Magic: the Gathering

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Pauper: Review de Dominaria United

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Dominaria United pode não ser o set mais impactante para o Pauper, mas ele definitivamente traz muitas opções úteis e interessantes para o formato.

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revised by Tabata Marques

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Com o fim da temporada de previews de Dominaria Unitedlink outside website, é chegado o momento da temporada de reviews aqui na Cards Realm, e estarei dando início a ela falando de um dos meus formatos favoritos: Pauper.

Ou, pelo menos, é por onde eu gostaria de começar, mas vamos refletir um pouco sobre outro assunto:

Sobre o Pauper e o Magic mais caro.

Recentemente, escrevi uma thread no Twitter onde eu comentava sobre o notório aumento de preços de Magic: The Gathering no Brasil. Ela vai além do Pauper e passa pelo potencial de cada carta impactar principalmente os formatos eternos, ao contrário do tempo pré-pandemia, onde seu preço subia normalmente porque uma estratégia no Standard começava a popularizar a ideia de que a carta era boa antes de aparecer em uma lista de outro formato.

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Com decisões de design cada vez mais arrojadas, mais cartas impactam Metagames além do Standard, naturalmente mais pessoas ficam interessadas em adquirir aquelas Staples e, por consequência, há um aumento de procura por elas que leva ao constante aumento de preços. Muitos jogadores tentam culpar lojas, a Wizards, a filosofia de F.I.R.E., mas minha visão é que isso só foi o resultado de um efeito cascata de uma época em que nossa moeda nacional está absurdamente desvalorizada e menos boxes e boosters são comprados e abertos pelo grande público.

Nessa mesma thread, comentei que jamais recomendaria o Pauper para ninguém atualmente porque o formato não oferece nada que o torne especial em comparação aos demais, e mantenho essa posição: o grande atrativo do Pauper era ser acessível, montar um Tier 1 com pouco dinheiro, e isso não é uma realidade contemporânea, já que você hoje gasta em média o dobro do que você gastava num mundo pré-pandemia para montar o mesmo deck.

Num Metagame onde o melhor hate contra o melhor arquétipo hoje (Dust to Dust) custa R$ 50,00, ou onde uma carta comum sai de preorder por R$ 10,00 meramente pelo seu potencial de jogar no Pauper, como eu posso recomendar esse formato para alguém? É claro, como todo outro cenário competitivo ele tem suas mecânicas próprias e micro-interações que só são possíveis ali, mas elas são o suficiente para alguém querer jogar Pauper ao invés de buscar investir num Challenger Deck de um formato com mais suporte oficial, como o Pioneer?

Sinceramente, não penso que o Pauper está num bom lugar hoje, eu particularmente não gosto da comunicação indireta e não-oficial em redes sociais de parte dos membros do PFP, sinto que Metagame está estagnado mas também não podemos simplesmente banir cartas porque "a comunidade quer", já que isso retira a credibilidade, e o peso econômico de staples estarem cada vez mais caras até nos slots de comuns é uma força poderosa o suficiente para afastar jogadores do formato quando não há suporte oficial o suficiente para ele, o que ironicamente tornaria do formato ainda mais problemático e inacessível por atrair mais atenção pública.

Como alguém que organizou eventos do Pauper Masters por cinco anos (e pretendo retomar o projeto eventualmente), não sei que direção deveríamos tomar sobre esse assunto, e também não tenho uma conclusão do que podemos fazer — a única certeza que tenho é que eu não recomendaria o Pauper para ninguém no Brasil em Agosto de 2022.

Fim da divagação, vamos ao review!

Branco

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Todo o ciclo de "pseudo-Afinidade por alguma coisa" é muito interessante pro formato, e alguns poderiam ser melhores executados, ou trabalhar com mecânicas menos previsíveis, como no caso de Argivian Phalanx.

O drop branco do ciclo é decente, já que um 4/4 por uma ou duas manas é um custo relevante e oferece um bom clock para decks de Token ou White Weenie, mas num Metagame tão interativo como o de hoje, parece difícil conseguir conjurá-lo por menos do que Magic Symbol 2Magic Symbol w, e um 4/4 sem impacto imediato por três manas é minimamente questionável.

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Ele parece bom na teoria, mas suponho que, na prática, haverão mais momentos onde você não conseguirá jogá-lo por um custo baixo do que o contrário.

