goblin, e usar o adicional dele para jogar o Muxus, Goblin Grandee, que não estará protegido contra counters.

Entra:

Sai:

Beanstalk Control

Já esse costuma ser um adversário difícil, pois eles são um deck de Control mais eficiente do que o nosso e tem respostas para o 12/12. Narset vinda do side ajuda a evitar que Up the Beanstalk saia de controle.

Entra:

Sai:

Boros Initiative

Por um lado, você tem muitas maneiras de evitar que os exploradores de masmorras deles tomem a Dianteira, mesmo se protegidos por Cavern of Souls. Por outro lado, ao contrário dos outros Aggro, eles têm maneiras de remover o Dreadnought – ainda que boa parte dessas remoções possa ser parada pela sua segunda metade do combo: Solitude ainda é uma habilidade desencadeada, apesar de tudo.

Collector Ouphe e Wasteland devem dar muito trabalho para eles nos jogos com sideboard.

Entra:

Sai:

Para vocês terem noção do tanto que eu gosto de Phyrexian Dreadnought, eu carrego um na minha carteira há mais de 20 anos! Pode ser que um dia vire uma tatuagem. Mas o que interessa mesmo é que me deixa muito feliz ver ele ser parte do meta de novo!

Um abraço phyrexiano (12/12!) e até a próxima!