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Dominaria United é abundante em cartas decentes com efeitos modulares, e Benalish Sleeper é um ótimo exemplo disso, mas com um Metagame tão intensivo de criaturas pequenas e onde ele troca e morre pra muita coisa, não creio que ele tenha muito potencial no Pauper.

Na verdade, estou mais interessado nessa criatura no Standard do que em qualquer outro formato.

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Agora, só precisamos de Planeswalkers comuns, certo?

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Destroy Evil é uma tech interessante contra Affinity, já que lida com Myr Enforcer ou Makeshift Munitions conforme a sua necessidade e também destrói algumas Barreiras, ou coisas com uma resistência mais alta como Palace Sentinels. Ela é outro ótimo exemplo de uma carta modal, e talvez mereça alguns testes no Sideboard caso você queira uma resposta abrangente.

Azul

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Não creio que Academy Wall tenha tanto espaço nos decks de Ghostly Flicker porque ele opera pior no quesito de loops do que Sea Gate Oracle ou Mulldrifter já que você precisaria sempre dar alvo nele e em Mnemonic Wall / Archaeomancer para seu trigger funcionar repetidas vezes, mas um corpo 0/5 bloqueia bastante coisa, então talvez mereça um slot em algum lugar.

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Menção honrosa, já que imagino situações onde conjurar essa mágica numa partida mais grindy com Kicker é um tremendo card advantage que reduz significativamente as opções do oponente.

Cinco manas em Sorcery-Speed me deixam meio cético, mas Probe viu jogo no passado, então talvez Phyrexian Espionage encontre um lar.

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Menção honrosa por ser uma fada de uma mana.

Ela definitivamente não supera Faerie Seer e creio que o draw extra de Faerie Miscreant seja melhor que um manafixing, mas nunca se sabe quando precisaremos recorrer a doze ameaças voadoras de custo 1, e ela é superior a Zephyr Sprite.

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Slip out the Back saiu como incomum em Streets of New Capenna, e fez muita diferença para arquétipos como o Mono Blue Spirits no Pioneer, então estou dando os devidos créditos a Shore Up como um combat trick e proteção em potencial para o Mono Blue Faeries, ou alguma variante de Delver, ou Izzet Fiend, ou qualquer outro Blue-Based Tempo que venha a surgir no futuro.

Pretendo testar algumas cópias dele no Mono Blue, já que a Instant parece sólida o suficiente para valer o seu custo de mana no Pauper.

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A carta mais comentada do set, e vocês lembram quando eu fiz uma Wishlist do Pauper no final de 2020 e ela continha Cryptic Serpent?

Tolarian Terror protege a si própria num Metagame bem intensivo de mana, oferece um bom clock, um finisher de custo baixo para decks azuis que não queiram recorrer a Gurmag Angler, e você pode conjurar múltiplas cópias dele com o número certo de mágicas em seu cemitério.

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No entanto, se olharmos para os seus contras, ela reduz seu custo apenas com Instants e Sorceries, é um alvo fácil de interações com o cemitério, como Bojuka Bog ou Relic of Progenitus, e é bem mais difícil de jogar em volta desses hates — o que nos leva à questão: vale a pena usá-la ao invés de Gurmag Angler?

Depende, de qual arquétipo estamos falando? No caso de Faeries, jamais trocaria Angler por Tolarian Terror, já que temos um número muito alto de criaturas que podem servir para alimentar o seu cast, além das interações óbvias com Evolving Wilds ou Ash Barrens, mas se estamos falando de um deck com menos criaturas e com mais mágicas, como uma lista de Delver of Secrets, usá-lo torna-se bem mais palpável já que você naturalmente quer mais mágicas de custo baixo, apesar de eu considerar o Delver como criatura uma opção horrenda no Pauper de 2022.

Eu também sou um grande fã da ideia de explorar um pouco mais uma tática de Izzet Prowess/Izzet Fiend com Tolarian Terror funcionando como uma ameaça extra e menos condicional, e que faz um estrago gigantesco ao lado de Temur Battle Rage, ou nas listas de Serpentine Curve como uma ameaça extra, já que a maioria da lista já foca incondicionalmente em jogar com uma quantidade altíssima de Instants e Sorceries, e consegue alcançar o Late-Game bem o suficiente para jogar em torno do hate de cemitério.

Em geral, avalio Tolarian Terror como o melhor card do set, e a opção mais interessante de Dominaria United para se construir decks e testar novas e antigas ideias novamente.

Preto

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Menção honrosa para caso um jogador precise de mais do que quatro cópias de Blightning — apesar de Aggressive Sabotage custar quatro manas para obter o mesmo resultado.

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Em listas de Nylea's Presence ou que consigam ter diversos tipos de Lands Básicas em jogo, Shadow Prophecy funciona quase como um Dig Through Time, se tornando um efeito muito poderoso pro Pauper.

Eu não sei se temos o lar ideal para esse card no formato atualmente, mas é esse tipo de mágica que torna de um arquétipo ruim em algo poderoso, consistente e capaz de jogar em pé de igualdade com outros dos melhores decks do formato.

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Suponho que se eu quisesse uma remoção de -2/-2, provavelmente optaria por Disfigure ou Moment of Craving, ou Grasp of Darkness, mas Tribute to Urborg merece uma menção honrosa pela possibilidade de aparecer em alguma lista de Teachings ou qualquer outro arquétipo mais voltado pro "full Control", se eles voltarem a existir em algum momento.

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Até onde sei, Urborg Repossession é o primeiro card a devolver permanentes para sua mão no Pauper, e o potencial de retornar uma criatura e qualquer outra coisa que você quiser de seu cemitério por três manas é importante para listas de Jund ou Golgari que surgem ocasionalmente nas Ligas.

Além disso, voltar Tortured Existence e Golgari Brownscale, ou qualquer outra criatura com Urborg Repossession também é uma opção interessante para cenários menos competitivos.

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Eu tenho dificuldades em avaliar essa criatura porque ele parece simultaneamente ótimo e péssimo: um 5/5 por uma mana é excelente, especialmente com Deathtouch, mas ele requer ao menos quatro ou cinco criaturas em seu cemitério para começar a valer o seu custo no formato, e qual arquétipo consegue consistentemente executar esse plano ao ponto dele ser superior ao Gurmag Angler?

É claro que ele é muito decente para TortEx, ou estratégias de self-mill que contem com criaturas, mas fora desses arquétipos direcionáveis, onde ele realmente vale o seu custo numa partida normal?

Tenho visto muito hype em cima de Writhing Necromass, e eu não consigo acompanhar o tanto de potencial que alguns estão vendo nele.

Vermelho

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Remoção em Instant-Speed para o Kiln Fiend do oponente que também funciona como pump para Monastery Swiftspear por conta própria parece uma opção decente no Sideboard do Mono Red Blitz.

Flowstone Infusion também lida com algumas ameaças problemáticas que aparecem ocasionalmente, como River Boa.

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Ghitu Amplifier compete diretamente com Festival Crasher, e mesmo em versões Izzet, creio que ela seja pior, já que você dificilmente quer pagar cinco manas para ter um 1/2 na mesa e dar bounce numa outra criatura.

Dito isso, ela adiciona outro "Fiend" para as listas de Blitz, e outro que cresce com +2/+0, tornando-a uma opção útil para jogar ao lado das demais ameaças do deck, se houver espaço para isso.

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Acredito que um card como Heroic Reinforcements poderia ser interessante no Pauper hoje, e Keldon Strike Team é próximo disso, apesar de notoriamente pior.

Gosto da ideia de criar dois tokens e uma criatura com Haste por cinco manas, e poderia imaginar algumas ocasiões onde ele pode ser útil, mas esse card também parece lento demais para o Pauper hoje.

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Se começarmos a ver decks de Domain crescendo no formato, Meria's Outrider é um 4/4 Reach com um Tribal Flames acoplado que pode vir do Cascade de Boarding Party ou Annoyed Altisaur. Logo, ela tem bastante potencial dentro desse arquétipo específico.

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Eu sei, ele é conjurado por uma mana se você jogar duas mágicas com um Kiln Fiend em jogo, mas você não deveria estar ganhando a partida no momento em que você consegue executar essa jogada?

Gosto da ideia dessa criatura, acredito que ainda pode existir um lar para ela, mas o Mono Red Blitz ou qualquer outro Red-Based Aggro não parecem ser esse lugar, e o fato dele desviar dos custos de Cascade também não o tornam promissor nos arquétipos de Big Mana.

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Menção honrosa por se tratar de um design muito elegante contra vários arquétipos do formato: Faeries, Elves, Moggwarts, Affinity, Synthesizer e Walls.

Apesar de provavelmente lento em Sorcery-Speed, Smash to Dust faz bastante coisa por um custo razoável, tornando-o extremamente flexível e digno de alguns slots no Sideboard para reduzir o espaço necessário para respostas mais objetivas.

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Verde

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Um Foundry Street Denizen no verde é uma adição interessante para procurar uma versão mais "go wide" do Stompy, ao lado de cards como Burning-Tree Emissary, Nest Invader e outros drops de custo baixo que ofereçam mais do que um corpo em jogo — mas apesar da nova adição carregar o potencial de reacender o interesse no arquétipo, creio que ele ainda terá dificuldades em acompanhar a velocidade do Mono Red Blitz ou a qualidade das ameaças do Affinity.

Llanowar Stalker também é um elfo, mas suponho que Elvish Vanguard já funciona bem o suficiente nesse slot.

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Falando em Elves, Vineshaper Prodigy é uma adição interessante: ele oferece um Anticipate com um corpo por quatro manas num arquétipo que não tem dificuldades em adicionar mana azul para pagar o custo de Kicker.

Sendo encontrável com Lead the Stampede e Winding Way, acredito que jogadores possam experimentar algumas cópias desse novo card para aumentar a quantidade de filtragem e card selection disponível no deck.

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A pior criatura do ciclo, pagar até três manas por um 4/6 não parece valer a pena quando Matca Rioters já existe no Pauper.

Artefatos

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Meteorite recebeu um Downshift, e apesar do seu custo alto, ele oferece algumas boas interações com Ghostly Flicker e Mnemonic Wall caso você reduza o custo da Instant para uma mana, já que esse artefato pode ser virado para gerar mana enquanto também causa 2 de dano em qualquer alvo com seu ETB, criando um looping de dano infinito.

Se em algum momento o Flicker Tron for relevante novamente, também consigo imaginar momentos onde esse artefato se torne um meio de controlar a mesa e funcionar como wincondition com essa mesma interação.

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Um tutor para barreiras aumenta significativamente a consistência de um deck que tenta ganhar o jogo com Axebane Guardian e Freed from the Real/Galvanic Alchemist.

Com Shield-Wall Sentinel, você pode escolher por buscar Axebane Guardian nos primeiros turnos com Overgrown Battlement ou, se você já tiver a mana disponível e/ou Axebane Guardian em jogo, você tem uma infinidade de outras opções: Drift of Phantasms para então buscar Freed from the Real, ou se você já tiver mana infinita, Drift of Phantasm para buscar Valakut Invoker, ou buscar Secret Door para ganhar o jogo, entre outras possibilidades.

Esse card não resolve alguns dos problemas inerentes que o Walls têm, dos quais o afastam do Metagame hoje, mas adiciona uma nova linha de consistência que colabora para ele voltar ao formato em algum momento.

Terrenos

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Cave of Temptation viu bastante jogo no Tron durante seu reinado, e numa estratégia de Control como eram suas variantes da época, o Scry 1 é mais importante do que um aumento de poder no late-game.

Assim como Meteorite, consigo imaginar que se um dia o Tron voltar ao formato, Crystal Grotto provavelmente fará parte da lista.

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Apesar de não estarem no mesmo patamar que as Snow Duals por não interagirem com Skred, as novas Duais com tipos de lands básicas abrem novas alternativas para jogadores que preferem não usar uma manabase nevada, ou que não tem motivos para optar por elas.

Num contexto geral, elas provavelmente não vão substituir as Bridges ou as lands de Kaldheim, mas aumentam a flexibilidade dos decks que recorrem a mágicas como Snuff Out ou Utopia Sprawl, aumentando inclusive a sua consistência no acesso às cores e tipos de terrenos, e isso as tornam úteis no formato, já que algumas duais nevadas já estão num preço relativamente elevado.

Conclusão

Isso é tudo por hoje.

Num contexto geral, creio que Dominaria United não será tão impactante quanto um Master Set para o Pauper, mas definitivamente trouxe vários cards interessantes que merecem um teste nos seus respectivos decks, e cartas como Tolarian Terror, Shadow Prophecy, Llanowar Stalker e Shield-Wall Sentinel são fortes o suficiente para causar algumas mudanças no Metagame.

Mas a minha parte favorita da edição no que concerne às comuns é a quantia de opções flexíveis disponíveis nele, como Smash to Dust ou Destroy Evil, e caso isso se torne um padrão nos próximos lançamentos, talvez tenhamos um Pauper com slots de sideboard cada vez mais abrangentes.

Obrigado pela leitura!